A anterior direção da Associação de Beneficiários do Mira “não elaborou” um plano de contingência para garantir que a “água chegaria às culturas instaladas para que o potencial produtivo não fosse destruído”. Segundo o Ministério da Agricultura, foi este o motivo pelo qual a direção da ABM foi substituída por uma comissão administrativa.
Segundo fonte oficial do Ministério da Agricultura, a decisão foi tomada pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Regional (DGADR), “num contexto de seca extrema e de alterações climáticas sem precedentes, que ameaçam de forma muito concreta a agricultura”. O plano de contingência não foi elaborado. E a nomeação da comissão administrativa “teve como objetivo assegurar a presente campanha de rega às culturas instaladas e em produção, bem como planear o próximo ano”.
O gabinete da ministra Maria do Céu Antunes diz que a direção e equipa técnica da ABM chegaram a ser convocadas para uma reunião, tendo a direção manifestado “indisponibilidade” para esse efeito.
Composta pela DGADR, pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) e por representantes da “pequena” agricultura e das “grandes” empresas, a comissão administrativa “está a preparar” um plano de contingência para situações de seca, “tem em vista garantir uma justa distribuição de água a todos os beneficiários detentores de culturas”.
Ainda de acordo com a mesma fonte, está atualmente a ser efetuado o “levantamento exaustivo” das áreas de cultura que se encontram em produção, bem como as áreas que não estão a ser cultivadas, embora tenham sido inscritas para a campanha de rega deste ano.
“Enquanto o armazenamento na albufeira de Santa Clara se encontrar a uma cota inferior ao volume morto e não for atingida a cota 116, são grandes as restrições ao uso da água”, garante o Ministério da Agricultura, explicitando que entre esses restrições de inclui a interdição da instalação de novas culturas permanentes, “incluindo reconversão”, bem como a instalação de novas estufas.
O objetivo é que as culturas em produção “possam terminar o ciclo produtivo” com o menor impacto possível. “Esta decisão”, refere a mesma fonte, “é oposta à da anterior direção [da ABM], de atribuiu apenas 1800 metros cúbicos de água por hectare, independentemente da cultura ou da área estar a ser cultivada”.
Segundo o Ministério, “está assegurado o abastecimento público, industrial, bem como o abeberamento animal e o fornecimento de água à agricultura de cariz familiar”, estando igualmente em curso um investimento superior a 30 milhões de euros para “captar água abaixo do nível morto [da barragem] e diminuir as perdas”, que se situam entre os 30 e os 40%, e que a anterior direção “mostrou incapacidade para executar”.