Ana Luísa Delgado texto
Promessa de ministra: o novo Hospital Central do Alentejo estará concluído no final do próximo ano. Não há orçamento, nem concurso público, muito menos execução da obra principal. Mas Marta Temido garante que este continua a ser o objetivo do Governo.
Como diria António Guterres, é fazer as contas. O novo Hospital Central do Alentejo, a construir em Évora, envolve um investimento de 180 milhões de euros, mais 30 milhões para equipamentos.
Destes 210 milhões, estão em obra pouco mais de 40 milhões, relativos à unidade de consultas externas, com financiamento assegurado no âmbito do Portugal 2020. Quanto aos restantes 170 milhões de euros, não há concurso, nem financiamento. Mas numa visita às obras atualmente em curso, a ministra da Saúde, Marta Temido, assumiu o compromisso: “Esperemos que no fim de 2023, [início de] 2024 seja o momento em que nós temos esta obra totalmente construída e em que seja possível planear a transferência do atual hospital do Espírito Santo para o novo hospital”.
Como será isso possível? Fonte oficial do Ministério da Saúde avança que o projeto “será financiado pelo Orçamento do Estado e por fundos comunitários”, sem explicitar quais. Mesmo que isso venha a suceder num futuro próximo, explica fonte conhecedora do processo, será preciso abrir um concurso público internacional, “esperar que apareçam propostas e que não existam recursos judiciais”.
Em qualquer dos casos, adianta a mesma fonte, “o atual contexto de dificuldade na execução deste tipo de projetos, decorrente da inexistência de mão-de-obra e da incerteza quanto a preços das matérias-primas” faz com que seja “extraordinariamente difícil lançar e executar” uma obra de 210 milhões de euros em pouco mais de um ano.
Recorde-se que em declarações recentes à SW Portugal, tanto o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA), Ceia da Silva, como o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, expressaram sérias reservas quanto à possibilidade de conclusão integral da obra no prazo anunciado, ou seja, até final do próximo ano.
“Até 2023 é impossível terminar a obra do Hospital Central do Alentejo. Vai ser concluída a parte financiada pelo Portugal 2020, no montante de 40 milhões de euros. O restante irá com certeza ser financiado pelo Orçamento do Estado ou pelo Plano de Recuperação e Resiliência. Estamos a falar de mais de 160 milhões de euros que já não serão elegíveis no Portugal 2030”, explicou Ceia da Silva
“Tanto quanto sei estão a decorrer negociações no sentido de procurar verbas noutros programas da União Europeia. O que esperamos é que em 2024 a obra esteja concluída e o hospital possa estar a funcionar”, referiu Carlos Pinto de Sá.
Obras do novo Hospital Central do Alentejo estão “atrasadas”