Padre Manuel António do Rosário texto
O tempo de Natal, que se prolonga até à Epifania ou Reis, convida-nos, sobretudo a nós cristãos, a recordar e a celebrar a vinda há cerca de 2000 anos ao mundo, de Jesus, o Filho de Deus que assumiu a nossa natureza humana. Os crentes de outras religiões, os agnósticos, os ateus ou os indiferentes, poderão encará-lo talvez como profeta, líder carismático, homem perfeito, ilustre desconhecido…
Para além de tudo o que se possa dizer sobre a influência de Cristo e do cristianismo, que são inegáveis a muitos níveis, há, contudo, uma dimensão, que me é particularmente cara e que ecoa no coração do Evangelho: somos todos iguais, temos a mesma dignidade, e em Jesus podemos dirigir-nos ao único Deus chamar-lhe Pai Nosso, reconhecendo assim a nossa condição de irmãos.
A afirmação da igual dignidade de todo o ser humano é um dos maiores valores que o cristianismo propõe ao mundo. Este tesouro é intemporal e urge proclamá-lo em cada época, e na nossa em particular, quando persistem tantos atentados contra a vida humana: guerras, fome, injustiças, violência, migrações, alterações climáticas, aborto, eutanásia, pedofilia, etc.
Em Cristo nós seres humanos descobrimos ainda a lei que tudo pode transformar: o mandamento novo do amor, a Deus e ao próximo. À luz da fé amar o nosso próximo, que é nosso irmão, é condição para se amar a Deus, e o nosso próximo pode ser qualquer pessoa, mesmo os nossos inimigos; um desafio decerto difícil mas não impossível, para quem acredita!
O mandamento do amor convida-nos, pois, à conversão, à comunhão, à reconciliação, à Paz, outro valor tão necessário no nosso tempo. Se é verdade que nem tudo depende de nós, não é menos verdade que também está nas nossas mãos trabalharmos na transformação deste mundo, a partir de pequenos gestos e atitudes. Afinal Jesus não nasceu na sumptuosidade de um palácio, mas na simplicidade de uma manjedoura, na singela cidade de Belém.
Um Santo Natal e um abençoado ano de 2023.