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Olivum: “Alqueva corre o risco de passar a ser um problema” (c/vídeo)

O diretor-geral da Olivum, Gonçalo Almeida Simões, considera que o Alqueva “corre o risco de passar a ser um problema” para a região e para o país tendo em conta a possibilidade de a água disponível se vir a revelar insuficiente para as necessidades de rega e de abastecimento público.

“Portugal deu o passo de aumentar de 120 mil para 170 mil hectares, estamos de acordo, é mais investimento que vem para a região, mais regadio que se pode instalar”, recordou Gonçalo Almeida Simões numa reunião da Comissão Parlamentar de Agricultura, lamentando de seguida que esse aumento do perímetro de rega não tenha sido acompanhado de uma decisão que permitisse aumentar a disponibilidade de água para utilização agrícola.

“Aumentámos o perímetro sem ter mexido na dotação [de água] para a agricultura. Se a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) quiser regar mais um metro cúbico além dos 590 hectómetros [contratados anualmente] terá de pagar uma indemnização à EDP”, sublinhou.

Chamando a atenção dos deputados para o facto de estar a fazer estas observações num ano em que choveu bastante e em que a albufeira se aproxima da sua cota máxima, Gonçalo Almeida Simões considerou ser “muito provável” que a água de Alqueva seja insuficiente para todas as utilizações, tanto agrícolas como de abastecimento público.

“É óbvio que não há água para todos quando para resolver o problema do Algarve estamos a utilizar água de Alqueva, para resolver a questão da indústria de Sines estamos a utilizar o Alqueva… já vai na Barragem de Morgavel [Sines] e estará daqui a pouco a servir para a indústria do hidrogénio”, sublinhou.

O diretor-geral da Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal lembrou que o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva “foi dimensionado para regar um perímetro” de 120 mil hectares e “pensado para ajudar uma região”, concluindo que “resultou muito bem, é um sucesso, mas estamos a ver que muito em breve corremos o risco de passar a ser um problema. A situação que estamos a viver é muito preocupante”.

AUMENTO DA PRODUTIVIDADE

Na reunião da Comissão Parlamentar de Agricultura, Gonçalo Almeida Simões garantiu ainda que, ao contrário do que habitualmente é dito, a área total de olival no país “não cresceu muito”, continuando entre os 360 mil e os 370 mil hectares. A maior “evolução”, disse, foi a produtividade por hectare: “No ano 2000 produzia-se meia toneladas [de azeitona] por hectare, hoje podemos chegar às 20 toneladas nas boas explorações, ou até um pouco mais”.

É este “salto” que explica o aumento da produção de azeite no país, que na campanha de 2021/22 chegou às 200 mil toneladas, 85% das quais produzidas no Alentejo, valendo o setor cerca de 800 milhões de euros em exportações. “Esta ideia de que há uma grande transferência de olival de outras regiões do país para o Alentejo não corresponde à verdade. Houve um acréscimo, mas que não justifica esta magnitude de números. O que a justifica é o salto qualitativo de produção por hectare, uma diferença quântica”, concluiu.

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