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Plano hidrológico “cede aos interesses da agricultura intensiva”

Para o Bloco de Esquerda, o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, atualmente em discussão pública, “chega tarde e não faz as escolhas necessárias para defender o Alentejo da seca e da escassez de água”.

Em comunicado, o Bloco de Esquerda tomou posição sobre o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, aprovado em Conselho de Ministros na generalidade e neste momento em discussão pública, afirmando que o documento, “apesar de partir de um diagnóstico realista, responde com um conjunto de medidas desajustadas e subordinadas aos grandes interesses da agricultura intensiva”.

O plano do Governo reconhece a necessidade da alteração de comportamentos face ao impacto das alterações climáticas no Alentejo que agrava o cenário de escassez hídrica, com períodos cada vez mais prolongados de seca. “No entanto, este Plano, além de tardio, não dá os passos necessários para cumprir os preceitos enunciados”, refere .

Segundo o Bloco, “a anunciada “alteração de comportamentos” não inclui a redução da área de agricultura intensiva e super intensiva, particularmente no regadio, um dos factores que choca com um uso racional dos recursos hídricos num cenário de escassez”.

Por outro lado, medidas como a dessalinização de água ou a criação de transvases para a bacia do Sado ou do Guadiana sem redução da área de culturas intensivas e super intensivas “significará apenas prolongar uma forma de produção agrícola insustentável e prejudicial”.

O partido defende a redução da área de agricultura intensiva e super intensiva e diz que “o Governo não tem coragem para o fazer, escolhendo o lado dos interesses económicos instalados”.

A ausência de medidas para a reorientação da produção agrícola, a diversificação de culturas e adaptação às alterações climáticas é outra crítica do Bloco ao plano do Governo, destacando a recente indicação pelo Governo de uma Comissão Administrativa da Associação de Beneficiários do Mira “em que pontifica o empresário Filipe de Botton como representante dos beneficiários do Aproveitamento Hidroagrícola do Mira – um dos rostos da agricultura intensiva em estufas e protagonista de conflitos com esses mesmos beneficiários por uso abusivo dos recursos hídricos”, afirmando que esta escolha “é ilustrativa da manutenção de um paradigma insustentável”.

Ainda segundo o comunicado, o projeto da central dessalinizadora em Mira “para continuar a sobre-exploração agrícola em estufas” é outro sinal de que “o Governo não quer promover uma agricultura mais sustentável e diversificada, negando ao Alentejo esta vertente essencial para a adaptação às alterações climáticas”.

A “prioridade ao negócio” estabelecida neste plano estende-se também aos interesses “de empreendimentos turísticos ou dos diversos fins de projetos económicos em torno do porto de Sines”, que permanecem “intocados”, prossegue o comunicado, concluindo que o documento do Governo “chega tarde e não faz as escolhas necessárias para defender o Alentejo da seca e da escassez de água, mantendo atividades insustentáveis em nome dos interesses económicos mais poderosos da região”.

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