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São Bento de Cástris vai ser centro de arte e cultura

O programa de requalificação de São Bento de Cástris/Sphera Cástris que está a ser desenvolvido pela Direção Regional de Cultura do Alentejo pretende promover o património cultural e a educação artística. Potenciar o empreendedorismo e fomentar novas abordagens criativas na produção de artes tradicionais e contemporâneas, permitindo impulsionar projetos integrados com ganho de escala para o desenvolvimento económico-cultural da sua região de influência, são outros objetivos.

Terminada a segunda fase, comparticipada pelo Alentejo 2020, as obras que estão atualmente a decorrer são cofinanciadas pelo INTERREG – Magallanes ICC e terminam no final deste ano. O projeto visa a instalação de um centro de artes, ciência e tecnologia no antigo mosteiro, bem como a instalação permanente de uma pequena comunidade religiosa. 

A diretora de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira salienta importância da devolução do espaço, tanto aos habitantes de Évora, como aos visitantes, tornando-o num local ativo na vida das comunidades, conciliável com a transmissão de valores e vivências às futuras gerações.

Os objetivos da requalificação, ainda que parcial, de São Bento de Cástris “são a criação de um espaço cultural de reconhecido valor na região e além-fronteiras, que possa ser usufruído pelo público, que promova o desenvolvimento cultural, artístico, científico e económico no Alentejo e que integre também o plano cultural previsto na candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027”, afirma a diretora regional de Cultura do Alentejo.

A responsável reforça que a requalificação deste imóvel é “de elevada importância e de grande significado para a região Alentejo”, pois além de contribuir para a preservação e conservação patrimonial do Mosteiro de S. Bento de Cástris, classificado como Monumento Nacional, bem como para a promoção e desenvolvimento do património natural envolvente, “cria as condições para o desenvolvimento do projeto “Sphera Castris”, que inclui o Programa do Centro Magalhães – Centro de Empreendimento de Indústrias Culturais e Criativas, que aqui tem alojado um dos seus dois polos, em Évora, cofinanciado pelo FEDER, através do Interreg – Espanha-Portugal”. 

Ana Paula Amendoeira explica que este programa visa a criação de uma rede de infraestruturas, transfronteiriças, que possibilitem a fixação de indústrias culturais e criativas no território, em diversos setores, gerando condições para a criação e desenvolvimento de projetos culturais em diversas áreas, como as artes, património, design e turismo. 

“Estão a ser adaptados alguns espaços do antigo mosteiro, no piso térreo, para a realização de eventos públicos e serão abertas ao público zonas que se encontram encerradas há mais de dez anos”, revela. Tendo em conta que o local se destina a acolher funções de caráter público e privado, existe uma lógica na distribuição de espaços que pretende enquadrar no piso térreo a maioria das áreas de acesso geral, e à medida que se sobe de piso, áreas de acesso mais restrito. 

A intenção é que vários tipos de pessoas de diferentes áreas de conhecimento possam visitar e ter acesso ao espaço, vivendo-o e conferindo-lhe vida. Neste âmbito, surge também a necessidade de criação de alguns espaços de habitação temporária para que artistas, investigadores e professores se possam instalar no mosteiro durante alguns períodos. Estes espaços de habitação temporária também devem estar abertos a possíveis visitantes e peregrinos, mantendo presente o princípio cisterciense “de acolher todos aqueles que necessitem”.

A distribuição do programa é feita com base nas características atuais dos espaços e o seu valor de autenticidade, sendo que a maioria das intervenções é pautada por um caráter minimalista. “Deste modo, não só as peças produzidas nas zonas de trabalho do convento como objetos exteriores podem ser apresentados ao público”, assegura.

Segundo Ana Paula Amendoeira, o Mosteiro de S. Bento de Cástris vai destacar-se pelas diversas valências que conciliará no âmbito do acolhimento de residências artísticas, intercâmbios de arte, ciência e património, incubação de indústrias culturais e criativas. “Será um novo espaço cultural no território que contemplará também salas de exposições temporárias e permanentes. Nestas incluem-se a coleção em reserva visitável “Flores – Homenagem a Mapplethorpe”, do escultor João Cutileiro, fruto da doação feita ao Estado, e ainda a biblioteca José Cutileiro, uma doação do embaixador José Cutileiro à Direção Regional de Cultura do Alentejo.

O MAIS ANTIGO MOSTEIRO DO SUL

Monumento nacional situado na freguesia da Malagueira, no concelho de Évora, a cerca de dois quilómetros das Portas da Lagoa, na direção de Arraiolos, o Mosteiro de São Bento de Cástris, da Ordem de Cister, é o mais antigo mosteiro feminino a sul do Tejo, tendo sido fundado em 1274, por D. Urraca Ximenes. 

Esta vasta casa religiosa, erguida no sopé do Alto de São Bento (miradouro da cidade de Évora), ficou na história da crise dinástica de 1383-1385.  À época era abadessa do Mosteiro D. Joana Peres Ferreirim, dama da família da Rainha Leonor Teles, a quem o povo chamava a “Aleivosa”. De acordo com a crónica de Fernão Lopes, a pobre abadessa, que se escondera na catedral, durante os tumultos da revolução do Mestre de Avis, foi depois arrastada pela multidão, sendo tristemente morta na Praça do Giraldo.

Do ponto de vista arquitetónico o convento é muito valioso, marcado pelo manuelino, especialmente nas abóbadas manuelinas da igreja, no vasto claustro, sala do capítulo e refeitório.  No exterior, a sobreposição dos vários telhados, pavilhões e campanários dão ao conjunto um aspeto muito pitoresco.

Uma das marcas mais notórias deste monumento é a entrada que é feita através de um pórtico rematado por um frontão triangular que tem, ao centro, as armas de São Bernardo de Claraval, originalmente ladeadas por imagens dos padroeiros da Ordem, São Bernardo e São Bento.

Após seis séculos de existência, a vida monástica no convento terminou em 18 de abril de 1890, com a morte da última freira, Soror Maria Joana Isabel Baptista que contava 89 anos.  Entrando na posse do Estado serviu de Escola Agrícola durante alguns anos. Entre a década de 1960 e 2005 albergou a secção masculina da Casa Pia de Évora.

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