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Três dias, três momentos simbólicos para lembrar sempre

José Alberto Fateixa, professor | Opinião

9.setembro.1973 (Alcáçovas). Reunião de 136 oficiais que leva à criação do Movimento das Forças Armadas, que meses depois virá a originar o 25 de Abril de 1974. Os militares que sentiam a derrota em África e o atraso do país, construíram um movimento para derrubar uma ditadura e fizeram-no sem guerra civil nem mortes.

Militares com várias sensibilidades políticas uniram-se em torno de um programa político com três grandes princípios, democracia, descolonização e desenvolvimento. Em abril de 1974 o país voltou a respirar a liberdade, um ano depois houve eleições livres e começou o natural regresso dos militares aos quartéis. O nosso destino coletivo decorre do voto expresso livremente em forças políticas que em função do peso relativo governam.

11.setembro.1973 (Santiago do Chile). Golpe de estado militar liderado pelo general Augusto Pinochet depõe o Presidente Allende eleito pelo voto livre e democrático dos chilenos, assassina e faz desaparecer muitos mais milhares de pessoas instaurando uma ditadura férrea. A governação socialista foi atacada e boicotada pelos grandes interesses económicos que dificultaram o acesso a bens alimentares, deterioraram o ambiente social e instigaram os militares a um golpe de estado.

O general Pinochet organizou um golpe militar com apoio da CIA (Estados Unidos) e instaurou uma ditadura férrea. Ainda hoje não se sabe o número exato dos milhares de chilenos mortos com o golpe e no período subsequente, mas destaco o Presidente Allende e o cantor Victor Jara a quem no Estádio de Santiago cortaram os braços antes de ser fuzilado. Durante dezenas de anos as chamadas “Mães da Praça de Maio” juntam-se para tentar saber dos seus filhos desaparecidos nos anos da ditadura terrorista.

11.setembro.2001, Nova Iorque – Ataque suicida de terroristas islâmicos da Al-Qaeda contra o World Trade Center, originando 3000 mortos. Fundamentalismo e fanatismo ligam a repressão e o terror sendo sempre escolhas desprezíveis e censuráveis. Osama bin Laden criou uma força que funcionava em pequenos grupos independentes para contrariar a vigilância policial e reforçar a imprevisibilidade dos ataques em países democráticos.

São as pessoas e as suas escolhas que determinam futuros. No Chile o golpe matou, em Portugal libertou. A democracia, mesmo sendo um regime imperfeito, valoriza o respeito pela livre escolha das pessoas. O desejo de impor ideias leva a tensões, exclusões, perseguições e mortes.

Recordei três dias que marcam a nossa história recente, e que me levam a sublinhar que a luta pela democracia tem de ser permanente e só se ganha com poderes legítimos, que não só respeitem os direitos humanos, mas se envolvam na resolução dos problemas das pessoas, no desenvolvimento e progresso da sociedade.

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