PUBLICIDADE

Igreja “não encobre nem esconde” casos de abusos sexuais

O arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, garante que a igreja “não assume, de modo algum, a acusação, que às vezes surge, de que encobre, esconde e que tem receio de que se saiba” da existência de abusos sexuais de menores.

“Essa não é a vertente que a igreja do nosso século XXI assume culturalmente. Aliás, as situações têm de ser lidas no seu tempo como uma expressão concreta da história e da evolução cultural da sociedade de cada época. Nós, hoje, somos intolerantes para a mentira, não convivemos com o opaco. E, por isso, como igreja fazemos parte do nosso tempo e temos a mesma vontade de verdade que todos os que amam a verdade têm”, acrescenta o arcebispo.

À semelhança das outras dioceses do país, Évora constitui uma Comissão de Proteção e Segurança de Menores e de Adultos Vulneráveis, cuja preocupação, diz, é a de “salvaguardar a dignidade das vítimas, no caso de terem existido situações que provocaram vítimas, e de proporcionar, o mais possível, o cuidado, o conforto e a possibilidade de elas se reencontrarem”. 

Assumindo que a igreja tem “a “responsabilidade de ajudar, em verdade e em consciência, todos os que foram atingidos” por esta realidade, D. Francisco Senra Coelho acrescenta que o objetivo é que as vítimas “não vivam no silêncio e na sombra, mas que possam fazer o percurso da libertação, da escuta e de uma entreajuda de partilha de vida, naquilo que a igreja possa proporcionar em todos os meios ao seu alcance. Na sua recuperação psicológica, afetiva, na sua alegria de viver”. 

Numa entrevista difundida pela Arquidiocese de Évora, o arcebispo diz ser necessário que a igreja seja “lugar de acolhimento para todos os que precisam porque se sentem sós no meio de muita gente”, sendo que “a solidão, fruto de uma violação ainda em menor, fica como marca para toda a vida”. 

Por outro lado, defende a necessidade de a igreja “fazer, com muito afinco, uma prevenção para que não volte a acontecer. E essa prevenção passa por muitas dinâmicas de atenção, de consciencialização, mas também de formação”, incluindo aos próprios membros da igreja. “Essa formação não é só ao nível do conceito do direito humano, da integridade pessoal, pois os agentes pastorais têm uma formação ética e moral superior, mas é sobretudo na própria atitude que temos de assumir de prevenção, precaução e prudência. Porque, muitas vezes, também se é vítima de atitudes que não são claras, que podem ser imprudentes ou dúbias e que podem gerar o equívoco e daí a possibilidade de uma afirmação hipotética, mas não fundamentada”.

D. Francisco Senra Coelho diz ainda ser “necessário consciencializar” a atenção para que os organismos da igreja que acolhem menores ou adultos vulneráveis “sejam setores com grande cuidado e atenção a todos aqueles que vão prestar o seu serviço”. “Por isso”, acrescenta, “deve existir uma atenção muito grande na seleção das pessoas e uma triagem atenta. Estou a pensar na catequese, no escutismo, nas instituições sociais de ATL, Jardim de Infância e até de creche… Situações que temos de cuidar em tudo o que são movimentos juvenis, em atividades de passeio, de acampamento… Temos de programar, não prescindido deste aspeto”.

Partilhar artigo:

© 2024 SUDOESTE Portugal. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.