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Luís Godinho: “Celebrar Abril é recusar derivas populistas” (opinião)

Luís Godinho, jornalista | Opinião

Estamos a celebrar o “dia inicial inteiro e limpo” que foi o 25 de Abril de 74. A madrugada que gerações de portugueses esperaram com sacrifício das suas vidas pessoais, o momento em que, enquanto país, “emergimos da noite e do silêncio”, a linha a partir da qual passámos a habitar a “substância do tempo”, parafraseando o poema de Sofia de Mello Breyner, uma das mais lúcidas intérpretes desta coisa estranha que é ser português.

A democracia celebra 49 anos. É uma democracia consolidada, apesar de todos os casos e casinhos decorrentes das trapalhadas do Governo de António Costa, da confusão entre Estado e partido, ou da ameaça da extrema-direita que aos poucos vai sequestrando os partidos ditos social-democratas. Celebrar Abril é recusar as derivas populistas, é afirmar que o povo é quem mais ordena, expressando a sua vontade nas urnas, e reconhecer que as instituições democráticas nascidas com Abril funcionam de forma regular, o que nos abre horizontes de esperança em relação ao nosso futuro coletivo.

Há riscos, claro. A começar pela desigualdade gritante que afeta os mais fracos: 7,9% dos idosos deste país vivem em “privação material e social severa”. É um retrato indigno. Como é inaceitável que milhares e milhares de jovens, a geração mais qualificada de sempre, subsista de forma miserável com contratos precários, não tenha a mínima possibilidade de construir um futuro, porque não pode comprar casa, porque tem de se preocupar com as contas no momento de constituir família.

Uma sociedade que não cuida dos velhos e que não favorece os jovens é uma sociedade inviável. E é uma sociedade onde os valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade tendem a ser cada vez mais relativizados.

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