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Ligação ferroviária Évora/Elvas com dois anos de atraso

As obras deveriam ter sido concluídas em 2022, mas só agora entram na reta final. Segundo a Infraestruturas de Portugal, só no próximo ano é que a ligação ferroviárias Évora/ Elvas entrará em operação.

Francisco Alvarenga (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

Os trabalhos da nova linha ferroviária entre Évora e Elvas deverão ser concluídos ainda no primeiro semestre deste ano, por forma a que a linha esteja operacional em 2025, garantiu o presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Miguel Cruz, numa recente visita às obras ainda em curso. Foi a primeira vez que os jornalistas acompanharam uma visita técnica a esta linha, numa viagem em automotora entre Évora e o Freixo (Redondo).

Depois de concluídas as obras, acrescentou o presidente da IP, ainda será necessário executar trabalhos adicionais, incluindo sinalização, pelo que a entrada em exploração da linha não acontecerá antes do próximo ano, permitindo a circulação de comboios a uma velocidade de 250 quilómetros por hora, no caso dos passageiros, e de 120 quilómetros por hora, no que diz respeito ao transporte de mercadorias.

“Temos dado particular destaque à circulação de mercadorias, até por causa da ligação a Espanha, mas a linha está preparada para as duas funções, mercadorias e passageiros, e isso introduziu uma complexidade significativa do ponto de vista do cumprimento dos requisitos técnicos”, sublinhou Miguel Cruz.

O mesmo responsável lembrou que a ligação entre Évora e a fronteira do Caia está incluída no projeto de criação do Corredor Internacional Sul, que irá ligar Sines à fronteira com Espanha, num investimento global superior a dois milhões de euros que permitirá reforçar a competitividade do transporte ferroviário “através da redução de tempos de percurso e custos de transporte”, aumentar a capacidade de transporte e “melhorar” as ligações ferroviárias entre os dois países. “Mais de 80% dos investimentos previstos estão em fase de obra ou concluídos”, garantiu.

A visita foi acompanhada pelos presidentes das Câmaras de Évora e de Redondo, e pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, segundo o qual este será “o primeiro troço de linha de alta velocidade em Portugal”. Ainda de acordo com o secretário de Estado, a linha foi construída, “desde o início”, a pensar nas mercadorias e nos passageiros. “Mesmo não estando planeadas estações de passageiros ao longo do seu trajeto, vai servir, por exemplo, para colocar Elvas a menos de duas horas de comboio de Lisboa”, frisou Frederico Francisco, dizendo ser então “possível criar-se um serviço de passageiros entre Lisboa e Madrid decente”. Recorde-se que, atualmente, nem sequer existe ligação ferroviária entre as duas capitais.

Quanto ao transporte de cargas, permanece em aberto a construção de, pelo menos, uma plataforma logística na região, prevista para o concelho de Alandroal. “Aquilo que temos que demonstrar é que conseguimos, juntando as cargas da região, gerar qualquer coisa como três ou quatro comboios cheios por semana e, a partir daí, é uma questão de escolher a localização mais adequada”, sublinhou.

O presidente da Câmara de Redondo, David Galego, lembra que esta é também uma promessa do Governo. Essa hipótese, lembrou, “já foi estudada e economicamente é viável. Financeiramente ainda não existe dimensão para que ele aconteça, mas a verdade é que o interior do país pode ter aqui um ponto de atratividade muito forte e bem sabemos que no Alentejo temos necessidade de atrair cada vez mais investimento empresarial”.

Segundo o autarca, a ideia é construir um cais de cargas e descargas, juntamente com uma plataforma logística e uma área de desenvolvimento industrial na confluência dos concelhos de Alandroal, Redondo e Vila Viçosa. “É um investimento fulcral para o desenvolvimento destes territórios do interior”, referiu David Galego, sublinhando que a região “não pode perder” esta oportunidade.

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