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José Mário Gaspar: “Estremoz precisa de criar desenvolvimento”

José Mário Gaspar, gestor | Opinião

No evento de vinhos Cultourwine, realizado no dia 15 de junho no museu Berardo, o senhor presidente da Câmara de Estremoz anunciou com pompa e circunstância que “… terá lugar um congresso do vinho e de vinha com o tema da criação da região demarcada de Estremoz”. É verdade que cumpriu (das poucas) com o anunciado. Realiza-se dias 29 e 30 um congresso com o tema “História e Património Vitivinícola do Alentejo”, organizado pela empresa História e Memória (com sede em Redondo) e coorganização do Município de Estremoz.

Fiquei interessado, inscrevi-me, penso que o desenvolvimento económico de Estremoz passa pelo alavancar do seu tecido económico, ou seja, pela criação de mais valor nas nossas empresas. Qual não foi o meu espanto, admiração e um pouco de irritação, quando tive conhecimento do programa do referido evento, constituído por sete painéis temáticos, nenhum dos quais sobre o tema anunciado pelo edil de Estremoz, nem sobre qualquer problemática específica do nosso concelho. Também me espanta, e me admira muito, que entre os vários oradores não esteja ninguém de Estremoz.

Pergunto: não temos enólogos? Não temos empresários? Não temos ninguém ligado ao vinho ou à vinha com condições? Desculpem a ironia, mas os únicos “vinhateiros de Estremoz” que participam são José Daniel Sadio e Hugo Guerreiro.

Não quero pôr em causa a validade e importância que este congresso poderá ter, mas não me parece bem… isto numa terra onde existem muitos hectares de vinha, 20 ou mais adegas e muitas marcas vendidas para todo o mundo. Adegas como a do nosso decano empresário do setor, Júlio Bastos, ou o irreverente e grande impulsionador João Portugal Ramos, no desenvolvimento da implantação de vinhas no nosso concelho e cabeça da empresa vitivinícola que mais postos de trabalho tem a seu cargo e que mais produz anualmente, ou os jovens empresários das família Louro, Mira ou Cabaço, entre outros. Não mereciam estar como participantes/oradores ativos, integrados num evento que tem como organizador o Município de Estremoz?

“Também me espanta, e me admira muito, que entre os vários oradores não esteja ninguém de Estremoz. Pergunto: não temos enólogos? Não temos empresários?”

Em que desorientação vivem os responsáveis do nosso concelho, sem rumo, sem energia ou sem vontade? Qualquer iniciativa que se queira fazer é cortada ou indeferida. Dou como exemplo uma associação de Estremoz que se propôs ocupar um dos pavilhões do mercado para fazer uma enoteca (instrumento para divulgação das empresas e dos vinhos). Depois de longo tempo para resposta, veio indeferida, sem qualquer menção de razão ou porquê! Lembram-me outros tempos …

Estremoz precisa de novo rumo para criar um verdadeiro desenvolvimento económico sustentado, que reúna as empresas da nossa indústria, comércio e serviços, assim como os trabalhadores, as instituições cívicas e sociais e os poderes públicos. É preciso pensar Estremoz, senão continua na rota do declínio e empobrecimento, sem ter qualquer possibilidade de dar aos nosso jovens razões para aqui ficarem a viver, trabalhar e constituírem as suas famílias, pois eles são o futuro e o tesouro de Estremoz.

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