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Mais uma morte nas minas do Alentejo. É a 10.ª desde 2015

A morte de um trabalhador que, na tarde desta segunda-feira, ficou soterrado na mina de Neves Corvo, em Castro Verde, fez elevar para 10 o total de vítimas mortais nas minas alentejanas desde 2015. Seis outros trabalhadores sofreram ferimentos graves.

A contabilização é feita pela SW Portugal e atualiza o levantamento de acidentes no fundo das minas alentejanas publicado em outubro de 2022 pela revista “Visão”.

De acordo com fonte da Proteção Civil, o acidente desta tarde ocorreu na sequência de uma derrocada a cerca de mil metros de profundidade. Na sequência da derrocada o trabalhador, de 42 anos, natural de Albernoa e residente em Castro Verde, ficou soterrado, tendo sido iniciadas de imediato operações de resgate. O acidente terá sido provocado pelo abatimento do tecto da galeria onde trabalhava.

Percebeu-se desde logo que o resgate com vida seria “muito difícil” de conseguir uma vez que, como explicou ao “Expresso” António Minhoto, mineiro e dirigente da Associação dos ex-Trabalhadores das Minas de Urânio, “o operador estava dentro da máquina, quando abria uma frente de trabalho, pelo que a profundidade da mina e toda a rocha” que caiu tornavam “difícil” chegar com rapidez junto da vítima.

As causas do acidente estão a ser investigadas pela Autoridade para as Condições do Trabalho, que mobilizou para o local uma equipa de três inspetores.

Em comunicado, a Somincor confirma que a morte do mineiro ocorreu em “consequência de uma queda de terreno isolada, enquanto operava um equipamento” no fundo da mina. “Estamos profundamente chocados e entristecidos com a sua morte e os nossos pensamentos estão com a sua família neste momento difícil, à qual estamos a dar todo o apoio possível”, refere fonte da empresa à SW Portugal, acrescentando que iniciou “uma investigação às causas” do acidente, estando ainda a “colaborar com as entidades competentes”.

“Neste momento de dor partilhada, a Somincor endereça à família do trabalhador e ao concelho de Castro Verde o testemunho do mais sentido pesar pela perda e a reafirmação da solidariedade com os familiares, com todos aqueles que trabalham na nossa operação e com as nossas comunidades”, sublinha a mesma fonte, indicando que as atividades da mina se encontram “suspensas até indicação contrária”.

Em declarações à Lusa, Hugo Vazeira, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), revelou que o mineiro estava a operar “uma máquina giratória”, na altura da derrocada. “Estava a fazer o ‘saneamento’ da frente, ou seja, a remover pedras soltas que ficam após o rebentamento da frente. Para se chegar a terreno firme, têm que ser tiradas as rochas soltas”. Depois da derrocada, a mina foi evacuada e os trabalhadores “reunidos num ponto e deslocados para a superfície”.

Em outubro de 2022 a mina de Neves Corvo foi palco de outro acidente grave, quando um mineiro entrou em paragem cardiorrespiratória após ter sido atropelado por um monta-cargas a 1.200 metros de profundidade, acabando por morrer. Na altura, a empresa disse ter-se tratado de um acidente “trágico” e explicou que tudo aconteceu “quando o trabalhador operava um equipamento móvel no fundo da mina”.

No caso da Mina de Neves Corvo, foram ainda registadas mortes de trabalhadores em 2015, quando um trabalhador perdeu ao vida numa queda de uma plataforma elevatória na lavaria de zinco, em 2020, quando uma derrocada deixou soterrado um mineiro, e em março de 2022 quando um mineiro morreu por inalação de monóxido de enxofre. A mina é explorada pela Somincor, detida pela Lundin Mining, uma empresa de capitais suecos e canadianos.

Já nas Minas de Aljustrel, o último acidente foi registado em 2022 e resultou na morte de um jovem de 20 anos que “ficou preso” quando se encontrava a trabalhar na lavaria, entrando em paragem cardiorrespiratória.

ACIDENTE NA REPSOL

O dia ficou igualmente marcado pela morte de outros dois trabalhadores na fábrica da Repsol Polímeros, em Sines. Os dois homens, caíram de uma altura de 30 metros, quando se encontravam a trabalhar num andaime. Fonte da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) avançou à Lusa que o acidente ocorreu quando os dois trabalhadores se encontram a “desmontar” uma estrutura. As vítimas, de nacionalidade brasileira, tinham 21 e 37 anos.

Numa nota enviada à SW Portugal, a Repsol disse “lamentar profundamente” o sucedido e revelou estar em “contato permanente com a empresa prestadora de serviços”, para quem as vítimas trabalhavam, tendo aberto “uma investigação” às causas do acidente.

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