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Grupo Pro-Évora quer intervenção “urgente” nos Almendres

Francisco Alvarenga texto

Grupo Pro-Évora diz que uma intervenção no Sítio Arqueológico dos Almendres, que inclui o cromeleque e o menir é “urgente” e deve incluir um projeto paisagístico para salvaguarda e gestão das acessibilidades a Monumento Nacional. Os trabalhos estão previstos há dois anos, sem concretização prática. 

Monumento megalítico cuja construção se iniciou há mais de sete mil anos, o Cromeleque dos Almendres é formado por 95 monólitos de pedra, alguns dos quais com uma altura de cerca de três metros, sendo considerado o mais importante do seu tipo na Península Ibérica e um dos “mais relevantes” da Europa, tendo em conta as suas dimensões e o estado de conservação.

“Indo ser Évora a Capital Europeia da Cultura, é normal que estes monumentos sejam ainda mais visitados porque valorizam o nosso território e, portanto, têm de ser intervencionados a tempo e horas”, adverte Marcial Rodrigues, presidente do Grupo Pro-Évora, acrescentando que “as situações não se podem eternizar”, havendo “uma série de trabalhos de preparação e intervenção em monumentos, nomeadamente neste, que têm de ser feitos”.

Marcial Rodrigues garante que, pelo menos por enquanto, o monumento “não corre riscos”, mas denuncia o facto de haver visitantes a mexerem nas gravuras e a subirem para as pedras. Embora a sua resistência seja grande, “há que fazer trabalhos de consolidação para evitar que possam vir a estar em risco [de derrocada]”.

Neste momento, considera, a prioridade deverá ser avançar com a reposição de terra em todo o recinto. “O processo erosivo acentuou-se pelo pisoteio das inúmeras pessoas que lá vão, bem como pelas águas da chuva. O terreno está cheio de linhas de água e na base dos menires já se percebe que falta ali um bom bocado de terra”.

Marcial Rodrigues lembra que o problema se arrasta, pelo menos, desde 2020. “Há dois anos ainda se discutia como se fazia, ou se não se fazia, a intervenção”. Em qualquer dos casos, a reposição do solo terá de ser feita numa altura “em que haja chuva para se poder semear a flora local que controla a água e, assim, evitar a erosão”. Por outro lado, nesse período, o Sítio Arqueológico dos Almendres “não poderá ser visitado” como habitualmente acontece. A decisão de avançar com os trabalhos será tomada pela Câmara Municipal de Évora (CME).

A pedido do Grupo Pro-Évora, o arquiteto paisagista Nuno Lecoq, então vice-presidente da instituição, disponibilizou-se, em junho de 2019, para fazer um projeto de arquitetura paisagista para o local. “A proposta foi bem recebida pela Câmara e pela Direção Regional de Cultura (DRC) do Alentejo e em março de 2021 celebramos um protocolo com a CME para a elaboração e execução do projeto”, refere.

Nos meses seguintes realizaram-se reuniões com a participação de diversas instituições, tendo uma primeira versão do projeto sido entregue em julho de 2021 e uma segunda quatro meses depois, na sequência de “reparos” feitos pela DRC do Alentejo. Passado mais de um ano, os trabalhos continuam sem sair do papel.

Apesar de contactada, a DRC do Alentejo não prestou quaisquer esclarecimentos sobre este assunto. Mas numa resposta dirigida à concelhia de Évora do PSD, indica que o município é o “dono de obra”, ou seja, a entidade “responsável pelas intervenções de conservação dos acessos e envolvente ao monumento”, nos termos do contrato de comodato celebrado em 13 de setembro de 2019 com os proprietários do Cromeleque dos Almendres.

Ainda de acordo com a DRC do Alentejo, a “reposição de terra e posterior sementeira no interior do recinto e envolvente do Cromeleque de modo a garantir a conservação e consolidação/estabilização do terreno e da base dos monólitos” está autorizada desde janeiro de 2022, sendo o parecer do Ministério da Cultura “condicionado ao acompanhamento arqueológico destes trabalhos, tal como a lei obriga”.

Na mesma resposta é sublinhada “a necessidade de colocação de sinalética explicativa e de uma vedação provisória de modo a evitar a entrada de visitantes durante o período de consolidação do prado, bem como a necessidade de se rever e completar” o projeto apresentado pelo Grupo Pro-Évora, além da elaboração de um plano de gestão para “definir um modelo de visita e um conjunto de medidas que garantam a sua conservação e salvaguarda no tempo”. 

ACESSIBILIDADE DEVE SER REPENSADA”

Marcial Rodrigues concorda. E acrescenta que, além da intervenção, deverá ser “repensada” a acessibilidade ao local. “Há um percurso de visitação que está definido no projeto, mas cabe à Câmara de Évora decidir como vão ser as acessibilidades a este local. É preciso requalificar o parque de estacionamento, há que decidir se as pessoas vão livremente até ao monumento ou se haverá guias, se há uma cancela no início do percurso, quem é que vai garantir a segurança do local, entre outras questões”.

Considerando que o monumento não deverá continuar a ser visitado como tem sido, o presidente do Grupo Pro-Évora defende que “deve ser evitada” a presença de pessoas no interior do recinto. “Em nenhum sítio do mundo, em nenhum monumento deste tipo, isso acontece. É que são centenas, senão mesmo  milhares de pessoas, a irem para dentro do cromeleque e a porem-se em cima dos monólitos”, conclui.

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