A construção da nova linha ferroviária entre Évora e Elvas, a maior obra ferroviária do país nos últimos 100 anos, vai demorar mais tempo do que o previsto. Muito mais. E vai custar mais dinheiro do que o inicialmente contratado. Pelo menos mais 38 milhões de euros.
De acordo com o “Negócios”, que consultou contratos publicados no portal Base e no Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), a construção destes 90 quilómetros de linha já custa hoje mais 38 milhões de euros do que o valor inicialmente previsto. Ou seja, dos 339 milhões de euros contratados pelo Estado em 2019 a obra passou para 377 milhões de euros.
Segundo o “Negócios”, a explicação para este aumento reside na realização de “trabalhos complementares”, na aplicação do “regime extraordinário de revisão de preços” criado em 2022 e na “reposição do equilíbrio financeiro de contrato devido à alteração anormal e imprevisível de circunstâncias”, ou seja, ao aumento do custo das matérias-primas.
Além de mais cara, a obra está também atrasada. Em curso está a construção de três troços, adjudicados há quatro anos. No troço Évora Norte-Freixo o preço aumentou 21,5% (mais 10 milhões de euros), face ao contrato assinado, sendo que o prazo para a conclusão da obra passou dos 540 dias inicialmente contratados para 1165 dias, mais do dobro.
Ainda de acordo com o “Negócios”, no troço Freixo-Alandroal, com um investimento previsto de 74,7 milhões de euros e um prazo de execução de dois anos, não existe até ao momento “qualquer modificação contratual” publicada.
Já no troço Alandroal-Linha do Leste, o valor a pagar pelo Estado passou de 130,5 para 155,9 milhões de euros (mais 19,5%), sendo que a conclusão da obra atrasou mais de dois anos. Deveria ter sido concluída em 2021, mas só agora está na reta final.
O projeto envolve ainda um outro contrato, para a construção do sub-troço Évora-Évora Norte, assinado em 2021, cujo custo aumento de 87 para 89,5 milhões de euros, devendo a obra estar concluída em julho de 2024.