Francisco Alvarenga, texto
O Governo classificou os quatro Passos Processionais de Borba como conjunto de interesse público, fixando arespetiva zona especial de proteção.
Os Passos Processionais do Alto da Praça, da Rua de 13 de Janeiro, da Rua de São Bartolomeu e da Rua do Marquês de Marialva, considerados “particularmente imponentes, assumindo grande protagonismo na cidade” de Borba, foram classificados como conjunto de interesse público, segundo portaria publicada em “Diário da República” e assinada pela secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro.
No diploma, a governante sublinha que este conjunto patrimonial “fortemente vinculado às comunidades locais” é composto por “notáveis e singulares estruturas, fruto de uma única campanha construtiva” e que se distingue de outros exemplares próximos “pela sua monumentalidade, qualidade arquitetónica e riqueza, e coerência ornamentais”.
“As fachadas e os retábulos, tirando partido dos mármores da região, conjugam-se com telas a óleo, pinturas murais e estuques decorativos, todos alusivos à Paixão de Cristo”, lê-se no documento.
A primeira proposta de classificação surgiu há mais de 20 anos, formulada pelo gabinete técnico da Câmara de Borba. Depois de o processo ter caducado em 2013, foi reaberto no ano seguinte, tendo-se arrastado por mais nove anos.
De acordo com a Direção-Geral do Património Cultural, os passos encontram-se “inscritos num percurso processional amplamente documentado – hoje centro histórico (em locais de intensa circulação)”, tendo-se “adaptado ao traçado existente” em meados do século XVIII, “marcando de forma assinalável a morfologia da cidade e assumindo,assim, especial protagonismo urbano”.
“Fortemente vinculados às comunidades locais, constituem, por outro lado, obras singulares e particularmente notáveis, fruto de uma única campanha, iniciada em 1755”, acrescenta a mesma fonte, destacando não só as fachadas – “marcadas pelo emprego de cantarias de mármores da região e [pela] rica decoração escultórica, com temática alusiva à Paixão” -, como também os interiores, onde se destacam os “retábulos marmóreos, telas a óleo, pinturas murais e estuques decorativos nas paredes e tetos”.
Durante o processo de classificação, o Centro Nacional de Cultura assinalou a existência de diversos problemas de conservação, resultantes de “humidade e infiltrações devido à falta de manutenção das coberturas”, bem como “interiores repintados e reinventados, fruto de intervenções” ocorridas na década de 1970 e a substituição de telas setecentistas “por outras moderna, assinadas e datadas da década de 1980”, tendo as telas originais sido armazenadas num “sótão” dos Paços do Concelho.
Ouvida no decurso do processo, a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, considerou “muito importante” a aprovação urgente deste procedimento de classificação “para uma mais eficaz atuação” no que diz diz respeito ao “património de Borba onde se registam problemas graves de conservação decorrentes de intervenções intrusivas e de localização de património”.
MENIR DO PATALOU
Além dos Passos Processionais de Borba foi também classificado o menir do Patalou, em Nisa. Segundo o diploma publicado em “Diário da República”, o monumento, “com quatro metros de comprimento e sete toneladas de peso”, foi talhado em granito e apresenta “vestígios de decoração gravada com motivos serpentiformes”, devendo ter sido erigido no Neolítico antigo, mais concretamente em meados do quinto milénio antes de Cristo.