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José Alberto Fateixa: “A mobilidade e as escolhas” (opinião)

José Alberto Fateixa, professor | Opinião

1. A mobilidade no território de pessoas e bens em qualquer país é um desafio vital e as opções que forem tomadas podem ser potenciadoras de progresso e coesão ou conduzir a retração e isolamento. Em Portugal o comboio surge ainda no final do sec. XIX, e a rede ferroviária foi expandida ao longo dos anos, com fases de retração (I e II Guerra Mundiais e década de 60).

Contudo o tempo mostrou ser uma rede desajustada das necessidades de desenvolvimento do país e após a adesão à CEE em 1986 os governantes da época iniciaram o desmantelamento das linhas. Com exceção dos metros em Lisboa e Porto, desde então, apesar de inúmeras proclamações, a ferrovia não foi assumida como prioridade real.

A Europa mostra como o comboio moderno transporta mais pessoas, é seguro, é rápido e transporta todo o tipo de mercadorias. Além disso nas estradas diminui a circulação automóvel e os riscos do transporte de mercadorias (em particular das perigosas), as estradas tendem a ser menos perigosas, reduzindo o consumo de combustíveis fósseis e dos níveis de poluição.

A visita de António Costa à obra de construção da linha que liga Sines a Badajoz, destinada numa primeira fase ao transporte de mercadorias, destaca o mais significativo investimento na ferrovia interurbana dos últimos 70 anos, e relevo como significativo o compromisso da construção de uma estação para cargas e descargas de mercadorias entre Alandroal e Redondo.

Deixo dois reparos, aproveitando tanta movimentação de terras e construção de obras de arte é pena não ter sido já garantida a possibilidade de uma segunda linha a colocar no futuro, assim como a largura entre carris corresponder à denominada bitola ibérica e não à bitola europeia (Espanha já está a alterar as suas redes para a europeia).

Neste domínio entendo que o próximo passo só pode ser a utilização dessas linhas para o transporte de passageiros em alta velocidade ligando Lisboa a Madrid com uma paragem a meio do caminho e outra na fronteira.

2. Outro tema é o aeroporto. O transporte aéreo é fundamental nas sociedades de hoje e Portugal pela sua localização (na periferia da Europa e fronteira terrestre com um único país), com uma forte ligação histórica a África e à América, em que o turismo é pilar de desenvolvimento, com três milhões de portugueses emigrados e que acolhe cada vez mais estrangeiros para viver precisava ter já resolvida a questão, aeroporto.

O acordo do Governo com o principal partido de oposição, a criação de uma comissão técnica independente e a decisão de anunciar a localização no início de 2024 é fundamental para o futuro de Portugal.

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