PUBLICIDADE

Sónia Ramos: “Costa, el matador!” (texto de opinião)

Sónia Ramos, deputada | Opinião

Durante o mês de janeiro tive a honra de percorrer as escolas do distrito de Évora, no âmbito do Parlamento dos Jovens, que este ano abordou um tema importantíssimo e que se encontra na ordem do dia: “Saúde Mental dos Jovens, no período pós pandemia: que desafios, que respostas?”.

Um estudo da Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido, publicado na revista científica “Mental Health and Social Inclusion” é “o primeiro a olhar para o quadro global da literacia e da saúde mental”. A investigação mostra que 14% da população mundial com mais baixa literacia tem uma maior probabilidade de sofrer de problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e que “as mulheres são afetadas de forma desproporcional”, representando dois terços dos analfabetos no mundo. 

Conclui ainda que as pessoas com mais instrução “tendem a ter melhores resultados sociais”. Além disso, “não ser capaz de ler ou escrever trava a evolução de uma pessoa ao longo da sua vida” e está ligado à pobreza e à exclusão social, bem como a “problemas de saúde, doenças crónicas e uma menor esperança de vida”. O que descobrimos foi uma associação significativa entre a literacia e a saúde mental em vários países. 

Por outro lado, em Portugal, no ano de 2021, foram registados 952 suicídios, um aumento de 8,18% em relação ao ano anterior. Exclusão social, desemprego e dificuldades económicas decorrentes da pandemia são apontadas como possíveis explicações para esse aumento. No ano de 2018 verificou-se um pico, com 1020 mortes por suicídio. De 2018 até 2021, os números tinham vindo a descer. 

Não fora a carência dramática de recursos especializados na área, talvez fosse possível mitigar esta dura realidade. Relembro as palavras da coordenadora regional da saúde mental da ARS do Alentejo: a carência de pedopsiquiatras é, de facto, “muito preocupante” pois “existem 100 em todo o país” e é a Sul que se verificam as maiores dificuldades: “No Alentejo inteiro há duas [pedopsiquiatras] — uma em Beja e outra em Évora”.

Segundo o jornal “Público”, temos 136 pedopsiquiatras com contrato ativo no SNS. A maior fatia encontra-se em Lisboa e Vale do Tejo (56), seguindo-se o Norte (54), o Centro (23), o Alentejo (dois) e o Algarve (um).

Não temos respostas suficientes na área da saúde mental. A Lei de Bases da Saúde Mental nunca foi verdadeiramente implementada. Os psiquiatras e pedopsiquiatras são claramente insuficientes. E os psicólogos também: apenas 1000 no SNS.

As situações de violência nas escolas estão muitas vezes relacionadas com a ausência de diagnóstico de patologias que se vão agudizando e se consolidam em fase adulta. É a “pescada de rabo na boca”. Não há recursos, as situações agravam-se, as pessoas não têm resposta, e por vezes o suicídio acaba por vencer.

Voltando à relação entre a iliteracia, a saúde mental e a pobreza. Problemas complexos e circulares. Portugal tem quase quatro milhões de pobres, que não são assim tão pobres porque recebem prestações sociais do Estado. Porque o Estado, em vez de investir na prevenção, em toda a linha, prefere apostar na manutenção da pobreza (!), porque é essa pobreza que lhe permite fidelizar eleitorado, dar migalhas pontuais e manter os incautos na ignorância. 

E é por isso que não aposta na educação, nem no empreendedorismo, nem na inovação ou na academia e muito menos em saúde mental. É por isso que não quer avaliar, não premeia o mérito, não distingue pela positiva, nem mitiga as desigualdades. 

O PS avariou o elevador social que através da educação, permitia que todos pudessem ter uma oportunidade de mobilidade social. Melhor instrução, melhor salários, vida digna, como referem as citações científicas supra. O PS enfraquece a democracia, ao fragilizar o papel da educação na sociedade, do professor, da disciplina e do rigor, da avaliação e do conhecimento. Manter os pobres, pobres. É o desígnio do socialismo. E é também por isso que não cede às reivindicações dos professores. É a visão de Costa para o país. Pobres e espoliados.

Partilhar artigo:

FIQUE LIGADO

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

© 2024 SUDOESTE Portugal. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.