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Jornada Mundial da Juventude traz 10 mil jovens ao Alentejo

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo fotografia

Na última semana de julho, no âmbito da Jornada Mundial de Juventude que levará o Papa Francisco a Lisboa, milhares de jovens de todo o mundo serão acolhidos em diversas dioceses do país. As alentejanas irão receber mais de 10 mil.

“Vamos ter jovens oriundos de França, Alter do Chão irá receber um grande grupo proveniente da Etiópia, também virão do Brasil, Lituânia, Índia, Senegal, ilha Curaçau…. já me perdi pelo caminho”. Responsável pela Pastoral da Juventude na Diocese de Portalegre e de Castelo Branco, a irmã salesiana Fernanda Luz não tem dúvida de que a semana que antecede a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) será um “momento marcante para toda a comunidade”, estando tudo preparado para receber dois mil jovens oriundos de vários países. “Há um grupo grande, serão cerca de 60, que vem da Roménia e que irá ficar no Gavião pois o pároco do Gavião é romeno”.

Tratam-se de peregrinos “em trânsito” para a JMJ que se realizará em Lisboa de 1 a 6 de agosto e que contará com a presença do Papa Francisco. Nessa semana, entre 26 e 31 de julho, a generalidade das dioceses irá acolher a iniciativa “Dias na Diocese” que trará ao território milhares de jovens. Muitos ficarão alojados em casas de famílias de acolhimento, apesar de “alguns receios” provocados pelo desconhecimento da língua, outros irão partilhar instalações comunitárias, dormindo em pavilhões escolares, por exemplo. Ao todo, as dioceses alentejanas irão receber mais de 10 mil jovens, distribuídos por Évora (cinco mil), Beja (3500) e Portalegre (dois mil). A que se juntarão mais alguns milhares de jovens portugueses, em número ainda não definido pois as inscrições, em muitos casos, continuam em aberto.

“Teremos a presença de peregrinos oriundos de países muito pobres e esse desafio de acolhimento é muito bonito”, sublinha Fernanda Luz, garantindo que o programa na Diocese de Portalegre e Castelo Branco está definido: depois da recepção em cada paróquia, os grupos serão distribuídos pelas famílias, irão passar um dia “em oração, silêncio e a cuidar da natureza”, estando igualmente programadas iniciativas culturais, “cada um trará uma dimensão cultural da sua terra de origem, seja canto ou dança”, uma excursão a Fátima, iniciativas de apoio social e um piquenique comunitário com missa campal. A 31 de julho todos os grupos rumam a Abrantes, de onde seguirão para Lisboa utilizando o comboio.

“Esperamos”, acrescenta “que este seja um tempo de renovação, de missão recíproca. As comunidades estão muito motivadas, apesar de por vezes existir falta de meios. Temos até um caso em que os jovens serão transportados pelo presidente da Junta de Freguesia e pela esposa, nos seus próprios carros, pois não existe outro meio de transporte”.

Aos jovens que chegam, juntam-se os mais de 700 portugueses já inscritos para participar na JMJ, a maioria dos quais com idade entre os 17 e os 19 anos, a frequentar os primeiros anos da universidade. “Temos tido a preocupação em encontrar tempos de formação comum, de modo a que possamos fazer uma caminhada que nos unifique”, refere ainda a responsável pela Pastoral da Juventude na Diocese de Portalegre e Castelo Branco, revelando que a procura “foi de tal forma grande” que alguns jovens tiveram de ser encaminhados para outras dioceses, designadamente para Beja.

ÉVORA, ESTREMOZ E VILA VIÇOSA COM MUITA PROCURA

Dos cinco mil jovens estrangeiros que irão ficar na Arquidiocese de Évora, 1400 optaram pela capital de distrito, não apenas por se tratar da maior cidade, também por questões de natureza logística. “Essa grande concentração em Évora deve-se ao número de paróquias e à existências de diversas escolas básicas e secundárias, espaços comunitários que irão acolher estes peregrinos”, diz Nuno Camelo, o responsável diocesano pela organização da JMJ.

Os restantes jovens serão distribuídos por diversas paróquias. Alcácer do Sal e Estremoz irão receber cerca de 300, mais uma centena do que os concelhos de Montemor-o-Novo, Reguengos de Monsaraz e Mora. Em Vila Viçosa ficarão 250, mas este “tem sido um local muito procurado” em virtude do Santuário de Nossa Senhora da Conceição. “Pelo Santuário e pela relevância histórica de Vila Viçosa, muitos grupos irão passar por lá durante a semana e um grupo francês muito expressivo, da região de Paris, composto por cerca de dois mil jovens, irá fazer em Vila Viçosa um encontro antes da partida para Lisboa”, revela Nuno Camelo, explicando que, na sua maioria, os jovens irão chegar aos aeroportos de Lisboa ou de Madrid, deslocando-se pelos seus próprios meios até ao locais de acolhimento. “Procurámos organizá-los em grupos múltiplos de 50 para garantir uma maior operacionalidade com os meios de transporte, pois é essa a lotação dos autocarros”.

O coordenador da JMJ na Arquidiocese de Évora refere que, além de França, haverá jovens provenientes de países como as Filipinas ou Timor-Leste, além de “muitos falantes de castelhano, não só espanhóis como da América Latina, jovens já muito enraizados na fé, bem como brasileiros ou de diversos países africanos pois não se perspetiva que venha a existir num futuro próximo umas Jornadas tão próximas como estas daquele continente”. Ao todo chegaram pedidos de 120 grupos diferentes, que chegarão “acompanhados por sacerdotes ou catequistas, eles próprios dinamizadores de jovens”. 

As inscrições, avança, não foram feitas de forma individual, mas por grupos, pelo que “não existe informação sobre a escolaridade ou o percurso” de cada um dos jovens. Ainda assim, Nuno Camelo arrisca que a média de idades rondará os “22 a 25 anos”, tendo sido preparado um programa “transversal” a toda a diocese. “Vamos concentrar atividades durante a manhã, para fugir ao sol e às temperaturas elevadas de final de julho, incluindo evangelização porta-a-porta, missões de voluntariado, missões ambientas… o dia termina com a eucaristia e, à noite, haverá momentos culturais ou de oração”. Para dia 30 de julho está agendado um encontro entre todos os jovens, “para que cada grupo possa apresentar algumas características culturais do seu país de origem”.

“MUITO MAIS QUE UM SIMPLES ENCONTRO”

Para Nuno Camelo, os “Dias da Diocese” que antecedem a JMJ “são muito mais” que um simples encontro ou uma festa que reúne milhares de pessoas. “Festivais de verão há muitos e de muita natureza, o que pretendemos é dar oportunidade para que cada jovem, seja português ou que venha ao nosso encontro, tenha oportunidade para se encontrar, ele mesmo, com Cristo”, diz o responsável diocesano da JMJ, segundo o qual “ninguém passará indiferente a este movimento mobilizador” da sociedade.

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