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Canaviais ganham distrital mas não sobem de divisão

Luís Godinho texto | Gonçalo Figueiredo fotografia

A concorrência “de peso” – União de Montemor, Atlético de Reguengos, Estrela de Vendas Novas – não foi suficiente para travar os Canaviais, que conquistaram a Divisão de Elite da Associação de Futebol de Évora. 

Foi uma época de sucesso, reconhece Luís Simões, presidente do clube. Ainda assim, os Canaviais não irão subir de divisão. Para disputar o Campeonato de Portugal seriam necessários mais apoios por parte da Câmara de Évora e mais investimento em infraestruturas e no plantel.

Foi uma época conseguida?

Sim, este ano foi excecional, conseguimos ter um grande sucesso a nível desportivo, que foi trabalho de toda uma equipa… conseguimos vencer dois campeonatos, um no escalação de juvenis, outro no futebol sénior, onde fizemos história.

Não é a primeira vez que os Canaviais de qualificam para o Campeonato de Portugal…

Não, estivemos em 82/83… há 40 anos fomos também campeões distritais e disputámos o Campeonato de Portugal. Depois, o clube começou a dedicar-se muito à formação. Repare que nessa época, 82/83, passado um tempo acabou o futebol nos Canaviais, foi o José Jonas que, passando um tempo, o voltou a trazer para o clube, calculo que com muita dificuldade pois estivemos muito tempo parados. Foi a partir daí que se deu seguimento a todo este trabalho, que envolveu várias direções. Há uns anos foi por um “triz” que não subimos de divisão, que não alcançámos o título.

Que desta vez foi conseguido.

Foi o desfecho de um trabalho iniciado nesses anos.

Qual a chave do sucesso?

Foi a mentalidade, o crer, a vontade, a dedicação e a aposta no treinador e nos jogadores certos. Quando começámos a formar o plantel queríamos andar nos primeiros lugares, ter uma equipa competitiva, ganhar o Campeonato da Associação de Futebol de Évora afigurava-se extremamente difícil pois há várias equipas fortes, clubes com muita capacidade competitiva, mais ainda do que a nossa… temos a vantagem de estar em Évora e de os jogadores estarem mais próximos das suas residências. Conseguimos juntar um leque de jogadores, equipa técnica, liderada pelo Miguel Ângelo, e direção com mentalidade vencedora e foi essa a chave do sucesso desportivo.

Miguel Ângelo que esteve muitos anos no Juventude de Évora…

Sim, muitos anos, até é visto como o “Miguel Ângelo do Juventude”. Na última vez em que os Canaviais esteve perto de conquistar o título o treinador também era o Miguel Ângelo, no primeiro ano ficaram a poucos pontos da liderança, no segundo a apenas um ponto de ser campeões. Quando fui falar com o Miguel desafiei-o a aceitar este desafio e a alcançar o objetivo pelo qual ele tanto trabalhou. Este título é dedicado a todas as pessoas que fazem e que fizeram parte dos Canaviais, a todas as pessoas que por cá passaram. Os Canaviais já mereciam este título de campeão distrital, já mereciam brilhar como outros clubes do nosso distrito. O ano passado construímos também uma equipa competitiva, almejando uma classificação melhor do que aquela que conseguimos, mas foi o que foi. Este ano apostámos no título e, felizmente, conseguimos alcançá-lo.

O que não é fácil, sobretudo para um clube que, embora sendo de Évora, está sedeado numa freguesia?

É difícil… costumo dizer às pessoas com quem me relaciono que o Canaviais compete contra as outras câmaras do distrito. A Câmara de Évora tem dado um apoio fundamental, mas tem muitos clubes para ajudar, muitas associações, e os outros clubes, como os de Portel, Montemor-o-Novo, Vendas Novas, têm um apoio mais expressivo por parte das respetivas Câmaras Municipal. Portel, por exemplo, tem três clubes, conseguiu ajudar esses clubes com campos sintéticos fantásticos. Na última jornada fomos a Portel, tem um campo extraordinário, uma pista de tartã à volta do campo, estão a fazer um campo de futebol de cinco, dois campos de padel, quer dizer, são infraestruturas para as quais a Câmara consegue ajudar. É difícil ombrear com esses clubes.

Então como é que se consegue montar uma estrutura vencedora?

Consegue-se com muita vontade, com muito trabalho e dedicação. As pessoas dos Canaviais também são muito dedicadas ao clube, temos muita gente a ajudar, não é apenas trabalho da direção. O João Pina, por exemplo, que foi presidente da direção e agora é da assembleia geral, está sempre disponível, como o Jorge Pereira, o Pimenta, e muitos outros. Há ali um sentido de pertença muito grande. 

A questão agora é preparar a próxima temporada.

Bom, os Canaviais não irão disputar o Campeonato de Portugal. Nós no final do ano passado não fizemos a inscrição, nessa altura a direção achou que não o deveria fazer.

Porquê?

Porque a nossa capacidade financeira neste momento, e mesmo as infraestruturas que temos não têm condições para a participação no Campeonato de Portugal. Essa presença obrigava a intervenções no campo e a investimentos na equipa que nós achamos não ter condições para o fazer. Essa é uma prova que está cada vez mais competitiva, cada vez mais cara, muitos dos jogadores que representaram os Canaviais não iriam ter disponibilidade profissional para continuar na equipa… os jogadores querem ter salários diferentes, outros horários de treino. Ora, como não temos outro campo isso iria comprometer a formação, que é a vida do clube. Não era só ir ao Campeonato de Portugal, mas que obrigaria a mexer em toda a estrutura e que poderia correr bem num ano e depois continuar a resultar, ou não. 

Ainda não é a altura certa?

Ainda não. Acredito que um dia, brevemente, os Canaviais estarão a competir no Campeonato de Portugal, este ainda não era o ano certo. Foi o ano de ganhar o título, de marcar presença como referência do futebol distrital. É preciso que as equipas seniores vão vencendo, pois a formação cresce quando existe uma equipa vencedora. Em novembro decidimos que não iríamos disputar essa prova…

Foi uma decisão difícil?

Uma decisão que custou muito a tomar, gostava muito de ir disputar essa prova, mas gosto também muito dos Canaviais e ir disputar o Campeonato de Portugal poderia ser comprometer nalguns anos a saúde financeira do clube. Depois dessa temporada, 82/83, em que os Canaviais foi disputar a prova, o futebol sénior acabou durante alguns anos. E eu, de todo, não quero ficar como o presidente que voltou a acabar com o futebol no clube. As despesas são elevadas, as receitas não são muitas, temos outros dois clubes da cidade também nessa prova [Juventude e Lusitano] e nós, sendo um clube de referência, não temos ainda a capacidade que eles têm, pela história, por estarem na cidade… e também eles estão a fazer campanhas muito boas e com um trabalho notável.

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