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“O Globo de Saramago – 1993” no Évora Teatro Fest

Fundador, diretor artístico e encenador do Leirena Teatro, Frédéric da Cruz Pires criou “O Globo de Saramago – 1993”, espetáculo que constitui a proposta para este sábado do Évora Teatro Fest. Será pelas 21h30, no Salão Central Eborense.

“O Ano de 1993” foi publicado em 1975 por José Samarago, e é habitualmente classificado como o último livro da “fase poética” do prémio Nobel da Literatura. Trata-se de um conjunto de pequenas histórias, a formarem uma só, nas quais se narra “a jornada de pessoas contra a perseguição e a violência provocadas por forças autoritárias responsáveis por submetê-las ao controle e à hostilidade”, como resume Fernângela Diniz da Silva, acrescentando que, no entanto, “essa gente resiste e procura lutar coletivamente para reconquistar o seu lugar de direito”.

O próprio Saramago diria ter começado a escrever este livro antes do 25 de Abril. “Foi por desespero que o principiei”, contou. “Depois veio a Revolução, e o livro pareceu ter perdido o sentido. Se, como se dizia, o fascismo estava morto, para quê falar mais em dominadores e dominados? Sabemos hoje que o fascismo está vivo, e eu fiz o meu dever publicando o livro”.

Foi a partir deste livro, ou melhor, de sete dos seus 30 contos, que Frédéric da Cruz Pires criou o monólogo “O Globo de Saramago – 1993”, que leva hoje ao Évora Teatro Fest, iniciativa de A Bruxa Teatro a decorrer durante todo o mês de outubro no Salão Central Eborense. Tal como na obra literária de José Saramago, a peça “procura criar um jogo contemporâneo que foge aos cânones, às regras, e que nos deixa pela corrente das palavras e do pensamento”. 

“Todo o jogo teatral”, refere a companhia, “decorre dentro de um globo insuflável”, aqui transformado “num casulo de situações melancólicas, intensas e íntimas, onde prevalecem os pensamentos e tentações de um homem insatisfeito que habita dentro da sua própria caverna”.

Em palco está o próprio Frédéric da Cruz Pires, num espetáculo em três atos – “A Cidade”, “As Montanhas” e “A Reconquista” – que conta com a música eletrónica original da artista Surma.

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