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Luís Assis (artigo de opinião): “Coisas sem nexo”

Luís Assis, advogado | Opinião

As recentes obras de alindamento no Rossio Marquês de Pombal deram à estampa coisas onde podemos observar o que é projetar equipamentos sem nexo nenhum, sem funcionalidade nenhuma.  As novas bancas da fruta são o exemplo de como quem projeta não tem em consideração a funcionalidade do espaço que projetou, o destino que vai servir, nem as pessoas que dele se vão utilizar. 

São espaços forrados a vidro o que, para o Alentejo, em pleno verão, com temperaturas superiores a 40 graus é simpático para cozer a fruta, os legumes e hortaliças, posto que, não tem qualquer ventilação, nem um toldo que proteja os alimentos do sol direto a bater no vidro.

O projetista teve em consideração o trabalho que os clientes têm a cozer os alimentos em casa e, desta forma, poupam não só trabalho, que fica livre para outras atividades, como também poupam gás ou eletricidade. 

A sua conceção também deve ter levado horas e horas de trabalho, porque não é fácil imaginar que a porta de acesso, que tem fechadura, se situa na ponta oposta à do balcão. É como fazer a porta de entrada de uma casa pela casa de banho ou por um quarto.

Como o acesso se faz pelas pontas opostas à do balcão de atendimento, a disposição dos cestos dos alimentos fica confinada ao centro do espaço, roubando área de circulação. Trata-se, pois, de uma forma avançada de combate ao furto de alimentos, evitando, desta forma, que o dono gaste dinheiro em câmaras de videovigilância e é um desincentivo aos amigos do alheio, porque ficam encurralados. 

A existência de um degrau também foi pensada para que as pessoas mais idosas e com dificuldades de mobilidade, tenham ali uma oportunidade de praticar exercício físico e mental, caso contrário tropeçam e, se se descuidam, saem diretas pela porta oposta. 

No inverno, como os clientes têm a possibilidade de desfrutar da chuva e do frio que se fizer sentir, juntam o momento de ir às compras com a lavagem da roupa, poupando, desta forma a máquina de lavar e de secar, sendo certo que os alimentos chegam a casa fresquinhos. 

O único senão é que os vendedores perderam espaço, têm menos quantidade de produtos para vender, continuam a não ter condições mínimas para exercer a sua atividade, pagando por um espaço que não serve para coisa nenhuma. Tudo isto foi pensado ao pormenor, com esmero e dedicação para o bem-estar dos clientes e vendedores.

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