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“Alentejo merece mais do que extrativismo e exploração”

A “falta de políticas” contra a seca e críticas à agricultura intensiva foram temas que marcaram a passagem por Évora da coordenadora do Bloco de Esquerda, num jantar de campanha para as legislativas.

“Queremos campos onde se possam voltar a ouvir os pássaros. E queremos ouvir um cante novo, em todas as línguas de quem aqui vive e trabalha. O Alentejo merece todos os cantes, de todas as línguas, merece muito melhor”, disse Mariana Mortágua, num discurso onde criticou um modelo económico “assente” em explorações agrícolas superintensivas e no “abuso” de trabalhadores, sobretudo migrantes.

“A responsabilização, incluindo criminal, de todos os que ganham com o abuso sobre os trabalhadores migrantes é o caminho para fazer justiça, mas a mudança de modelo é o que protege todo o Alentejo. Respondemos a essa mudança com seis prioridades, com seis urgências”, sublinhou Mariana Mortágua, defendendo que o licenciamento de novas estufas e de explorações superintensivas deve ser “parado” e que é urgente “travar o abuso laboral e acolher os imigrantes”.

Outra das propostas do Bloco é tonar obrigatória uma “avaliação integrada de impacto ambiental e social” destas explorações, e impor medidas para a redução dos consumos de água e da utilização de pesticidas. Além disso, frisou, “é preciso começar já a reconversão da produção que existe para um modelo de futuro. Se queremos futuro então precisamos num modelo económico de futuro”.

“Nunca vi, como agora, tanto azeite produzido no Alentejo e tanta gente que não consegue aceder ao azeite porque o preço não para de subir. Para onde é que vai o azeite produzido no Alentejo?”, interrogou a coordenadora do Bloco de Esquerda, num discurso onde criticou a extrema-direita por “apontar o dedo aos mais frágeis”, entre os quais os imigrantes, muitos deles vítimas de redes de tráfico de seres humanos.

“Como pode quem cria a riqueza do país com o seu trabalho, quem contribui 1.600 milhões de euros todos anos líquidos para a segurança social, ser culpado pela miséria em Portugal quando estão a ajudar as pensões dos mais velhos que hoje estão reformados”, disse Mariana Mortágua, segundo a qual “os milhões encaixados nos recordes de produção agrícola não ficam no Alentejo”, antes “saiem depressa, no bolso das multinacionais, no bolso dos fundos financeiros internacionais”.

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