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Restauro de Juromenha entra na reta final

As obras de restauro de Juromenha estão quase concluídas. Trabalhos duraram mais que o previsto devido à “complexidade” da intervenção.

Ana Luísa Delgado (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

João Grilo, o presidente da Câmara de Alandroal, refere-se-lhe como uma joia do património arquitetónico português, com um “valor incalculável” para a região e para o país. Abandonada durante décadas, Juromenha foi sendo notícia pelos sucessivos desabamentos de troços de muralha. As obras de restauro, que estarão concluídas até final do ano, vão deixá-la “como nova”.

A intervenção em curso, envolvendo um investimento superior a cinco milhões de euros, já deveria ter sido concluída, mas “decisões difíceis em matéria de reabilitação” obrigaram a prolongar os trabalhos.

“Apesar de ter sido feito um estudo prévio aprofundado sobre o estado de conservação da muralha, chegados à fase de obra concluiu-se que alguns troços apresentavam uma degradação mais extensa, mais profunda, para a qual foi necessário encontrar respostas”, diz o autarca, lembrando que esta intervenção de restauro e conservação abrangeu os três níveis de muralha em todo o perímetro da Fortaleza.

No troço “muito significativo” construído durante o domínio islâmico, por exemplo, a intervenção envolveu o recurso a técnicas antigas para fabrico de taipa.

“O Alentejo”, sublinha João Grilo, “tem várias jóias patrimoniais, mas Juromenha tem uma identidade própria. Acredito que temos tudo para fazer o mesmo percurso de outros locais do Alentejo, alguns deles já classificados como Património da Humanidade pela Unesco”.

Só a realização das obras “fez aumentar o interesse de muita gente em conhecer e investir em Juromenha”, assegura o autarca, esperançado em que esse “movimento” se venha a traduzir na fixação de pessoas no território. Tanto mais que, concluídas as obras de restauro, a ideia é encontrar investidores privados, no âmbito do Programa Revive, interessados em construir e explorar uma unidade hoteleira de “topo”, com cerca de 70 quartos.

“A Fortaleza de Juromenha, por si só, é uma âncora de desenvolvimento, que se irá acentuar com o aproveitamento turístico do seu interior, propiciando um conjunto de outros investimentos na vila, ligados à restauração, animação turística, alojamento e até à procura de habitação”, acrescenta.

É conjugando estas duas vertentes, a importância de recuperar um património de valor incalculável e de o colocar “ao serviço” da região, que o município elege o património como uma das prioridades do concelho. Segundo João Grilo, esta intervenção “era importantíssima, não só pelo estado de degradação em que a Fortaleza de Juromenha se encontrava como pelas sucessivas tentativas nunca concretizadas de a recuperar”, mas também porque, sem a recuperação da muralha, “dificilmente” algum privado poderia mostrar interesse em aproveitar uma parte do interior para a implementação de um projeto na área do turismo, “que respeite o património e a história” do monumento. A reabertura aos visitantes far-se-á com a inauguração de um centro interpretativo, no antigo posto da Guarda Fiscal.

As primeiras referências ao sítio da Juromenha datam da segunda metade do século IX. Durante mais de 200 anos este local foi considerado “a praça-forte” de defesa da zona de Badajoz, pertencendo desde o século X ao Califado de Córdova. Em 1167, D. Afonso Henriques conquistou a fortaleza, mas esta voltaria ao domínio árabe em 1191 e só seria definitivamente reconquistada pela Coroa portuguesa em 1242. No período pós-Restauração, devido à sua importância estratégica, a fortaleza medieval foi adaptada à artilharia, tendo sido executadas obras seguindo o plano de autoria de Nicolau de Langres. A partir de 1662 e durante seis anos foi ocupada pelas tropas de D. João de Áustria, só regressando à posse portuguesa na Paz Geral de 1668.

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