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Mal chove, a água invade as casas na Rua de Santo António

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo fotografia

Sempre que chove, Josefa Passaradas, 83 anos, vê a sua casa, na Avenida de Santo António, em Estremoz, ser inundada. O problema arrasta-se há anos. Mas, segundo a idosa, “agravou-se desde que fizeram a nova rotunda”.

Diz Josefa Passaradas que as inundações, em casa, têm vindo a agravar-se. “Desde que fizeram a rotunda, toda a água é encaminhada para aqui, e nós é que sofremos. Talvez sejam os canos que estão entupidos pois a água já não vem limpa”.

A idosa diz já ter feito “queixa” à Câmara de Estremoz. Mas o problema continua por resolver. “Quando começa a chover abrimos a porta da casa ao lado, onde não vive ninguém, e colocamos uns sacos da areia e uns trapos junto à porta da cozinha. Se não fosse isso já tínhamos morrido dentro de água. Todos os dias temos que colocar sacos de areia atrás da porta”.

Mal começa a chover, o chão da casa fica todo molhado. “Na casa de banho tenho estas bacias preparadas para recolher a água. Na sala, a estante está toda estragada. Na cozinha tivemos de colocar uns estrados por baixo do frigorifico e da máquina de lavar a roupa. Se não fosse isso já tinham avariado. Já houve um dia em que a água entrou pelo quarto”. 

Com 83 anos, Josefa Passaradas não esconde o “desespero” pelo arrastar do problema, nem a “angústia” sempre que chega a época das chuvas. “Isto tem dado cabo de mim. Quando os bombeiros aqui chegam retiram a água, mas depois sou eu que tenho que desarrumar tudo para tirar a lama que fica por todo o lado. Com a minha idade chego a demorar três dias para fazer esse trabalho. A minha sorte, se é que se pode dizer assim, são as pessoas amigas que me ajudam”.

Antiga trabalhadora agrícola – “de semana ia para os patrões, depois comprámos dois olivais e, aos fins de semana, apanhávamos a nossa azeitona” – Josefa conta “ter-se fartado de trabalhar” para “comprar este cantinho”, na Rua de Santo António, em Estremoz. “Vejo-me nesta tristeza! As pessoas, quando me encontram na rua, sempre que chove, perguntam-me se não tive água dentro de casa. Antigamente isso só acontecia quando havia grandes enchentes. Agora, mal caem umas pingas, ficamos logo com a casa cheia de água”.

A idosa revela já se ter deslocado à Câmara, na esperança de ver o problema resolvido. “Falei com o atual e com os outros presidentes, mas ainda nada. Agora, quando houve a primeira enchente, num dia em que a água chegou ao quarto, era meia-noite e o presidente de Câmara veio cá e disse que esta situação se ia resolver mas está tudo na mesma”.

Em reunião de Câmara, José Daniel Sádio reconheceu que a situação “é dramática” para os moradores. “Tudo faremos para que seja o último inverno em que as pessoas tenham de viver este drama a que assistimos e que persiste há muitos, muitos anos. Será uma prioridade”.

Outra moradora na rua debate-se com o mesmo problema. E acrescenta que a situação “agravou-se ainda mais” com as recentes obras na Avenida de Santo António. “Parece que as águas estão todas as escorrer para aqui. A juntar a isto está o facto da conduta não ter vazão e estar entupida”. Assim, acrescenta, quando começa a chover o quintal “fica totalmente alagado” e a água já entrou dentro de casa.

“Toda a vida trabalhámos para ter as nossas coisas e custa um bocadinho vê-las estragarem-se. A nossa saúde também pode ser afetada”, diz esta moradora, segundo a qual, da última vez, “a água era tanta que os bombeiros tiveram de deitar abaixo o portão da minha vizinha”. 

Em declarações ao “Brados do Alentejo”, o segundo comandante dos Bombeiros de Estremoz, Januário Coradinho, diz não saber precisar “as vezes que já fomos chamadas para retirar a água” das casas nessa rua, “O problema resulta do facto dos coletores que existem não serem suficientes para recolher as águas das chuvas. Neste momento estão contratualizadas obras para resolver este problema. Enquanto não for resolvido, as casas irão continuar a meter água”, conclui.

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