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Um tinto de luxo entre a tradição e a modernidade

Manuel Baiôa | Texto

A Adega José de Sousa situada em Reguengos de Monsaraz foi fundada em 1878. É uma das adegas mais antigas e tradicionais do Alentejo, tendo sido adquirida pela José Maria da Fonseca em 1986, também uma histórica empresa vitivinícola com sede em Azeitão. A inexistência de herdeiros diretos levou a família proprietária da Casa Agrícola José de Sousa Rosado Fernandes a colocá-la à venda, mas com a “condição de não mudar o nome da Adega”, revela Domingos Soares Franco, vice-presidente e enólogo da José Maria da Fonseca.

Ao longo deste quase século e meio de vida, a Adega José de Sousa foi ganhando fama pela qualidade dos seus vinhos, o que levava a que houvesse uma “autêntica romaria à porta da por parte dos caçadores, aos fins de semana, para comprarem vinho”, acrescenta António Soares Franco, o presidente da empresa.

A Adega tem uma sala abaixo do nível do solo, muito bonita e antiga, a denominada Adega dos Potes. Aqui existem dezenas de talhas e dois lagares para a pisa, mantendo-se viva a técnica de vinificação ancestral iniciada pelos romanos há mais de 2000 anos. Ao lado existe uma adega moderna, com toda a tecnologia atual indispensável para a vinificação de tintos, brancos e rosados. Por isso, este é um local onde a inovação e a tradição se cruzam para criar produtos de exceção.

A Adega José de Sousa possui atualmente 114 talhas de barro para a produção dos seus vinhos. A recuperação desta arte de produção milenar tem tido efeitos positivos no mercado. “Hoje em dia, o consumidor nos diversos mercados onde atuamos busca a diferença, quer em termos de história, quer em termos de castas e técnicas de produção. Infelizmente o mundo do vinho, nos últimos anos, tem evoluído para uma grande padronização do estilo, o que a prazo levanta problemas de cansaço do consumidor e maior concorrência em termos de preço”, refere António Soares Franco.

“A José Maria da Fonseca sempre apostou na diferença, quer em termos de castas, pois trabalhamos com quase 100 exclusivamente portuguesas, quer na sua vastíssima história. Preservamos as formas de vinificação mais artesanais como é o caso da nossa Adega dos Potes. Esta estratégia está a dar frutos no mercado nacional e internacional e tem sido uma agradável surpresa, nomeadamente para os nossos vinhos mais especiais”, conclui o presidente da empresa.

A Adega José de Sousa possui uma unidade de enoturismo que se encontra aberta para visitas guiadas, provas de vinhos, vinhos e petiscos e ainda com a possibilidade de receber grupos para almoço. Os visitantes têm o aliciante de verem alguns achados arqueológicos descobertos na herdade, entre os quais se destaca um imponente menir, o que demonstra que a região de Reguengos de Monsaraz já era um local propício para a agricultura há mais de oito mil anos.

Após a aquisição da Casa Agrícola José de Sousa Rosado Fernandes, a José Maria da Fonseca ficou a gerir a Herdade do Monte da Ribeira, que possui algumas vinhas velhas e outras já plantadas pela nova gestão, enraizadas em solos graníticos. A herdade tem atualmente 72 hectares de vinha, sendo a Trincadeira, a Aragonez e a Grand Noir as principais castas plantadas. Nos últimos anos houve uma reconversão da vinha, que incluiu uma completa separação, por castas e por clones, uma raridade na viticultura alentejana.

OS VINHOS DA ADEGA JOSÉ DE SOUSA O portefólio diversificado da empresa inicia-se com a marca Montado, nas versões branco, tinto e rosado, a que se segue o Monte da Ribeira, branco e tinto. Depois temos os tintos ‘premium’ e emblemáticos: José de Sousa, José de Sousa Reserva, José de Sousa Mayor e o topo de gama, J de José de Sousa. Existe ainda uma linha tradicional, Puro Talha, branco e tinto, em que a produção segue os preceitos ancestrais dos vinhos de talha, usando por exemplo, o “pez para o revestimento da talha e o azeite para cobrir o vinho”, conforme nos confidenciou o enólogo Paulo Amaral.

Em anos excecionais a empresa lança o seu topo de gama, J de José de Sousa. Até ao momento apenas foram lançados os de 2007, 2009, 2011, 2014, 2015 e agora o de 2017. Este vinho é elaborado a partir das castas Grand Noir (55 por cento), Touriga Francesa (30) e Touriga Nacional (15), pisadas a pé em lagares. Posteriormente a fração líquida é fermentada nas centenárias talhas de barro da adega. O vinho estagia em meias pipas de carvalho francês durante nove meses.

Apresenta duas marcas diferenciadoras: combina técnicas de vinificação antigas e modernas e utiliza a Grand Noir como casta principal. Esta casta é meia-irmã da Alicante Bouschet, pois surgiu das mãos de Henri Bouschet em 1855, pelo cruzamento da Petit Bouschet e da Aramon Noir. A Grand Noir também é uma casta tintureira, mas tem menos corante na película do que a Alicante Bouschet. Já fez parte do lote dos grandes vinhos alentejanos históricos de Reguengos de Monsaraz e de Portalegre, mas tem estado um pouco afastada da ribalta. Em boa hora a Adega José de Sousa decidiu continuar a apostar nesta casta francesa, mas de coração alentejano.

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