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Luís Assis (opinião): “Decisões políticas bizarras”

Luís Assis, advogado | Opinião

A cultura não é, nem tem sido, uma área de adesão fácil para as pessoas e muito menos será se não se lhe derem condições de conforto para que possam assistir aos espectáculos, não podendo, depois, queixarem-se, as entidades, da falta de adesão. O Teatro Bernardim Ribeiro, celebrou este ano 100 anos de existência, com direito a gala e iniciativas comemorativas, tendo o presidente da Câmara realçado a sua importância no âmbito da cultura no concelho e no distrito, pretendendo promovê-lo a nível nacional.

Mas como não há bela sem senão, o tão gabado teatro pelo presidente da Câmara, não oferece, neste momento, as condições mínimas de conforto, quer para os espectadores, quer para os artistas, uma vez que tem o ar condicionado avariado.

Perante esta reclamação, a resposta foi, no mínimo, insólita: “tragam mantas e cobertores para não terem frio”, porque o ar condicionado só será reparado por alturas de junho… Com atitudes deste calibre, não se podem, depois, queixar, que não têm espectadores na sala e que as pessoas não se interessam pela cultura. 

Sendo a resposta dada a mais insólita que se possa imaginar, é ainda mais insólito que a Câmara não tenha dinheiro para fazer a reparação em tempo útil de não prejudicar a realização dos espectáculos programados. E é-o porque não passa pela cabeça de ninguém, com bom senso, que não se preveja no orçamento camarário para 2023 uma rubrica de despesas de reparação e manutenção de equipamentos, com um valor devidamente orçamentado, na qual têm que estar previsto os imprevistos, porque os equipamentos não informam quando vão avariar. 

Pior se torna quando se sabe que transitou para o ano corrente de 2023 um excedente de saldo orçamental do ano de 2022, na ordem de milhões de euros, que podia e devia colmatar a inexistência de um valor da rubrica de despesas de reparação e manutenção de equipamentos. 

Com decisões políticas bizarras desta natureza, não se percebem as proclamações feitas pelo presidente da Câmara, aquando das celebrações do centenário do Teatro Bernardim Ribeiro, nem como quer projetá-lo a nível nacional, sem condições mínimas de funcionamento. Como é que quer atrair espectadores e artistas para o teatro se o mesmo não tem condições de funcionamento?

Servir cultura gelada poderá ser uma nova tendência artística inventada por políticos, mas creio que não terá qualquer adesão do público e dos artistas! 

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