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Projeto ambiental dá “nova vida” a muros das escolas

Francisco Alvarenga, texto

As Escolas do Caldeiro e da Mata, em Estremoz, a André de Resende (Évora), a José Régio (Portalegre) e a Hernâni Cidade (Redondo) são algumas das centenas de escolas com trabalhos a concurso no âmbito do projeto “Muros com Vida”, promovido pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE).

O mural, pintado numa parede lateral da Escola do Caldeiro reproduz alguns dos elementos do ecossistema da Serra d’Ossa. São desenhos de animais, como o javali, a coruja ou a raposa, sem esquecer a flora representativa deste “pulmão verde” do Alentejo Central, com destaque para a esteva e o pinheiro, feitos por alunos da escola, com idades compreendidas entre os oito e os 10, auxiliados pelo artista plástico Davide Alves.

“A Serra d ́Ossa integra um ecossistema muito particular e variado, com uma diversidade de fauna e flora característicos do Alentejo. Situa-se nas imediações de Estremoz e constitui um local de muito interesse e curiosidade para a toda a comunidade”, lembra a candidatura da Escola do Caldeiro ao concurso “Muros com Vida”, organizado pela ABAE com o intuito de “contribuir para alertar e mobilizar a comunidade para a prevenção e inversão do processo de degradação dos ecossistemas terrestres e aquáticos, com repercussões nas alterações climáticas e na extinção em massa de várias espécies”.

No início do processo os alunos fizeram pesquisas sobre a serra e identificados os seres vivos e os seus habitats. “Em sala de aula, e de forma individual, foram desenhados os seres vivos selecionados para o mural. As ilustrações selecionadas foram [depois] ampliadas até ficarem com o tamanho e as proporções corretas”, acrescenta a mesma fonte, indicando que os desenhos foram pintados no mural utilizando a técnica de ‘stencil’.

“O projeto cresceu e surgiu um trabalho coerente e estético, com um fundo composto por linhas ondulantes que simbolizam o movimento e dinamismo dos cumes das montanhas que formam a Serra d’Ossa”. Trata-se de um conjunto de “ilustrações simples, mas muito apelativas, todas elas demonstrando uma consciência ecológica e preocupações sustentáveis alusivas aos temas [como] resíduos, energia, água e comunidades sustentáveis”.

Na Escola da Mata, também com o apoio de Davide Alves, o mural foi concebido a partir de outra fonte de inspiração: o ecossistema da mata municipal de Estremoz, que dá nome ao estabelecimento de ensino. “O tema foi escolhido porque a escola fica perto de uma mata e foi decidido dar continuidade à mata no mural da escola”. Aqui veem-se arbustos, árvores (como uma palmeira, um loureiro ou uma laranjeira), flores, incluindo rosas e amores-perfeitos, mas também animais representativos da fauna existente no local, dos peixes do lago às andorinhas, passando pelas pombas, abelhas e borboletas, entre outros.

De acordo com a candidatura, o trabalho começou com uma visita à mata, na qual os alunos de uma turma do quarto ano, com idades compreendidas entre os nove e os 13, “registaram os elementos do ecossistema que observaram e cada um escolheu um elemento. Depois pesquisaram sobre o mesmo e fizeram o desenho”. Os recortes de stencils foram aplicados com tintas de spray à base de água.

A ABAE explica que o projeto “assenta no entendimento da importância da rua enquanto suporte das dinâmicas dos municípios e elemento estruturante e agregador do espaço público, como espaço de educação, espaço de arte, espaço de contemplação e espaço de partilha e comunicação dos princípios de sustentabilidade”. Neste sentido, municípios e comunidades escolares foram “desafiados a trabalhar no sentido de promover a preservação e valorização dos ecossistemas.

PINTURAS MURAIS

Tendo contado com a partici- pação de centenas de escolas de todo o país, o projeto “Muros com Vida” consiste na realização de pinturas ao ar livre em muros, localizados dentro do recinto es- colar ou em espaços públicos. Segundo a ABAE, o desafio lançado aos alunos foi representar um ecossistema ou o conjunto de elementos que o compõem, sendo “valorizada” a representação de ecossistemas que “caracteri- zam o território onde se insere a escola”.

Daí a opção do Caldeiro pela Serra d’Ossa e da Escola da Mata pela mata envolvente, daí também a escolha do montado como elemento de inspiração para o mural desenhado por alunos das turmas do 5.º e 6.º anos da Escola André de Resende, em Évora.

“A pintura do muro teve como fonte de inspiração os painéis de azulejos, tradicionais na cultura portuguesa. As cores escolhidas foram as dos rodapés das casas tradicionais do Alentejo, o ocre/amarelo e o azul. Nos quadrados azuis foram pintados os contornos a branco dos animais da região estudados”, revela o estabelecimento de ensino.

Do montado para o muro da escola “saltaram” diversas espécies vegetais autóctones da região, como o sobreiro, a azinheira, os pinheiros manso e bravo, a nogueira, a romanzeira, o marmeleiro e a oliveira. Os trabalhos foram efetuados em contexto de sala de aula e “desenvolveram-se em interdisciplinaridade”, envolvendo disciplinas como Português, Ciências Naturais e Educação Tecnológica. “Em Educação Visual, os alunos fizeram uma pesquisa sobre as espécies vegetais da região, ilustrando-as, posteriormente, em papel, o que deu origem a uma exposição. Após os diversos trabalhos, as turmas de 6.º ano procederam à conclusão do mural iniciado no ano letivo anterior”.

Já na Hernâni Cidade, em Redondo, a opção foi pelo desenho de algas, corais e várias espécies de peixes, num trabalho de “sensibilização” dos alunos do 3.º ciclo “sobre a importância dos ecossistemas marinhos, para a saúde do planeta e no combate as alterações climáticas”. 

O MONTADO SEGUNDO A ESCOLA JOSÉ RÉGIO

O montado foi a opção da Escola José Régio, em Portalegre, onde não foram esquecidas as papoilas, os cogumelos, “observados nas zonas mais húmidas”, e as aves que voam nos céus do montado. De acordo com a escola, a planificação e execução do projeto “resultaram de um trabalho coletivo, no qual estiveram envolvidos alunos de várias turmas que frequentam o Centro de Apoio à Aprendizagem”, ou seja, “alunos com perturbações do espetro do autismo ou com graves dificuldades de aprendizagem”.

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