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José Alberto Fateixa: “E o amanhã? Não sabemos” (opinião)

José Alberto Fateixa, professor | Opinião

  • Entendo que Portugal tem gerido bem este momento. Somos um porto seguro do ocidente

Há tempos em que é possível prever com alguma certeza o que vai ser o futuro próximo e só acontecimentos totalmente imprevistos alteram o rumo das vidas dos países e das pessoas. Considero que o embrenhado de situações que com tantas variáveis na conjuntura mundial que vivemos tornam o futuro muito incerto. Enumero alguns exemplos: a desesperança nas instituições, a dificuldade de democracias satisfazerem anseios, o cada vez maior distanciamento entre ricos e pobres, o envelhecimento dos países com sociedades mais evoluídas, a movimentação de milhões de pessoas para os Estados Unidos e a Europa, o avanço do populismo nacionalista, a quebra da comunicação social independente versus o imediatismo justicialista das redes sociais, um maior número de países com governações ditatoriais ou com práticas não democráticas.

As eleições presidenciais nos Estados Unidos da América de 2024, vão indicar se os eleitores querem continuar com o apoio político, militar e económico à Ucrânia ou não. Se ganhar o candidato democrata, esta opção irá certamente continuar, mas se a vitória for do republicano Trump a opção de não apoiar vence o que coloca um desafio ainda muito complexo ao continente onde decorre a guerra, a Europa.

Para os países da Europa Ocidental a componente militar tem funcionado no quadro da NATO e só o Reino Unido tem realmente forças armadas, uma vez que os dos da União Europeia (UE) só a França e a Alemanha têm forças militares com significado. Constato, a crescente influência de forças populistas da direita extremista, com uma agenda nacionalista, protecionista, securitária, estimulantes de tensões racistas, xenófobas e religiosas o que contraria valores fundacionais da UE de democracia, cooperação e convergência. A tudo isto se adicionam os problemas internos de alguns países, de que a França é um exemplo.

Entendo que Portugal tem gerido bem este momento. Somos um porto seguro do ocidente, com uma democracia estável, sem tensões internas de cariz religioso ou racista e com um alinhamento internacional com a Ucrânia e com os nossos aliados ocidentais.

A interminável guerra de invasão da Ucrânia, que aparenta não ter fim à vista, tem mostrado cada vez mais alinhamentos com a Rússia de países de África, Ásia e América Latina, que com o apoio da então União Soviética se tornaram independentes ou por ela foram apoiados. A evolução da guerra mostra também que alguns países da EU começam a pôr em causa o apoio à Ucrânia expondo ainda mais a ausência da componente militar conjunta da UE. No domínio dos cenários, perante a possibilidade real de recuo dos Estados Unidos como vai reagir a UE? Irá a UE manter a coesão? E a NATO que futuro?

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