Ana Luísa Delgado, texto | Gonçalo Figueiredo, fotografia

A assembleia geral eleitoral está marcada para o próximo dia 22 de julho. Joaquim Trincheiras recandidata-se a um novo mandato como presidente do Sport Clube Borbense.

Em entrevista, explica os motivos da recandidatura e a continuidade da aposta no futebol de formação. “A maioria dos elementos que integra esta direção já aqui se encontra há mais de 13 anos e a saturação era muita. Mas, entretanto, atendendo às circunstâncias de não haver muita gente a querer intervir diretamente na vida do clube, para não o deixarmos cair, a grande maioria da atual direção vai recandidatar-se e vamos para mais um mandato de dois anos”, refere.

Que balanço faz do trabalho que tem vindo a realizar?

A modalidade nobre do Borbense é o futebol, temos a equipa sénior e a formação… a equipa sénior já reflete muito o trabalho que temos vindo a desenvolver ao nível da formação, pois uma grande maioria dos jogadores do plantel sénior começou nos escalões de formação e isso é um trabalho a que damos destaque. Acompanhar essa evolução desde os benjamins, com 10/11 anos, até chegar aos seniores é algo de gratificante para nós e dá-nos força para continuar. Dedicamos o nosso trabalho e o nosso tempo à formação, eles estão presentes e é gratificante ver que uma larga maioria dos miúdos que por aqui passam acaba por integrar a equipa sénior.

Esta foi uma época disputada até ao final.

Estivemos até à última jornada a lutar pela subida à Divisão de Elite da Associação de Futebol de Évora (AFE). Perdemos esse acesso numa meia final, em Montemor-o-Novo. Ficámos em segundo lugar no nosso Grupo [Grupo A, 37 pontos], qualificaram-se os dois primeiros e aí, nessa meia final, perdemos com o Fazendas do Cortiço [derrota por 1/2 em Borba e por 3/2 em Montemor-o-Novo].

Portanto, disputaram a…

… a Liga AFE que, no fundo, corresponde à II Divisão Distrital. Na temporada 2022/23 estavam inscritas na Liga AFE 18 equipas, divididas em duas séries. Os dois primeiros de cada série passaram a um ‘play off’ cujos finalistas conquistaram um lugar na Liga Elite, não sei se sobem ou não.

Há mais vida para além do futebol aqui no Borbense?

A modalidade nobre é o futebol, é por aí que vai grande parte do nosso esforço, mas estamos recetivos a outras atividades. Damos guarida, se assim se pode dizer, a quem quiser praticar a pesca desportiva. Tivemos a iniciação de andebol, que entretanto ficou parada, tivemos também o futsal, mas sobretudo nos escalões de formação, numa altura em que os alunos estavam a estudar aqui na região. Quando chegaram ao escalão de juniores começaram a dividir-se pois alguns foram estudar para outros locais. Esse é um problema, quando chegam ali aos 18/19 anos vão estudar para fora, já não regressam com tempo para a prática desportiva e as modalidades “perdem-se”.

O que é que irá fazer de novo?

Estamos a dar outro impulso à direção, com a inclusão de alguns novos elementos, para tentar promover outras atividades desportivas, como o atletismo, que vem do desporto escolar e que podemos aproveitar por atendendo às condições que temos no parque desportivo. Temos também as piscinas municipais cobertas, ao lado do campo de futebol… estamos disponíveis para dar apoio ao desenvolvimento das mais diversas práticas desportivas, apesar de a modalidade nobre continuar a ser o futebol, pois é aqui que existe maior adesão das crianças e dos pais.

A aposta continuará a ser feita no futebol de formação?

Sem dúvida… somos um dos clubes do distrito de Évora que está certificado com “três estrelas” pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o que nos dá uma projeção diferente em relação a outros clubes que estão a trabalhar para ter essa certificação. O Borbense, pelo terceiro ano consecutivo, tem essa certificação, o que nos dá alguma projeção até a nível nacional pelo facto de sermos reconhecidos pela FPF.

Os clubes queixam-se sempre da falta de verbas. Qual a situação do Borbense?

Quem está deste lado, na direção dos clubes, queixa-se sempre da falta de verbas…. Vamos dando o passo consoante as calças permitem, como diz o povo. Temos receitas para fazer face às despesas do dia a dia, mas quando precisamos de um autocarro para transportar uma equipa é a autarquia que nos cede, de forma gratuita. Quando precisamos de espaço para treinar, temos de recorrer à Câmara Municipal. Isso tudo quantificado representa uma verba de alguma dimensão. No futebol de formação, tal como acontece na natação, ou no hipismo, o atleta paga uma mensalidade e com isso, em cada equipa, com cerca de 24 atletas, estamos a pedir uma comparticipação de 10 euros por mês, o que dá para pagar uma compensação à equipa técnica, ao lanche a todas as equipas. A nível de equipamentos, temos sempre dois ou três patrocinadores. O que se reflete mais nas despesas do clube é o futebol sénior, pois temos de garantir as taxas de jogo e de policiamento, verbas substanciais, e à entrada nos campos fazemos uns sorteios que por vezes dão para suportar essas despesas. Não dá para grandes despesas mas, sou sincero, nesta altura as contas estão equilibradas.

Quanto a instalações?

Temos a sala de jogos, com dois snookers e um bilhar, que é explorada por nós, temos um salão recetivo a receber propostas de particulares para realizar eventos, e exploramos esses espaços. É uma forma de angariarmos algumas verbas.

Quer dizer que, neste momento, o Borbense não tem problemas econó- micos?

A nossa realidade, como andamos, para o dia a dia, necessitamos da ajuda de todos mas não temos a aflição de chegar ao fim do mês e faltar verba para suportar os compromissos assumidos. Quem joga no Borbense não recebe nada. Se tivéssemos um orçamento superior poderíamos dar um outro impulso à prática desportiva, mas neste momento não estamos virados para esse caminho. Queremos consolidar o futebol de formação, levar os miúdos da formação até aos seniores… temos sempre jogos com municípios vizinhos, o que a nível de receita de bilheteira é o ideal para nós. Ainda assim, mais época, menos época, vamos querer dar o salto para outro patamar.