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Os “Artistas” que se seguem… Sociedade tem nova direção

Nuno Mourinha (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

Matrecos! Serão essas as minhas primeiras memórias dos artistas. Entrar na sociedade era sempre uma aventura. Tudo dependia do estado de espírito do contínuo. Se estava de maré lá nos deixava, por favor, entrar. Se estava em dia não, lá virávamos os calcanhares e nos púnhamos a andar (com muitos protestos à mistura). Toda esta incerteza dava um tempero especial aos dias em que lá conseguíamos pôr os 20 escudos na ranhura. Soltavam-se as bolas e começavam os derbies. Roleta? Só com o guarda-redes.

Com o passar do tempo deixei de jogar matraquilhos. Devo ser um dos piores jogadores da modalidade a nível mundial. Se existir um galardão que assinale essa qualidade cá estarei para o receber.

Tal como eu os Artistas foram mudando. Por vezes parecia existir alguma atividade, outras parecia que a profecia do vizinho Gadanha, “Corre o tempo velozmente, Como a água da corrente , Nós também da mesma sorte, Correndo vamos à morte”, estava fadada a se concretizar. Felizmente, assim não foi.

A “NOVA” DIREÇÃO

João Ferro foi reeleito presidente da direção da Sociedade de Artistas Estremocense. O septuagenário (77 anos), Ex-bancário e ex-advogado, é sócio desde 1992. Não é novato nas funções diretivas. No biénio de 2015/2016 foi eleito para Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Secretário da direção em 2019/20. Dois mandatos onde foi, segundo o próprio, uma espécie de verbo de encher.

Quando em 2022/23 se torna, pela primeira vez, presidente da direção apercebeu-se que não podiam continuar naquele marasmo. Já no fim do mandato, começou a ser contactado por inúmeras pessoas, na sua maioria jovens, que vislumbravam as valências e possibilidades que os Artistas poderiam aportar à sociedade civil. Surgiam ideias. As portas abriam-se para mais sócios e para novas atividades. Era altura de irem a votos!

As eleições para os novos Corpos Sociais decorreram no dia 22 de Dezembro de 2023. Contaram com a presença de vinte e sete sócios que, por unanimidade, elegeram a lista candidata. Finalmente, no passado dia 1 de fevereiro, tomaram posse.

Como companheiros de direção, João Ferro, conta com Carlos Lima (produtor e realizador de cinema), a secretário; Pedro Sedas (assistente operacional na Câmara de Estremoz), a tesoureiro; Rita Omar (assistente operacional da CME no Centro Interpretativo dos Bonecos de Estremoz), a 1.ª vogal e de Eduardo Pereira (técnico informático no Centro Ciência Viva de Estremoz), a 2.º vogal.

“A SOCIEDADE SÓ EXISTIRÁ, SE HOUVER SÓCIOS”

Este era o mote da campanha da recém empossada lista. “Sem eles, este projeto e o novo posicionamento do espaço e da coletividade não será possível. É uma iniciativa de e para eles. Pretende-se que não deixem de procurar a coletividade e de nos desafiar com as suas necessidades, anseios e propostas. Para além de tudo isso, que sintam a coletividade como uma segunda casa e um espaço onde podem organizar eventos. Contamos com todos para fazer os Artistas reviver”, diz-nos Rita Omar, ribatejana de sangue e alentejana de coração. Carlos Lima reforça a ideia, “pretendemos que a associação possa vir a ser uma mais-valia para a cidade, para toda a comunidade, sócios e não sócios. Um espaço/polo cultural e artístico de referência na região”.

Contudo, existem desafios a conquistar. “As maiores dificuldades no imediato, são, sem dúvida, a realização, na sede, de uma intervenção de restauro. No entanto, não podemos esquecer que sem pessoas a sede não é mais que um edifício. Após a poeira das obras e da limpeza assentarem, é preciso garantir a continuidade deste projeto. Tarefa difícil já que estamos numa região cuja tendência de declínio demográfico não é animador, mas com esforço tudo se faz”, afirma Eduardo Pereira.

O FUTURO

Rita Omar prevê um futuro de muito trabalho e resiliência. Um espaço de época, mas virado para o presente e futuro. Um espaço nobre e direcionado para todas as gerações. Carlos Lima, pensa a associação como uma verdadeira sociedade de artistas, que poderá desenvolver diferentes atividades (dentro e fora de portas) de programação, formação e produção nas mais variadas artes e ofícios. Um espaço associativo que é, na realidade, um centro cultural aberto à cidade e à comunidade. Com programação cultural e artística diversificada.

Tudo isto só será possível com pessoas! Sócios e simpatizantes. “Sem pessoas não há nada feito. Os sócios atuais e mesmo aqueles que já o deixaram de ser, por várias razões, encontram na SAE um espaço que é pensado para eles. Aos simpatizantes, que no fundo somos todos nós, que vivem em Estremoz, que acarinhem a Sociedade”, desabafa Eduardo Pereira.

João Ferro remata, “A Sociedade de Artistas será de todos e irá tornar-se num espaço aberto à sociedade civil, que poderá usufruir dela, através das múltiplas iniciativas que lá, irão ter lugar”.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Idos os meus apetites juvenis das tardadas de matraquilhos espelho aqui o desejo de sucesso à nova direção da centenária Sociedade. Novos apetites surgem. Vorazes! De devorar a nova oferta cultural que, por aí, se avizinha.

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