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Índice de 2022. A revista do ano, segundo as notícias da SWPortugal

Francisco Alvarenga texto | Francisco Silva (pixabay) fotografia

Comecemos pelo célebre “princípio” enunciado em 1789 pelo presidente dos Estados Unidos, Benjamin Franklin: “In this world nothing is certain but death and taxes”. Ou seja, qualquer coisa como: “Neste mundo, nada é mais certo do que a morte e os impostos”. A morte, os impostos e (para o que aqui nos interessa) os balanços do ano. Eis 2022, num índice de notícias publicadas pela SW Portugal. Foi um ano em que intensificamos a publicação de notícias sobre cultura, com 25 reportagens e reportagens/vídeo no projeto SWCultura.

JANEIRO

Da seca que se agravou no inverno

Em janeiro, a seca agravou-se. O inverno pouco chuvoso deixou as barragens com menos água do que em 2021, que já tinha sido um ano de seca, e fez soar os alarmes junto das associações de regantes e dos agricultores. Na política, a Assembleia Municipal de Estremoz aprovava, sem votos contra, o primeiro orçamento apresentado pelo novo Executivo autárquico, liderado por José Daniel Sádio. Ainda assim, o debate foi intenso, com as opiniões de PS e MiETZ a dividirem-se sobre a existência, ou não, de um “subfinanciamento” das principais obras, responsabilidade do anterior Executivo.

FEVEREIRO

Da eleição de Sónia Ramos à biblioteca que, apesar de nova, mete água

Não foi uma surpresa completa na noite eleitoral, pois as sondagens já apontavam nesse sentido, mas acabou por ser um resultado com amplo significado político: as legislativas do dia 30 de janeiro ditaram a vitória do PS com maioria absoluta no país e no distrito (elegeu dois deputados) e a chegada ao parlamento de Sónia Ramos, presidente da distrital do PSD e vereadora na Câmara de Estremoz. “Foi uma vitória agridoce”, resumiu Sónia Ramos numa entrevista à jornalista Ana Luísa Delgado, que nessa noite eleitoral se encontrou com a nova deputada na sede do PSD em Évora.

Ainda em fevereiro, o arquiteto Álvaro Siza Vieira explicou o seu projeto para a polémica obra da Casa do Alcaide, contámos-lhe a “extraordinária” aventura de Howard Bilton, de Hong Kong a Estremoz, demos ampla cobertura às eleições para a reitoria da Universidade de Évora (ganhas por Hermínia Vilar) e noticiámos que o novo edifício da Biblioteca Pública de Estremoz mete água. Literalmente. Isto porque o projeto incluiu a escavação de um piso numa quota abaixo do solo e como por ali passa um aquífero, foi necessário instalar equipamento de bombagem e mantê-lo a funcionar 24 horas por dia. Todos os dias.

MARÇO

De como começaram as guerras da Ucrânia e do monumento ao boneco

Na madrugada de 24 de fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia e o “velho continente” voltou a ser palco de uma guerra que já provocou milhares de vítimas. Por aqui demos voz a Svetlana Radu, cidadã ucraniana a viver na região: “Que ia acontecer alguma coisa de mal já esperávamos, mas nunca imaginámos que fosse isto… a guerra”, disse Radu, numa entrevista à jornalista Margarida Maneta. A ajuda humanitária à Ucrânia foi também objeto de notícia, com municípios, empresas e cidadãos a mobilizarem-se para ajudarem enviando bens de primeira necessidade, mas também disponibilizando-se para acolher refugiados.

Por esta altura, iniciavam-se as obras de requalificação da ala sul do Rossio Marquês de Pombal, em Estremoz, num investimento de um milhão de euros. Inicialmente previam-se cinco meses de obras. Passaram nove. Por causa da guerra, ainda a da Ucrânia, de onde Portugal importava boa parte dos cereais que consome, fomos testemunhar o retrocesso na produção nacional de trigo: o INE contabilizou 93 mil hectares de cereais no Alentejo, menos 64 mil dos que em 2010. Mas março foi também o mês em que se iniciou outra “guerra”: o artista Armando Alves confessava-se “triste e desiludido” por ver o seu monumento ao Boneco de Estremoz “longe” das Portas de Santa Catarina. 

ABRIL

Da água que se desperdiça a Fernão de Magalhães

Começámos por publicar o resultado de um estudo feito a partir do relatório anual elaborado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, segundo o qual em Estremoz perdem-se 339 litros de água por dia em cada ramal, o que corresponde a um desperdício de quase 1,2 milhões de metros cúbicos por ano. É mesmo muita água. Pior do que Estremoz é difícil encontrar, apenas quatro municípios a norte. O assunto, como se verá em meses posteriores, saltou para a praça pública e, garantidamente, voltará à ribalta em 2023. Já lá iremos.

Antes, é tempo de lembrar que a FIAPE regressou em abril, depois da pandemia, tendo a pecuário e o artesanato registado um número recorde de expositores. Por esta altura, revelámos os projetos da Tertúlia para a praça de toiros, registámos a entrega das chaves do Castelo de Évora-Monte à Câmara de Estremoz e reportámos o anúncio da Câmara de Vila Viçosa de um investimento de 2,7 milhões de euros na construção de uma variante a Bencatel, com a promessa autárquica de as obras de iniciarem até final do ano. Deste ano. Foi também no Brados que leu o ensaio do historiador José António Martins sobre os três estremocenses que participaram na “aventura” de Fernão de Magalhães.

MAIO

De consumos perigosos à última entrevista do último dos “românticos”

Em maio, maduro maio, o jornalista Luís Godinho publicou nesta revista aquela que se viria a revelar como a última entrevista ao último dos “românticos”: Maximino Serra recordou vários episódios da sua vida de aventureiro revolucionário, como o Golpe da Sé, o assalto ao Quartel de Beja ou fuga para Marrocos depois de “desviar” uma pequena avioneta no Algarve. Militante histórico do PS, falou-nos ainda das suas angustias em relação ao partido que ajudou a fundar e que tinha anunciado a sua expulsão por ter integrado uma lista de um movimento independente nas autárquicas. Uma insuficiência respiratória grave tirou-lhe a vida no passado dia 9 de dezembro. Tinha 87 anos.

Bem menos “românticas” que as aventuras de Maximino foram os episódios judiciais em torno da ACORE e ADS de Estremoz: “Eleições polémicas”. Aqui se contou que as eleições nestas duas instituições acabaram em tribunal e que as contas estavam por aprovar desde 2019. Por essa altura, mais dois exclusivos. Por um lado, os números assustadores dos consumos de álcool e de tabaco entre os jovens alentejanos. Cerca de metade dos alunos com idades entre os 12 e os 14 anos confessava a prática de comportamentos de risco. Por outro, revelámos a mudança de estratégia na candidatura de Vila Viçosa a Património da Humanidade. Foi aqui que leu a primeira entrevista ao arquiteto Nuno Ribeiro Lopes, o novo coordenador da candidatura.

JUNHO

Do saldo demográfico negativo

Começou junho e, com ele, um estudo da SWPortugal/Brados do Alentejo a dados do Instituto Nacional de Estatística comprovando a existência de “Menos Alentejo”. Feitas as contas, a região registou um agravamento do saldo demográfico, com a existência de mais 4711 óbitos do que nascimentos todos os anos, ao longo dos últimos 10 anos. Por vezes, explicou a demógrafa Maria Filomena Mendes, esse saldo negativo “é compensado por um saldo migratório positivo”. Mas isso “também não está a suceder” na maior parte da região, lamentou.

Junho foi também o mês em que foi lançada uma biografia de Bento de Jesus Caraça e em que assinalámos dois centenários: o do nascimento do escritor eborense Armando Antunes da Silva e o da inauguração do Teatro Bernardim Ribeiro, cuja história foi recordada num artigo de José Guerreiro. Aproveitámos o início do verão para espreitar a última barbearia antiga de Estremoz e para noticiar o atraso nas obras de construção do futuro Hospital Central do Alentejo, de que ainda muito se ouvirá falar no novo ano que agora começa.

JULHO

Da descoberta do “filão” das praias fluviais

A chegada do verão trouxe o aumento de queixas por parte dos agricultores, aflitos com a seca. “Há cada vez mais explorações agrícolas em dificuldades”. Fermelinda Carvalho, que além de presidir à Câmara de Portalegre é também a presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre resumia tudo numa frase: “Este ano juntou-se o pior de tudo”. Da seca ao aumento do preço dos combustíveis, da eletricidade e das rações. Por Estremoz, a notícia mais comentada foi outra: o inevitável encerramento da circulação automóvel num troço da Avenida de Santo António, uma das principais entradas da cidade, por risco de derrocada. A decisão foi tomada na sequência de um estudo do LNEC, valendo a pena recordar que a construção de uma variante foi, neste caso, realizada em tempo recorde.

Em julho, mais três exclusivos, resultantes de outros tantos trabalhos de investigação: noticiámos que as exportações alentejanas já somam 3,5 mil milhões de euros por ano; mas também que na região havia nessa altura mais de 45 mil pessoas sem médico de família. E, por ser verão, lembrámo-nos de fazer um roteiro pelas praias fluviais da região, cujo número é cada vez maior. “Uma praia é sempre um fator de atratividade”, lembrou Vítor Silva, o presidente do Turismo do Alentejo.

AGOSTO/SETEMBRO

Das escolas encerradas à aposentação de docentes

O Governo encerrou 800 escolas no Alentejo desde o início do século. O número foi avançado nesta revista, nas vésperas do arranque do novo ano escolar. “Para as crianças que tiveram a oportunidade de frequentar uma escola com mais recursos e mais colegas terá sido uma vantagem, porque a qualidade das aprendizagens foi superior”, comentou Bravo Nico, professor da Universidade de Évora. Dissecámos também um estudo do Ministério da Educação, segundo o qual um em cada três professores alentejanos irá aposentar-se nos próximos anos. “Dentro de pouco tempo haverá falta de professores jovens (…) o que significa um grande retrocesso”, lamentou Manuel Nobre, presidente do Sindicato dos Professores da Zona Sul.

Por esses dias de verão, outros temas, das obras em curso na Fortaleza de Juromenha à viabilidade da construção de um terminal de mercadorias em Alandroal, junto à nova linha ferroviária entre Sines e Elvas; dos passadiços que promovem o turismo na Serra d’Ossa ao Museu Berardo de Estremoz, que quer player na investigação da azulejaria, ao início das vindimas, num ano em que a falta de chuva e as ondas de calor prejudicaram a produção de vinho, inferior à do ano passado.

OUTUBRO

É a água senhores, é a água! Da concessão do sistema de abastecimento

“Sádio quer concessionar a água”. A notícia surgiu em outubro e aqui se escreveu que o autarca “já tem uma solução para resolver o problema” do abastecimento de água e saneamento básico no concelho de Estremoz. “A ideia é concessionar o serviço às Águas do Vale do Tejo, uma sociedade anónima de capitais públicos”. A notícia esteve na origem de um intenso debate público na cidade. E a ela retornámos com um artigo onde se explicaram as diferenças entre concessão e privatização, bem como “os riscos” que o modelo proposto acarreta.

Ainda em outubro, fizemos as contas ao mercado de arrendamento e concluímos que os preços não têm parado de aumentar, sendo que Sines, Évora e Grândola são as cidades mais caras. Borba, Vila Viçosa e Campo Maior são aquelas onde o preço do metro quadrado é mais baixo.”As poucas casas para arrendamento são colocadas a preços elevados, e arrendam-se na mesma”, resumiu Diamantino Marreiros, promotor imobiliário. Ainda neste mês, subimos ao adarve de Borba, lembrámos os 20 anos da morte de Joaquim Vermelho, acompanhámos a visita do presidente do PSD, Luís Montenegro, ao distrito de Évora e destacámos a exposição sobre a “obra notável” de Espiga Pinto.

NOVEMBRO

Dos mármores e do perigo na escola ao terceiro congresso da AMAlentejo

Começámos novembro com um trabalho assinado por Maria Antónia Zacarias relativo à decisão de realizar uma peritagem urgente à Escola Sebastião da Gama, em cujo edifício foram detetadas diversas fissuras que preocupam a comunidade escolar. A reparação da escola, contámos na altura, é considerada “urgente” pelo Ministério da Educação, mas apesar disso as obras, como já antecipávamos, só se irão iniciar no próximo ano, na melhor das hipóteses. Face ao agravamento dos problemas sociais, contactamos os Bancos Alimentares Contra a Fome dos distritos de Évora, Beja e Portalegre e chegámos a um número: estas instituições estão a apoiar cerca de 16800 pessoas, debatendo-se com dificuldades de manutenção dos stocks de alimentos.

Que os mármores da região “são universais” pois “encontramo-los por todo o lado”, deu-nos conta Carlos Filipe, coordenador do CECHAP, numa longa reportagem a propósito do lançamento de dois novos volumes integrados no projeto Património e História da Indústria dos Mármores. 

Já com novembro a chegar ao fim, Estremoz acolheu o terceiro congresso da AMAlentejo, que refletiu sobre temáticas como o desenvolvimento, desafios e oportunidades para a região, apelando, entre outras conclusão, à importância do reconhecimento da paisagem alentejana.

DEZEMBRO

Dos cinco anos da “entrada” dos bonecos na UNESCO ao “chumbo” do orçamento

Lembram-se de, em janeiro, termos referido o orçamento da Câmara de Estremoz? Chegados ao final do ano, o tema regressa à “bolha” político-mediática, desta vez porque o Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2023 foram “chumbados” em reunião pública de Câmara, contabilizando os votos contra da coligação liderada pelo PSD e do MiETZ; tendo apenas os socialistas votado a favor. O orçamento de Estremoz “passou” na última reunião de Câmara do ano. Mas do de Évora “nem vislumbre”, como se lê numa notícia que ainda por aqui está em destaque.

Ainda em dezembro, fez cinco anos que o Figurado de Barro de Estremoz foi classificado pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade. Numa reportagem de fundo publicada no número 1038 deste jornal, revelámos que em cinco ano aumentou o número de artesão certificados e que o preço dos Bonecos de Estremoz “disparou”, mas apontámos também algumas condicionantes: faltam aprendizes e a “turistificação” constitui uma ameaça a esta forma de artesanato. Por aqui, lembrámos como começou a Cozinha dos Ganhões, registámos a existência de uma quebra de 40% na produção de azeite e descobrimos que há mais de cinco mil pessoas a serem apoiadas pela Caritas de Évora.

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