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“Água, um problema não resolvido no concelho de Estremoz”

José Alberto Fateixa, professor | Opinião

Recomeçou o tempo de chuva, deixamos de falar de água no concelho e o tema salta fora das conversas. Ciclicamente volto a abordar o problema da água no concelho porque o considero muito real, de elevada complexidade e por exigir uma resposta consistente.

Desde 1986, Portugal dispôs de seis quadros comunitários, e grande parte dos concelhos resolveram os problemas estruturais de abastecimento de água, das redes de distribuição e do tratamento das águas residuais. E Estremoz? Faltaria à verdade se não dissesse que, desde então foram, realizadas intervenções que permitiram minorar fragilidades, mas o Município nunca aprovou intervenções estruturais, apesar de vivermos com a insegurança da quantidade nas captações, com percas significativas nas redes de distribuição e com carências no tratamento das residuais.

Tenho exposto a minha preocupação, quer com a grandeza das intervenções e custos associados, quer com a importância de um debate sério e responsável quer com uma aprovação alargada de um rumo estratégico para solucionar estruturalmente o problema. Sempre defendi que há serviços que têm de ser públicos, sendo a água um deles, e nunca concordei nem com a privatização do sistema nem com parcerias com grupos privados. Rejeito a facilidade popularucha da conversa da treta que atira argumentos vazios, baralha, semeia medos, e que não resolve. Se o custo das obras necessárias para resolver o problema da água no concelho era há alguns anos superior a 50 milhões de euros e a capacidade de investimento anual do município rondava para todas as áreas de responsabilidade municipal 2 a 2,5 milhões de euros, que fazer?

Considero fundamental trabalhar a três níveis: por um lado entender como obter financiamentos europeus (municípios podem ou não aceder?), por outro conhecer as evoluções dos sistemas multimunicipais, intermunicipais e municipais (o que de bom e mau aconteceu) e documentar o estado real do concelho, os furos usados (profundidade de colheita e recuperação), vulnerabilidades da rede de distribuição (conservação, pontos mais frequentes de roturas) para fundamentar acordos.

Há 15 anos defendi a proposta de integração do serviço em alta do Município no grupo “Águas de Portugal” que foi rejeitada pela maioria PSD e CDU e a consequência foi a não resolução estrutural deste problema. O contexto em que vivemos é diferente, mas continuo a pensar que a resolução do problema implica uma estratégia comprometida com um cronograma de obras para alguns anos, previsivelmente uma parceria com o parceiro público ou sistema poderá entrar em rotura. As forças políticas têm a responsabilidade de construírem uma solução exequível que sirva o concelho.

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