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Obras em Juromenha são “âncora” para o desenvolvimento

Do alto da Fortaleza de Juromenha pode-se comprovar a história de Portugal, através da cerca islâmica, da medieval e do perímetro abaluartado exterior seiscentista, que tornam este monumento como um dos poucos do país que conserva esta convivência no mesmo espaço de três épocas – e civilizações – diferentes. O seu estado de degradação levou a uma necessidade premente de conservação e restauro que foi iniciada há cerca de um ano e que pretende estar concluída em outubro de 2023. Para o município de Alandroal, esta intervenção, que ronda os cinco milhões de euros, é entendida como “uma âncora para o desenvolvimento do concelho e da região Alentejo”.  

João Grilo, presidente da Câmara Municipal de Alandroal, salienta que o Alentejo “tem várias joias patrimoniais, mas Juromenha tem uma identidade própria. Acredito que temos tudo para fazer o mesmo percurso de outros locais do Alentejo, alguns deles já classificados como Património da Humanidade pela UNESCO”.

Considerada como um dos ativos patrimoniais mais importantes do concelho, a fortaleza, com grande importância histórica para o país e para a região, “só por si” merecia esta recuperação. “Ao fazer esta intervenção estamos a criar um ativo de atratividade para o desenvolvimento de atividades económicas e para fixar população, bem como ajudar ao crescimento do concelho”, frisa o autarca. 

É conjugando estas duas vertentes, a importância de recuperar um património de valor incalculável e de o colocar ao serviço do progresso local e da região, que o município elege o património como uma das prioridades do concelho de Alandroal. Está em curso a empreitada de requalificação das muralhas e o município está a trabalhar juntamente com a Secretaria de Estado do Turismo para preparar o programa REVIVE para ocupação de alguns espaços interiores. 

“Esta intervenção era importantíssima, não só pelo estado de degradação em que a Fortaleza de Juromenha se encontrava como pelas sucessivas tentativas nunca concretizadas de a recuperar”, refere João Grilo, sublinhando que sem a recuperação da muralha “dificilmente” algum privado poderia mostrar interesse em aproveitar uma parte do interior para a implementação de um projeto na área do turismo. 

Esta intervenção, refere, “abre a porta a um investimento de um hotel que respeite a componente histórica do imóvel” e que terá a capacidade até 70 unidades de alojamento, mas também a conjunto de outros investimentos como a construção de um centro interpretativo e de acolhimento ao visitante, no antigo posto da Guarda Fiscal, e o centro náutico de Juromenha. 

“Acreditamos que estas três âncoras de investimento, bem como a requalificação do espaço urbano adjacente à fortaleza, integrado no programa de regeneração urbana, vão valorizar a vila toda”, sublinha João Grilo. E acrescenta: “Juromenha tem aqui a sua oportunidade de contribuir para ser um dos polos de atração da região”. 

O autarca adianta também que a aposta na animação turística e na melhoria das condições de acesso “são para concretizar”. E prossegue: “Cada vez se torna mais importante a questão da ligação a Espanha, temos falado muito na navegabilidade do Guadiana, e o certo é que é cada vez mais importante ter boas ligações ao lado espanhol”.

Ainda de acordo com João Grilo, Juromenha tem indicadores naturais muito valiosos, uma excelente gastronomia e uma grande particularidade histórica. Isto é, “possui um património material e imaterial único, assumindo-se como um exemplo daquilo que queremos replicar noutras freguesias”. 

O património é assumidamente um dos pilares de desenvolvimento do concelho de Alandroal que é sustentado pela intervenção que está a ser executada na Fortaleza de Juromenha, classificada desde 1957 como Imóvel de Interesse Público. Trata-se de investimento de cerca de cinco milhões de euros, 3,5 milhões dos quais financiados pelo Alentejo 2020, 900 mil resultantes de um empréstimo junto do Banco Europeu de Investimento (BEI) e 600 mil de fundos próprios da autarquia.

PRAÇA FORTE SOBRE O GUADIANA

As primeiras referências ao sítio da Juromenha datam da segunda metade do século IX. Durante mais de 200 anos este local foi considerado a praça-forte de defesa da zona de Badajoz, pertencendo desde o século X ao Califado de Córdova. Em 1167, D. Afonso Henriques conquistou a fortaleza, mas esta voltaria ao domínio dos mouros em 1191 e só seria definitivamente reconquistada pela Coroa portuguesa em 1242. Mais tarde, em 1312, D. Dinis ordenou a sua total reconstrução.

No período pós-Restauração, devido à sua importância estratégica, a fortaleza medieval foi adaptada à artilharia seiscentista, tendo sido executadas obras seguindo o plano de autoria de Nicolau de Langres. A partir de 1662 e durante seis anos foi ocupada pelas tropas de D. João de Áustria, só regressando à posse da Coroa portuguesa na Paz Geral de 1668. 

Com o terramoto de 1755 a fortaleza foi bastante afetada, principalmente a área de edificação seiscentista, tendo sido então reconstruída. Também se construiu um fortim nas muralhas junto ao Guadiana, para aportarem as barcas. No início do século XIX, durante a Guerra Peninsular foi tomada pelo exército de D. Manuel Godoy, sendo só recuperada em 1808. Depois entrou progressivamente em decadência, sendo despovoada em 1920.

Com planta de modelo poligonal, o monumento é constituído por duas cinturas de muralhas, uma interna, onde se situa a torre de menagem, e outra externa, sendo esta de tipo abaluartado, com planta estrelada. No espaço interior da fortaleza foram edificadas as igrejas da Misericórdia e a Matriz, e também os antigos Paços do Concelho e respetiva cadeia, e ainda uma cisterna de planta retangular que abastecia a população. 

Atualmente, no interior do recinto muralhado existem as ruínas das duas igrejas, da cadeia e dos antigos Paços do Concelho. Em termos paisagísticos, a antiga fortaleza possui uma localização privilegiada, no que respeita ao domínio visual dos territórios português e espanhol.

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