Fez-se história na Baja Portalegre 500 e, mais uma vez, perante milhares de espectadores. Um “aranhiço” venceu, pela primeira vez a clássica das clássicas do todo-o-terreno, através da dupla Miguel Barbosa/Paulo Fiúza (Taurus). Foi, também, a estreia em triunfos deste tipo de veículo numa prova da Taça do Mundo FIA de Bajas. Marco Barbosa (texto) e Paulo Maria / ACP Motorsport (fotografia)
Depois de dois dias de intensa competição, nas pistas de terra do Alto Alentejo e Ribatejo, igualmente destaque para os sucessos de Hélder Rodrigues (SSV), Martim Ventura (Motos), Luís Fernandes (Quads), Ricardo Silva (Promoção & Hobby) e Bernardo Caiado (Mini Baja), nas respetivas categorias. Quase 400 equipas participaram na prova organizada pelo Automóvel Club Portugal.
Nasceram como veículos de lazer, mas, em 2008, fizeram os primeiros quilómetros em competição, precisamente na Baja Portalegre 500. Desde então que os SSV, vulgarmente conhecidos por “aranhiços”, ganharam popularidade. O segredo do sucesso? A simplicidade e robustez da mecânica, a crescente competitividade e o reduzido custo de aquisição, comparativamente a um tradicional carro ou protótipo desenvolvido para o todo-o-terreno de competição.
E 16 anos depois da estreia, um “aranhiço” venceu pela primeira vez a Baja Portalegre 500, depois de já em, em 2023, ter cometido a proeza de terminar no derradeiro lugar do pódio. O autor da proeza, Miguel Barbosa não triunfava nesta prova desde 2007. “Melhor era impossível. Vencemos e fizemos uma boa prova. Parabéns a toda a equipa e ao Paulo (Fiúza), que fez um trabalho fantástico. É a quarta vitória numa prova muito especial”, sublinhou o piloto do ACP.
Aos comandos de um Polaris, a dupla Gonçalo Guerreiro/José Sá Pires assegurou a segunda posição: “Um excelente resultado, que nem sequer era expetável antes da prova. Tanto à geral como em T4 foi perfeito. Estou muito contente. Obrigado à equipa e ao meu navegador”, afirmou o piloto.
Depois de um currículo notável nas duas rodas, Hélder Rodrigues (CAN-AM) tem apostado nos SSV para dar continuidade à sua carreira e, na edição deste ano da Baja Portalegre 500, o lisboeta repetiu a vitória do ano passado. A prova era longa e dura. Fui atacando, sempre concentrado e, no fim, consegui vencer. Sabe muito bem ganhar outra vez”, referiu.
ANTÓNIO MAIO NÃO REPETIU TRIUNFO
Com 24 anos e dois anos depois de não ter subido ao lugar mais alto do pódio por um escasso décimo de segundo, Martim Ventura (Husqvarna) estreou-se a vencer na Baja Portalegre 500 em motos. “Ganhar aqui, depois de ter começado na Mini Baja com 11 anos e, ao mesmo tempo, ser campeão nacional, é um sonho de criança tornado realidade. Dedico esta vitória ao meu pai e ao Pinhel (mecânico), pessoas que perdi, mas que foram importantíssimas na minha vida e na minha carreira”, afirmou o piloto ACP.
Bruno Santos (Husqvarna) foi o segundo classificado: “Portalegre é sempre muito divertido para mim. Este ano estava molhado, mas sem excesso de água, pelo que tivemos bastante tração. Infelizmente não foi possível ganhar, mas coloco novamente o meu nome no pódio e sem lesões, o que é importante para o futuro. Novidades em breve”.
Depois de ter sido o mais rápido no dia de abertura, uma queda e um problema no acelerador da sua mota comprometeram as ambições de António Maio (Yamaha), que procurava conquistar a nona vitória na prova. O piloto militar da GNR terminou em quarto classificado, precedendo Tomás Dias (Honda).
LUÍS FERNANDES VOLTA A TRIUNFAR NOS QUADS
Três anos depois da estreia no lugar mais alto do pódio nos Quads, Luís Fernandes (Yamaha) repetiu a proeza. “Não há palavras… Trabalho muito para isto. Quero dedicar esta vitória à minha família, principalmente ao meu tio e ao meu avô, que estão a passar por bastantes dificuldades. Foi uma prova muito dura… Perdi o banco na parte final e sofri um bocado. É Portalegre” disse, no final da prova.
O vencedor das duas últimas edições, João Vale (CAN-AM), quedou-se pelo segundo lugar. “Claro que quero sempre a vitória, menos do que isso é derrota… Contudo, recuperei bastantes lugares, consegui passar quase todos os concorrentes diretos. Terminei em segundo e, em termos de campeonato, mantenho a mesma posição. Vamos para a última prova para sermos campeões”, promete.
A 38.ª edição da Baja Portalegre 500 voltou a consolidar a prova como uma das mais importantes e prestigiadas do calendário da Taça do Mundo FIA de Bajas, com o público, mais uma vez, a responder em grande número.