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Relatório aponta para agravamento dos crimes no Alentejo

Margarida Maneta texto

O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) revela que o distrito de Portalegre é o mais seguro do país. Ao longo de 2021 foram participados às autoridades 3058 crimes, o valor mais baixo a nível nacional. De um modo geral, no Alentejo, os números gerais da criminalidade agravaram-se o ano passado. A violência doméstica foi o crime mais reportado.

No caso do distrito de Évora, GNR e PSP receberam o ano passado 3595 participações de crimes, uma ligeira subida comparativamente com 2020 (mais 102). Évora (com 1148 participações), Reguengos de Monsaraz (308) e Estremoz (296) constituem o ‘top’ três dos municípios com mais queixas apresentadas. Borba (160), Arraiolos (149) e Redondo (135) encontram-se a meio da tabela. Entre os concelhos com menos crimes incluem-se os de Vila Viçosa (99), Mora (96), Mourão (87) e Alandroal (73).

Para o presidente da Câmara de Alandroal, João Grilo, a menor densidade populacional do território ajuda a explicar estes números. “É por um lado uma preocupação e, por outro, uma oportunidade”. Segundo o autarca, “a baixa densidade do território, que é um dos problemas que queremos inverter, é, neste momento, um evidente atrativo para a procura de novos residentes e promoção de turismo de qualidade”. 

Com a vantagem de ser uma região segura, sendo “necessária” a presença de forças de segurança no território para “transmitires confiança” às populações. “Muitas vezes há a tentação de onde se registam menos incidentes e riscos, haver menos presença [das forças de segurança]. Mas não se pode pensar nesta lógica. Essa presença deve ser constante e regular para que os indicadores não baixem e para que a segurança seja de facto uma realidade”, completa João Grilo.

Se, a nível do distrito de Évora, os números gerais de criminalidade se agravaram em 2021, os relativos à criminalidade violenta registaram um recuo comparativamente com o ano anterior. Foram efetuadas 93 participações (menos oito que em 2020), 38 das quais relativas relativas a roubo por esticão. O principal crime denunciado às autoridades do distrito foi o de violência doméstica contra cônjuge (283 casos), seguindo-se ofensa à integridade física (249) e condução com taxa de álcool igual ou superior a 1,2 g/l (244). A condução sem habilitação legal também se agravou, tendo sido registadas 161 ocorrências (mais 19,3% que no ano anterior).

No distrito de Portalegre ocorreu o inverso do verificado no de Évora: a criminalidade geral baixou 8,5%, mas a violenta registou um aumento de 6,9%. Com 3058 crimes participados às autoridades, 719 dos quais em Elvas e 502 em Portalegre, o Alto Alentejo tornou-se a região mais segura do país. Houve, no entanto, mais cinco participações de crimes violentos – foram, ao todo, 93. Destas, 37 são relativas à prática de um crime de resistência e coação sobre funcionário. Quanto à criminalidade geral, a violência doméstica sobre cônjuge foi o principal alvo de queixas apresentadas à GNR e PSP (289 casos), seguindo-se as burlas informáticas e nas comunicações (242) e a conduções com taxa de álcool considerada crime (241).

Em Monforte foram efetuados 89 participações de crimes. Em Sousel foram 75. Como concelhos mais seguros encontram-se Gavião e Castelo de Vide (ambos com 53 queixas) e Fronteira (50), o concelho alentejano onde as autoridades menos foram chamadas a investigar a ocorrência de crimes.

DEMOGRAFIA AJUDA A EXPLICAR

“Portugal é um país seguro. O facto de nós, numa região tão extensa como o Alentejo, sermos o concelho mais seguro é, em si, resultado de algo que o país já faz bem”, diz o presidente da Câmara de Fronteira, Rogério Silva, segundo o qual, “histórica e tradicionalmente, o Alentejo é uma região de gente pacata, que sabe receber. A hospitalidade é uma das nossas características nacionais e Fronteira não escapa a esse desígnio”.

Na perspetiva do autarca, este resultado decorre de um conjunto de fatores, entre os quais destaca a baixa densidade populacional. Como existe menos população, em termos absolutos, “haverá menos” participações de criminalidade. “Para a comunidade e para a sociedade são bons indicadores, na perspetiva de quem cá vive, porque reforça a sua confiança. Viver no Alentejo e em Fronteira, é, simultaneamente, viver em segurança e com a tranquilidade que todos nós queremos ter no dia-a-dia e em todas as atividades”, sublinha Rogério Silva.

“Quem não tem intenção de residir aqui, mas nos quiser visitar encontra aqui um critério diferenciador. Quando escolhemos um destino, um dos principais critérios é ser seguro. Explorar esta matéria é sempre importante da perspetiva em que é um critério adicional de valorização do território”. Trata-se, portanto, na perspetiva do autarca de Fronteira, de “um bom indicador que eleva ainda mais a capacidade de atrair visitantes”.

Já António Pita, presidente da Câmara de Castelo de Vide, não tem dúvida em assegurar que estes resultados “são importantes” não apenas para quem vive no concelho, mas também para quem o quer visitar: “É muito bom do ponto de vista sociológico saber que vivemos num espaço seguro, em que as pessoas podem estar tranquilas com que se passa na comunidade, que não é preocupante em termos de criminalidade”. 

“Hoje não pode existir turismo que não seja seguro e Castelo de Vide está muito dependente da atividade turística, daqueles que nos visitam”, aponta António Pita. Os dados do RASI, acredita o autarca, “são mais um contributo para que consigamos ser mais fortes enquanto destino turístico”. Especialmente, exemplifica, “na medida em que trabalhamos com mercados muito sensíveis a essa questão, como o mercado israelita do ponto de vista internacional, por causa do nosso património judaico”.

BAIXO ALENTEJO COM MAIS OCORRÊNCIAS

Elaborado pelo Sistema de Segurança Interna, o RASI demonstra um significativo agravamento em 2021 da criminalidade reportada no distrito de Beja (mais 14,9% do que no ano anterior), tendo sido registadas 4321 participações, 293 das quais relativas a casos de violência doméstica contra cônjuge. Não entanto, o maior número de ocorrências registadas no Baixo Alentejo foi o de condução com uma taxa de álcool superior a 1,2 g/l (329), seguido de ofensa à integridade física simples (322). Os concelhos com maior número de participações foram Beja (968) e Odemira (788). O menor número de casos foi registado em Barrancos (79).

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