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A arte de João Pena e a “curiosidade” de aprender

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo fotografia

“Oito ou Oitenta” é o nome da mostra de pintura que o artista estremocense João Pena tem exposta no Salão Rosa do Alentejo Marmoris Hotel e Spa, em Vila Viçosa. São 40 quadros dedicados à Mulher e em particular a Florbela Espanca que podem ser visto até ao final de agosto.

O que é que o visitante pode ser nesta sua exposição?

Nos últimos dois anos tenho ouvido muitas pessoas dizerem que gostam dos meus quadros, mas que têm uma casa pequena, sem espaço para colocarem uma obra minha. Nesse sentido resolvi fazer uma série de pinturas mais pequenas, a mais pequena das quais com oito centímetros por 13, que representa oito. O 80 é uma peça de um metro por setenta. No total são 40 quadros, 36 dos quais dedicados à Mulher.

Como surgiu esta exposição?

Neste momento a iniciativa é minha, no sentido de andar atrás das galerias e de todos os espaços onde possa mostrar o meu trabalho. O Marmoris foi um dos locais que contactei. Explicaram que este salão estava sempre fechado, mas que agora é um ponto de passagem entre o hotel e o restaurante. Então juntámos o útil ao agradável. Eles abriram o salão e os hóspedes não vão só poder ver uma sala, que é magnífica, mas podem também ver peças de arte e descobrir o meu trabalho artístico.

Fale-nos um pouco do seu percurso artístico.

Tudo começou com a minha formação em 1995. Eu na Escola Profissional da Região Alentejo, num curso de cerâmica. O curso tinha dois tipos de formação em relação a cerâmica: a modulação, ou seja, a escultura da peça, e a decoração. A partir daí fui sempre desenvolvendo e pesquisando.

E como é que surgiu o gosto pela pintura?

Sou quase 100% autodidata. A única formação que tenho ao nível da pintura é em cerâmica. Desde os típicos bonecos de Estremoz, os pratos de Estremoz, azulejo, tudo o que tenha a ver com pintura em cerâmica… aí tenho formação. Na pintura artística, o meu percurso resulta de muita pesquisa, muitos erros e outros tantos avanços. A aprendizagem é um processo que nunca termina. O gosto pela pintura começou, talvez, por necessidade. No final do curso havia troca de fitas e as primeiras tintas que comprei foram tintas acrílicas para as pintar. Também passei por um período de aguarelas, depois a pintura acrílica. A pintura surgiu na minha vida por curiosidade. Depois de ver uma exposição ou uma feira de arte chegava a casa e experimentava fazer, produzir os meus trabalhos. Uma coisa leva a outra. Fui aprendendo por mim próprio, com muita pesquisa. Por isso todo o meu percurso artístico passa pela curiosidade de aprender.

O que representa, para si, pintar?

A pintura serve como um escape ao final do dia. Durante o tempo em que estou a pintar, esqueço os problemas do dia a dia e tudo o mais. Outras vezes, passo para a tela os meus pensamentos, os meus sentimentos, as minhas vivências.

Alguma fonte de inspiração?

No início, e ainda hoje trago isso comigo, fui tirar muitas das minhas influências aos grandes mestres, principalmente a Picasso e Dalí. Ultimamente não tenho pintado nada no estilo cubista, mas houve uma altura da minha vida em que me dedicada ao cubismo e o Dali, sobretudo ele, continua sempre comigo, mas há mil e um artistas que gosto de acompanhar.

Qual foi a sua primeira exposição?

Foi no Museu Municipal de Estremoz, a convite do professor Joaquim Vermelho. Foi uma exposição de escultura cerâmica, organizada no segundo ano do curso. O professor começou a ver os nossos trabalhos, gostou e sugeriu fazermos uma exposição. Nessa altura ainda não pensava na pintura.

Quando é que mostrou pela primeira vez o seu trabalho?

Foi em 2008, na Quinta da Glória. Tratou-se de uma exposição individual de pintura contemporânea em que mostrei, pela primeira vez, a minha obra. A reação do público foi muito boa. Foi a mesma que recebi agora passados estes anos todos, em que tive “desaparecido”. Foi uma surpresa para a maioria das pessoas que me conhece. Em 2021 fiz uma exposição na Casa de Estremoz uma exposição com o título de “Horizontes Verticais”. Tratou-se de uma exposição temática, totalmente dedicada à paisagem, mas numa visão da paisagem totalmente diferente. Principalmente os da terra, estão habituados à paisagem alentejana, ou seja, umas casinhas com uns sobreiros. Eu consegui transfigurar completamente a paisagem alentejana. Eram paisagens alentejanas, mas pintadas de uma forma muito abstrata, muito minha.

Qual foi a reação do público?

Foi também um choque… normalmente este tipo de exposições é muito dedicado ao Alentejo. A minha não deixou de o ser, mas com um ponto de vista completamente diferente, que as pessoas não esperavam encontrar.

Sei que também já expôs no Howars’s Folly…

Tratou-se de uma mostra daquilo que tenho feito nos últimos quatro anos, da pintura abstrata ao surrealismo, pop arte e street arte.

Para além da pintura, também já assinou um trabalho de ilustração para um livro do escritor canadiano Earl Large. Como é que surgiu esta oportunidade?

Ainda hoje não nos conhecemos, sem ser através de mensagens e emails. Foi uma proposta inesperada, que me chegou via Facebook, através de grupos de partilha de pinturas, e que se iniciou em junho de 2020, mas que só teve a sua conclusão em março deste ano. Tudo isto devido à pandemia. Ficou tudo atrasado, desde a própria produção do livro até à distribuição.

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