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Ambientalistas contra abate de sobreiros em Parque Natural

A FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade diz estar “apreensiva” com a autorização do Ministério do Ambiente para o abate de 1821 sobreiros em Morgavel (Sines), em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejo e pede que as árvores sejam “protegidas”.

A decisão do Governo foi conhecida através de despacho publicado em “Diário da República”, no qual o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, invoca utilidade pública para autorizar o abate dos sobreiros, possibilitando a instalação de um parque eólico.

“Utilidade pública têm os 1821 sobreiros e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano, mais que os 15 aerogeradores que podem ser instalados ali, ou noutro local sem sobreiros”, considera a FAPAS, criticando igualmente a intenção da EDP Renováveis de “compensar” este abate com a plantação de 30 mil sobreiros no Perímetro Florestal da Conceição, em Tavira, num “povoamento densíssimo” de um sobreiro por cada 17 metros quadrados.

“Ou seja, desvaloriza-se o Parque Natural do Sudoeste Alentejano, já demasiado desvalorizado pela agricultura intensiva, para supostamente compensar 120 quilómetros a sul, e abatem-se árvores adultas para compensar com a plantação de pequenas árvores de viveiro, que só cumprirão totalmente os serviços ecossistémicos daqui a umas décadas, se não secarem pelo caminho”, sublinha a associação.

“Em nome da redução de CO2 com o parque eólico, devolve-se à atmosfera o carbono retido por 1.821 sobreiros e plantam-se umas arvorezinhas que, um dia, daqui a muitos anos, irão sequestrar carbono em quantidade significativa”, ironiza a FAPAS, acrescentando que “muito mais importante do que plantar, é proteger o que já existe, as árvores adultas” pois “pequenas árvores de viveiro, mesmo muitas, não compensam a perda de uma árvore adulta”.

Para os ambientalistas, autorizar a desmatação num local, com a promessa de plantação noutro corresponde a uma “lavagem verde”, pois “nada compensa o abate de árvores autóctones”.

“E o problema”, garantem, “é muito sério, pois o caso de Morgavel não é único”, já que se “têm sucedido as autorizações de abates de sobreiros e azinheiras por todo o território nacional, para construção de parques eólicos e fotovoltaicos, processo que tem de parar”.

A FAPAS apela ainda ao ministro do Ambiente e da Ação Climática para que “ponha cobro à desflorestação do país para os mais diversos empreendimentos que, por mais que se argumente, não têm tanta utilidade pública como as árvores adultas”.

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