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Inácio Esperança: “Este é um ano decisivo para Vila Viçosa” (c/ vídeo)

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo fotografia

Presidente da Câmara de Vila Viçosa, Inácio Esperança diz ter encontrado um município com contas equilibras, mas sem projetos, nem visão de futuro. Aponta a construção de dois lares de idosos, do centro escolar e a variante a Bencatel como prioridades. E diz-se pronto para começar a resolver o problema da água e do saneamento, assim haja apoio comunitário.

Como está a decorrer o mandato?
Julgo que bem… muito trabalho, pouco descanso, mas também já sabíamos que iria ser assim, aguardava-nos muito trabalho para implementarmos o nosso projeto e é isso que temos estado a fazer. Nesta fase inicial, o primeiro ano foi muito na base de organizar a “casa”, fazer projetos, e mais projetos, para podermos candidatar quando os fundos comunitários abrirem.

Comecemos pela organização da “casa”, como referiu. Como a encontrou, designadamente em termos financeiros e de estratégia?

Coloca-me três questões: a financeira, a de organização [interna] e de projetos. Relativamente à questão financeira, a Câmara estava bem. Tem uma dívida ligeiramente superior a dois milhões de euros, controlada, tinha um saldo transitado de 1,3 milhões. E as dívidas [de curto prazo], tirando à dívida à Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC) que era de 300 mil euros e que estamos a pagar, eram residuais… aqueles pagamentos que não se conseguem fazer no próprio ano. Quanto a isso não tinha qualquer problema. Relativamente à organização, para quem aqui estava talvez fosse perfeita, para nós não concordámos, alterámos o funcionamento de alguns serviços e de equipas, estamos a estudar uma mudança de organograma.

E a nível de projetos?

Aí encontrámos uma grande carência, ao nível do que queremos implementar. Os que existiam eram incompletos ou desadequados aos tempos atuais, às exigências dos fundos comunitários e do PRR. Fizemos um grande investimento nesta área.

Estamos a falar de quê?

Do que nos comprometemos com as pessoas. Há três projetos prioritários. Como sabe, temos um concelho envelhecido e com grande carência a nível de camas [nos lares]. Somos a nível do país o município com o rácio mais baixo de idoso por cama. Temos uma lista de espera enorme no único lar que efetivamente existe no concelho. Em São Romão existe um internamento com 15 camas. Com as 60 camas que temos no lar [da Santa Casa da Misericórdia] de Vila Viçosa, temos capacidade para 75 idosos. Nenhum concelho do país tem um rácio tão baixo. Comprometemo-nos em construir duas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI’s), uma em Bencatel, outra em São Romão, e já temos os projetos, fizemos os projetos completos de execução. Depois a variante a Bencatel.

Havia o problema da estrada em Bencatel?

Resolvemos esse problema, a estrada estava cortada, as pessoas passavam sem condições. Suspendemos o Plano Diretor Municipal (PDM) e resolvemos a situação. Estamos também a resolver o problema da reposição das zonas de defesa [das pedreiras], o que está praticamente garantido nas estradas municipais, nos caminhos ainda não, porque existem caminhos no meio da pedreiras em que é necessário ainda algum trabalho para garantir a segurança ou para os alterar. Além disso, temos o projeto do centro escolar. É muito importante que as nossas crianças tenham condições para estudar, em escolas modernas, com instalações condignas e condições adequadas ao nosso tempo. Já adjudicamos a obra de retirada do amianto da Escola Básica D. João IV e já estamos a terminar o projeto de execução [do novo centro escolar] para lançar o concurso. 

São estas as grandes apostas?

Estas foram as grandes promessas que fizemos e queremos concretizá-las: as duas ERPI’s, a variante a Bencatel e o centro escolar do concelho. O que não implica que as [escolas] primárias das aldeias fechem; as de Vila Viçosa sim, vão ser transferidas para ali. E nas freguesias rurais, quem quiser trazer os filhos para cá poderá fazê-lo, serão bem-vindos. Quem os quiser deixar em Bencatel ou em São Romão também o poderá fazer pois não iremos fechar as escolas. E depois temos outros projetos que estamos a ultimar.

Em que áreas?

Ao nível do abastecimento de água e saneamento básico, que também é muito importante. Vamos construir duas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR’s) compactas, uma em Pardais e outra em São Romão, e vamos tentar restaurar a de Bencatel que está com um funcionamento deficitário. Ao nível da rede de água, e esse é um dos poucos projetos que vem do mandato anterior, queremos construir um depósito a sul de Vila Viçosa, para melhorar o abastecimento, e intervir na estação de tratamento. E, depois, iniciar por fases a regeneração da rede para diminuir perdas e encontrar um sistema mais sustentável (ver caixa). 

Estamos no início de um novo ciclo de fundos comunitário. Em que medida será importante para o concelho?

Para o meu município, 2023 é efetivamente um ano decisivo. Vila Viçosa nunca concorreu muito a fundos comunitários e por isso nós não temos uma biblioteca, um polidesportivo municipal, não temos um parque de feiras, espaços multiusos, uma Câmara funcional, um estaleiro novo… nas freguesias existem poucos equipamentos. Não temos ETAR’s em duas freguesias. E, num concelho destes, o quatro comunitário é uma janela de oportunidade e de esperança. Estamos muito apostados em aproveitar ao máximo este quadro comunitário. Sabemos que não conseguiremos fazer tudo aquilo que temos em mente, mas queremos queixar alguma coisa feita e semente que possa germinar no futuro.

“SOMOS DETENTORES DA NOSSA REDE DE ÁGUA E ASSIM QUEREMOS CONTINUAR”

O presidente da Câmara de Vila Viçosa afasta a possibilidade de o município vir a integrar qualquer sistema de abastecimento de água e saneamento, garantindo que a rede continuará a ser gerida pela autarquia. “No distrito de Évora, só Vila Viçosa e Estremoz estão nessa circunstância, somos detentores da nossa rede, na totalidade, não estamos com nenhum sistema e é assim que [em Vila Viçosa] queremos continuar”, diz Inácio Esperança, criticando a “chantagem” feita sobre os municípios no anterior quadro comunitário de apoio, impossibilitando-os de concorrer a fundos comunitários nesta área. “Esperemos que o Portugal 2030 nos permita financiar esta obras, que não nos limitem”. O autarca aponta como prioridade a renovação da rede em baixa, para “diminuir perdas e encontrar um sistema mais sustentável”, garantindo que irá avançar com projetos “parcelares”, para os quais será necessário obter financiamento. “Vamos começar numa primeira zona da vila. Não podemos fazer tudo porque não vai haver dinheiro para tudo, mas vamos avançar na zona mais crítica, onde é mais necessário intervir”, remata.

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