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Luís Godinho: “Das decisões nas nossas costas” (opinião)

Luís Godinho, jornalista | Opinião

Bom, e eis que em poucos dias ficamos a saber que, afinal, não haverá tão depressa um referendo à regionalização e que o Alentejo, muito provavelmente, deixará de ser considerada “região de convergência” no próximo ciclo de fundos comunitários o que significará, pelas contas do presidente da CCDR Alentejo, um corte aí de 600 milhões de euros nos apoios de Bruxelas. 

Não está mau para quem se deixa entreter pelas conversas da treta da coesão territorial. O que conta mesmo, como assim se comprova, são os caprichos e as vontades do Terreiro do Paço. Quem pode manda, obedece quem deve. 

No caso da regionalização, dizia António Costa em julho de 2022, depois de o novo presidente do PSD ter retirado o partido deste debate: “Não se pode deixar de fazer o referendo porque se tem medo de ouvir os portugueses”. Nove meses depois, hélas!, eis que a vontade já é outra, pois face à posição do PSD, diz a ministra Ana Abrunhosa, “não faz qualquer sentido falar de referendo”. 

Ao excluir a regionalização, Luís Montenegro torna-se corresponsável pelo abandono do Alentejo, sem gente nem perspetivas, mas o Governo não pode simplesmente assobiar para o lado, aproveitar o pretexto e deixar por terra a única reforma que terá verdadeiramente um poder transformador das regiões de baixa densidade. Com uma região de gente eleita “fiava mais fino” a conversa de “esvaziar” o Alentejo de uns bons milhões e de considerar o desenvolvimento de Barrancos ao mesmo nível do das Avenidas Novas. 

Entra a Lezíria, sai a Lezíria, a “coisa” ajeita-se de acordo com as conveniências, qual debate, qual oposição… os tipos são poucos e o Eurostat já aprovou, que é o que interessa. Vale, ao menos, que a bazuca está em pleno, com uma brilhante taxa de execução de 5%. Ao menos isso. Ainda faltam mais de dois anos e o tempo está de feição para obras públicas. 

Triste a região que, resignada, se limita a encolher os ombros. Conhecem alguma assim?

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