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Igreja e hospital da Misericórdia de Borba vão ser classificados

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo foto

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) decidiu propor ao Ministério da Cultura a classificação da igreja e hospital da Santa Casa da Misericórdia de Borba como monumento de interesse público (MIP). O projeto de decisão relativo à classificação dos imóveis e à respetiva delimitação da zona de proteção foi publicado em “Diário da República”. O processo arrasta-se desde 2014.

“Causa alguma perplexidade o facto de este interessantíssimo conjunto, situado no interior das muralhas de Borba (ou do que delas resta…) não ter sido objeto de classificação há mais tempo”, refere o arquiteto José Fernando Canas, sublinhando que “apesar da aparente singeleza da sua arquitetura, a qualidade quer da igreja quer do pátio (quase claustro) adjacente é notável”, constituindo “um dos mais ricos e bem desenhados portais de todo o Alentejo”.

No parecer sobre o processo de classificação, de que foi relator, aprovado pelo Conselho Nacional de Cultura, João Fernando Canas lamenta que as arcadas se encontrem “preenchidas por caixilharias de ferro e vidro, de recente feitura”, mas refere que “uma vez iniciada a recuperação integral deste imóvel, e dado que o grau de intrusividade é relativamente menor, logo a pureza do traçado ressurgirá com inexorável facilidade”. No caso da igreja, construída em data anterior à do pátio, a “sensação no interior é de qualidade e riqueza”, tanto a nível da azulejaria seiscentista como da talha dourada ou em detalhes de arquitetura.

Já a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, diz ser “importante a aprovação” desta proposta de classificação, “com o consequente reforço das condicionantes na zona especial de proteção” do monumento, uma vez que “existe a pretensão de demolição do quarteirão adjacente”, a que esta entidade tem vindo a dar “sistematicamente parecer negativo”.

A igreja atual data da primeira metade do século XVI, tendo o seu interior sido inteiramente reformulado no século XVIII, numa campanha de obras que ornamentou o imóvel com “altares em talha, azulejaria e uma tribuna de mesários, altar e outros elementos de interesse”, incluindo um órgão. Na sacristia encontra-se um lavabo em mármore da primeira metade do século XVII e um arcaz [arca grande com gavetões] de “elevado valor patrimonial e estético, encimado por altar de talha”.

Quanto ao hospital, iniciado também no século XVI, os técnicos da Direção-Geral do Património Cultural assinalam que o edifício “testemunha as grandes campanhas realizadas” cerca de 200 anos depois da sua construção, numa altura em que se encontra em ruínas. “Construído quase de raiz, possuía botica e enfermaria para homens e mulheres, cada qual com seu altar, uma sala de arquivo da Misericórdia e foi reformulado no final do século XVIII com a construção de novas enfermarias e reedificação da antiga, sendo um importante conjunto de arquitetura civil que engrandece o antigo espaço” da Misericórdia de Borba.

A proposta de classificação é justificada pela manutenção, “quase na totalidade”, da estrutura original dos edifício, pelo seu “interesse cultural relevante” e pela imagem que mantém no centro histórico de Borba, “associado a uma memória de vivência urbana que importa preservar e manter, tanto do ponto de vista patrimonial como histórico-social”.

Além deste conjunto, encontram-se igualmente em processo de classificação outros monumentos, como a Igreja do Convento dos Paulistas, em Sousel, ou de ampliação da classificação como monumento nacional, no caso do Mosteiro da Cartuxa, em Évora.

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