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Turismo recupera mas ainda está abaixo da pré-pandemia

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo foto

O turismo no Alentejo está a recuperar, mas a procura continua abaixo dos valores pré-pandemia. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, em janeiro deste ano foram registadas 48.794 dormidas em unidades hoteleiras da região (18.655 das quais no Alentejo Central), número que representa um crescimento comparativamente com o ano passado mas uma diminuição de cerca de 20 por cento em relação a janeiro de 2020, quando o mundo se preparava para a pandemia de covid-19.

Uma análise aos dados estatísticos comprova uma maior procura do turismo em espaço rural: se, a nível geral, os números ainda são significativamente inferiores aos da pré-pandemia, a verdade é que as dormidas neste tipo de unidades registou um aumento, ainda que ligeiro – no passado mês de janeiro as unidades em espaço rural receberam 6.986 hóspedes, o que compara com os 6.818 registados há dois anos. A maior quebra está a ser sentida na hotelaria tradicional.

Évora é, de longe, o destino alentejano mais procurado por turistas, com 13.532 dormidas, mais do que o total de hóspedes recebidos nas unidades hoteleiras do Alentejo Litoral (13.224), do Baixo Alentejo (8.079) e do Alto Alentejo (8.836).

“Os números são aquilo que são. O ano de 2021 foi já de recuperação do turismo no nosso território. Chegámos ao final de 2021 tendo recuperado, em termos de alojamento, quase 80 por cento daquilo que tínhamos perdido no ano 2020 em resultado da pandemia. Mas em termos de proveitos, também para o alojamento, recuperámos quase 90 por cento”, diz Vítor Silva, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, sublinhando que alguns setores, como as agências de viagens, “recuperaram muito pouco”, ao contrário do que sucedeu com a hotelaria e com a restauração.

“Se olhar para os valores de 2022 parece que o Alentejo está a recuperar pouco face a outras regiões. Mas a razão [para isso] é simples: enquanto outras regiões estão agora a recuperar de forma expressiva, nós já o alcançámos em 2021”, sublinha Vítor Silva, acrescentando que a sua expectativa é “fechar” o corrente ano com valores “já muito próximos” dos da pré-pandemia. Ainda assim, há dúvidas a ensombrar o horizonte: “Não podemos ignorar que há neste momento uma guerra, uma guerra trágica na Ucrânia e, como sabemos, isso vai ter influência no turismo. E quanto mais prolongada for essa guerra, mais influência irá ter. Aumentou o preço dos combustíveis, o preço da alimentação e tudo isso traduz-se no aumento de custos das viagens e no aumento do custo de restaurantes e hotéis… tudo o que sejam aumentos de custo tem reflexos no turismo”. 

Segundo o presidente do Turismo do Alentejo, se a guerra “acabar mais depressa”, os impactos no turismo serão “menores”. Se o conflito se prolongar, os problemas tenderão a agravar-se “Isto não tem a ver com os países envolvidos, a Rússia e a Ucrânia, mercados que, para nós, não têm qualquer expressão. Tem a ver com os custos do turismo, em termos de viagem, alojamento e alimentação”.

Vítor Silva diz que a região, nestes últimos dois anos, tem sido procurada “quase exclusivamente” por turistas portugueses, que em anos ditos “normais” representavam dois terços da procura. Depois, nos mercados externos, a principal procura vem de Espanha, seguindo-se o Brasil e a Alemanha, bem como os Estados Unidos e os outros países europeus, como os Países Baixos, Bélgica, Reino Unido e França.

A recuperação mais rápida do turismo no Alentejo, explica, deve-se ao facto de a região oferecer “condições objetivas” para responder à procura. “As pessoas queriam escolher um lugar que percecionavam como mais seguro face à pandemia e com qualidade. Foi isso que as levou a optar pelo Alentejo. Em sítios onde havia tradicionalmente uma grande aglomeração de pessoas, como é o caso do Algarve ou de Lisboa, as pessoas não se sentiam tão seguras, ainda para mais com todo o apelo ao distanciamento social”. 

Resume Vítor Silva: “Somos um local de turismo rural, onde desfrutamos da paisagem, onde as pessoas podem estar distantes uns dos outros. Os portugueses escolheram isso deliberadamente, locais seguros e com oferta de qualidade. Isto explica o facto de o Alentejo, de longe, em comparação com os outros, ter sofrido menos os efeitos da pandemia”.

Proprietário de um alojamento local, O Estremoceiro, no centro de Estremoz, Rui Cancela revela que no início da pandemia “houve uma grande quebra na procura”, a que se seguiu um 2021 “menos mau”, pelo menos até o número de casos voltar a “disparar”. Agora, refere, “estamos a ser novamente mais procurados, tanto por portugueses como por estrangeiros”.

Também Pedro Gonçalves, proprietário do Glamping Skies, em Veiros, diz sentir “um aumento da procura”, sobretudo desde que se começou a falar do fim da pandemia. “Os nossos clientes, maioritariamente portugueses, procuraram uma experiência nova, que lhes permita descansar… gostam de espaços com pouca gente”, refere.

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