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Campeão de TT, António Maio prepara regresso ao Dakar

Ana Luísa Delgado texto

Nascido em Borba, António Maio é, pela sétima vez consecutiva, campeão nacional de todo-o-terreno em motociclismo. Corre pela Yamaha. E no horizonte tem o regresso ao Dakar.

Mesmo tendo conquistado por seis vezes consecutivas o nacional de todo-o-terreno em motociclismo, António Maio partiu para a edição deste ano com a mesma intensidade e com o mesmo objetivo: tornar a vencer.

“Foi um campeonato a que ambicionava chegar, já que acabei de igualar o recorde de campeão nacional. São sete títulos. Um dos meus objetivos de carreira era ser um recordista desta prova”, diz o piloto, garantindo que, no que depender de si, não haverá sete sem oito. “Ainda não sou o recordista absoluto, espero nos próximos anos alcançar essa meta”.

Nascido em Rio de Moinhos, concelho de Borba, o piloto lembra que em criança os seus brinquedos eram as motas e os carros. “Depois, o meu pai, que também é um apaixonado pelas motas, deu-me a oportunidade de competir de forma amadora no nosso Alentejo em algumas provas que iam existindo à volta de nossa casa”.

Entretanto, começou a participar no Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno e, com os resultados a revelarem-se promissores, percebeu que, afinal, tinha “algum potencial” na modalidade. A sua primeira participação foi em 2022. “O meu pai ajudou-me nos primeiros anos e, depois, com o apoio de alguns patrocinadores, consegui fazer todos os campeonatos a nível nacional. Representei a seleção durante quatro anos e agora, a este nível, já com alguma experiência, quero obviamente continuar”, acrescenta.

O sétimo triunfo no nacional da modalidade foi conquistado em Reguengos de Monsaraz, onde terminou o Baja TT Sharish na segunda posição. O suficiente para garantir sagrar-se campeão quando ainda falta disputar o Baja Portalegre 500, no final de outubro. À exceção de um “pequeno percalço em Loulé”, onde um problema elétrico o impediu de lutar pela vitória, o piloto esteve sempre na disputa pelos primeiros lugares de cada prova.

Em Reguengos de Monsaraz, onde não precisava de vencer para conquistar o título, confessa ter “gerido” a corrida “de uma forma segura, para alcançar este objetivo. Foi uma prova dura, com bastantes quilómetro e com o terreno bastante duro como é normal nesta altura do ano. Mas correu dentro daquilo que eu gostaria”. Já para o Baja Portalegre 500, do qual é recordista de vitórias, o objetivo é claro: “O meu grande objetivo é vencer e aproveitar a excelente prova que é para testar e treinar”.

É que no horizonte começa já a perfilar-se uma nova edição do Dakar, na qual irá participar pela quarta vez. A prova “rainha” do todo-o-terreno decorre novamente na Arábia Saudita e será composta por um conjunto de 14 etapas e um prólogo. “Correr o Dakar era o meu grande objetivo para este época. É o terminar de um ano que me deixa orgulhoso por representar as cores nacionais e as cores do nosso Alentejo nesta grande prova mundial”, diz António Maio, explicando que antes da competição, propriamente dita, aproveitará o mês de novembro para dar “um salto” a Marrocos e realizar treinos e testes.

Capitão da GNR, António Maio assegura que a participação numa prova destas representa um “desafio enorme”, pois é necessário “superar” todos os percalços. “A partir do momento em que chegamos só pensamos em voltar porque, efetivamente, é pormo-nos à prova de uma forma tão exigente que ficamos sempre a querer mais e melhor e é isso que tem alimentado estas minhas participações consecutivas no Dakar”, desabafa.

Segundo o piloto, a maior motivação “é sentir que posso fazer melhor, sentir que o consigo fazer, mesmo com muito menos condições do que as dos meus adversários. É um desafio enorme, é um sonho que se tem de viver para se perceber [como é] e depois é muito difícil não voltar”.

Ao contrário da generalidade dos pilotos que participam neste tipo de provas, António Maio não é um profissional do motociclismo, tendo de conciliar a “paixão” pelas motas com o exercício de funções na GNR.  “Ando de mota e participo nas provas nas minhas licenças de férias ou nos dias de descanso. A competição não coincide com a minha atividade operacional. Os meus comandantes têm até acompanhado de perto este meu hobby. Acabo por ter algum apoio e isso é também importante”, acrescenta o piloto, segundo o qual o último Dakar em que participou, no início deste ano, foi “menos exigente a nível físico”, mas bastante “complicado” a nível psicológico. E o motivo é fácil de explicar: “[Não foi possível ter] desfrutado dos meus filhos recém-nascidos, e não ter prestado todo o apoio à minha mulher, que é um pilar importantíssimo nesta aventura. Todos os dias sonhava em poder abraçá-los”.

Agora prepara o regresso ao deserto com o empenho em “tentar melhorar a prestação” na última prova, em que terminou na 21.ª posição. “Tenho consciência que consigo fazer melhor, com um bocadinho mais de sorte que também é preciso. Vamos ter uma moto melhor. Melhorámos a nossa performance de mecânica e da mota, espero tirar partido disso”.

Conta o piloto que a primeira grande dificuldade é “estar” presente no momento da partida, pois é necessário “encontrar apoios, montar a estrutura, treinar para estarmos em forma, para estarmos preparados. Isso, para mim, é um primeiro Dakar, antes do Dakar propriamente dito, porque é o trabalho que ninguém vê, mas que tem que ser feito e que é bastante importante e decisivo”. 

Depois, na prova propriamente dita, “o número de quilómetros que fazemos e as condições meteorológicas que apanhamos” constituem dificuldades acrescidas. “Apanhamos muito frio durante a manhã e depois muito calor a meio da etapa. Dentro do tipo de terreno, encontramos dunas, pedras, pistas muito rápidas, outras mais técnicas, portanto, a variedade de terreno é outra das grandes dificuldades”. 

Na última edição, garante, o pior foi o elevado número de quilómetros e o “pó, muito pó, que dificultou” a sua prestação. A 31 de dezembro, quando o Dakar começar, sabe que não poderá esperar nada de diferente. Ou melhor, até pode. O pó será o mesmo. Mas à sua espera, na Arábia Saudita, estará uma prova com ainda mais quilómetros, num total de 4.258, e com várias etapas a ultrapassaram os 450 quilómetros de extensão.

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