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Preço das rendas “dispara” e atinge máximos históricos

Luís Godinho texto

O custo do arrendamento “disparou” nos últimos cinco anos. No Alentejo, o aumento foi, em média, de 22,6%. Em Sines é onde se cobram as rendas mais elevadas. Em Borba, esse custo caiu 8%. É a única exceção a nível regional.

Entre 2017 e o final do primeiro semestre deste ano, o preço do arrendamento por metro quadrado, no Alentejo, passou de 3,36 para 4,12 euros. Parece pouco. Mas feitas as contas, um apartamento com três quartos, com aproximadamente 120 metros quadrados, custa agora, em média, 494,40 euros. São mais 91 euros por mês. Mais 1092 euros por ano. Um aumento de 22,6%.

De acordo com o valor mediano das rendas por metro quadrado de novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística, o aumento do custo com a habitação é comum a praticamente todos os concelhos da região. A única exceção é Borba, onde o valor cobrado pelos senhorios “caiu” 7,5%. O mesmo apartamento de 120 metros quadrados representa agora um encargo para as famílias de 300 euros mensais (menos 194 do que a média na região).

É no litoral alentejano, em particular em Sines e de Grândola, que se registam os maiores aumentos percentuais, o que se explica, por um lado, pelo crescimento da pressão turística (Comporta) e pelo anúncio de grandes investimentos (hidrogénio, ampliação do porto, megacentro de dados) em Sines, o que leva o presidente da Câmara, Nuno Mascarenhas, a falar numa “mudança de paradigma”, que fará com que a população residente no concelho possa no curto prazo ultrapassar as 20 mil pessoas.

No Alto Alentejo e no Alentejo Central, o aumento do preço das rendas chegou aos 12%. No concelho de Estremoz, o valor médio da habitação é agora de 3,47 euros por metro quadrado (uma subida de 22%). Évora é a segunda cidade mais cara da região, com os senhorios a cobrarem 5,45 euros por metro quadrado. O tal apartamento de 120 metros quadrados custa agora, em média, 654 euros por mês. Mais 14% que no final de 2017.

Com mais de 20 anos de experiência no ramo imobiliário, Diamantino Marreiros (Rustiévora) explica este aumento de preços no mercado de arrendamento com a “escassez” de oferta. “Há empresas a pagar preços absurdos. Em virtude de grandes obras, como o hospital, alguns hotéis ou a ferrovia, as empresas têm vindo a absorver o que está disponível para arrendamento. Ainda agora tenho um pedido para arranjar alojamento para 60 trabalhadores. Serão, no mínimo, 10 casas. O que é complicado de conseguir num mercado onde não há oferta”. 

Ainda assim, para as empresas, a diluição “ao dia” do pagamento das rendas acaba por compensar comparativamente a outras soluções para alojamento dos trabalhadores, como hotéis. O que conduz a uma maior “pressão” sobre o mercado de arrendamento. No caso de Évora, acresce a procura por parte de estudantes universitários, numa tendência de abertura de novos cursos sem oferta de alojamento.

“As poucas casas para arrendamento são colocadas a preços elevados, e arrenda-se há mesma. Nesta altura estão a ser vendidos alojamentos para trabalhadores a cerca de 270 euros mensais, por pessoa, em apartamentos com três quartos onde vivem cinco ou seis pessoas, e onde a própria sala serve para instalar mais uma ou duas camas”, acrescenta Diamantino Marreiros. “Uma família não consegue pagar valores desta grandeza, na ordem dos 1500 euros mensais por um apartamento T3, mas para as grandes empresas acaba por ser uma ninharia”.

Lembrando que existe uma procura “permanente desde há vários anos”, contrastando com uma “oferta diminuta”, o gerente da Rustiévora sublinha que esta nova realidade, associada ao arrendamento para empresas, representa “dificuldades crescentes” para os estudantes universitários. “Terminou agora a segunda fase de colocação de alunos no ensino superior e já recebi inúmeros telefonemas de pais preocupados em encontrar alojamento para os filhos. Pura e simplesmente não há quartos, vem mais uma leva de estudantes e não faço ideia como irão conseguir resolver o problema. A Universidade continua a abrir cursos sem ter soluções para o alojamento”.

Com a cidade de Évora “esgotada”, a pressão no arrendamento acaba por se alargar aos concelhos limítrofes. Diamantino Marreiros conta, por exemplo, o caso de um T2 recentemente arrendado em Viana por Alentejo por 550 euros mensais – “as pessoas viram o imóvel na Internet e arrendaram-no de imediato, nem o foram ver”. Sem opções a nível local, prossegue, há pessoas a “fazer piscinas” entre a zona de Setúbal e as fábricas instaladas no Parque de Indústria Aeronáutica de Évora. A solução seria disponibilizar mais imóveis para o mercado de arrendamento, o que esbarra na conjuntura económica. “Não existem lotes disponíveis, o que existe são terrenos com viabilidade para fazer loteamentos. Mas o preço que é pedido por esses lotes, acrescido das taxas camarárias, faz com que os promotores imobiliários não avancem com novos projetos, ainda para mais quando está instalado o receio de uma nova crise no setor em virtude do aumento dos custos de construção”, conclui.

OS CONCELHOS MAIS CAROS

(valor por metro quadrado)

Sines 7,17 euros

Évora 5,45 euros

Grândola 5,40 euros

Santiago do Cacém 5,04 euros

Beja 4,44 euros

OS CONCELHOS MAIS BARATOS

(valor por metro quadrado)

Borba 2,50 euros

Vila Viçosa 2,98 euros

Campo Maior 3,08 euros

Elvas 3,34 euros

Portalegre 3,39

OS MAIORES AUMENTOS

(percentagem)

Sines 50,6%

Grândola 50,0%

Reguengos de Monsaraz 33,1%

Vila Viçosa 29,0%

Santiago do Cacém 28,5%

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