“A solução para o aeroporto de Lisboa, para o aeroporto da Portela, há muito está identificada e foi consensualizada: a solução pela construção do aeroporto de forma faseada no campo de tiro de Alcochete”. A afirmação, feita esta manhã em Beja pela líder parlamentar do PCP, Paula Santos, não deixa margem para dúvidas: para os comunistas, Beja não é alternativa ao aeroporto de Lisboa.
Recorde-se que este fim-de-semana uma das coordenadoras da Comissão Técnica Independente responsável pela avaliação ambiental estratégica à localização do novo aeroporto de Lisboa, Rosário Macário, revelou que Beja é uma das hipóteses que está a ser analisada, acrescentando que a distância a que se encontra de Lisboa não é impedimento: “O mais relevante são sempre as acessibilidades em tempo e em alternativas para chegar à cidade a partir do aeroporto”.
Para o PCP, no entanto, a solução está encontrada e é Alcochete. Paula Santos, que falava aos jornalistas no arranque das Jornadas Parlamentares do PCP, defendeu que, embora não sendo alternativa a Lisboa, “o aeroporto de Beja tem enormes potencialidades” pelas suas características.
“[Este aeroporto] tem um papel que pode em muito contribuir para o desenvolvimento da região, do distrito, para o desenvolvimento do país, seja no transporte dos passageiros, de mercadorias, seja no desenvolvimento da aeronáutica”, acrescentou, lembrando ainda a recente aprovação no Parlamento de um projeto de resolução apresentado pelo PCP que defende “a necessidade do aproveitamento das potencialidades do aeroporto de Beja”.
Nesse projeto de resolução, aprovado por todos os partidos à exceção do PSD, que se absteve, é recomendado ao Governo que “valorize o aeroporto no âmbito do sistema aeroportuário nacional, aproveitando todos os seus recursos e potencialidades” e que seja criada uma “intermodalidade de serviços e transportes”, através da ferrovia (eletrificação da Linha do Alentejo e estudo da ligação ao aeroporto) e da requalificação do IP8.
Esta tomada de posição do PCP surge poucos dias depois de ter sido criada uma nova plataforma de cidadãos, cuja apresentação pública ocorreu na Casa do Alentejo, criada para defender a opção pelo aeroporto de Beja, tendo anunciado para breve a entrega à CTI de um documento onde é sublinhado que se trata de uma “solução sustentável” para o país.
Segundo a plataforma, trata-se de “uma infraestrutura já construída e sem restrições de expansão” que “está preparada para tráfegos aéreos de passageiros e mercadorias, de médio e longo curso”, possuindo ainda “condições geográficas e capacidade para servir diretamente uma ampla região do Alentejo e Espanha e complementarmente os aeroportos de Faro e Lisboa, face à sua eminente saturação”.