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Igreja do Convento de Santo António classificada pelo Estado

Luís Godinho jornalista | Gonçalo Figueiredo fotografia

A Igreja do Convento de Santo António, também conhecida como Igreja do Convento dos Paulistas, em Sousel, foi classificada como Monumento de Interesse Público (MIP).

No despacho de classificação, hoje publicado em “Diário da República”, a secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, assinala tratar-se de “um dos edifícios de valor memorial e afetivo da vila de Sousel, funcionando, indubitavelmente, como elemento agregador da comunidade local, sendo ainda de realçar o seu valor histórico, a par da sua relevância social”.

O processo de classificação foi aberto em maio de 2017, mas só em maio de 2021 é que foi obtido o parecer favorável da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, obrigatório neste tipo de procedimento. 

A decisão, tomada por unanimidade, acabou por contrariar uma proposta inicial de parecer negativo, o qual reconhecia o “enorme valor afetivo” do monumento para as populações locais, mas considerava que a igreja “não apresenta nenhuma característica que a distinga de centenas de outras que, eventualmente, se possam também incluir na vasta designação de arquitetura chã”. 

Tendo por relator o arquiteto José Fernando Canas, o parecer inicial destacava ainda a azulejaria da capela-mor e um dos altares seiscentistas, interrogando se estes elementos “seriam suficientes como justificação” para a classificação como MIP.

“Havendo tão pouco património na vila de Sousel, apesar da sua qualidade urbanística e de edifícios residenciais notáveis, o reconhecimento da igreja como património reveste-se de grande importância para as pessoas, para a comunidade”, contrapôs a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, acrescentando que “a história do convento e igreja também deve contribuir para a avaliação deste reconhecimento”.

“Tal como o convento que foi demolido também esta igreja o poderá ser se não tiver qualquer proteção que permita à administração do património intervir no intuito da sua salvaguarda. E como sabemos o património que não está classificado não tem qualquer proteção visto que o inventario não lhe confere objetivamente essa prerrogativa”, acrescentou Ana Paula Amendoeira durante a reunião para elaboração do parecer final.

Segundo a informação técnica, a igreja, datada do século XVII, “é de grande austeridade exterior apresentando portal profundo, antecedido por nártex e encimado por janela, que permite a iluminação do templo”. “Contrastando com esta austeridade”, prossegue o parecer, “e como é habitual na arquitetura portuguesa deste período, o interior, de uma só nave e cobertura de abóbada de berço, apresenta aspetos muito interessantes, ao nível das artes decorativas, nomeadamente da talha e da azulejaria”.

Assinada por Ana Maria Borges, técnica superior da Direção Regional de Cultura do Alentejo, a informação destaca ainda a “grande monumentalidade” do retábulo do altar-mor, em talha dourada e policromada, bem como as duas paredes laterais da capela-mor “revestidas por azulejos azuis e brancos do século XVIII”, com cenas alusivas à vida de São Paulo eremita. “Estes conjunto azulejares, para além da mera função decorativa, assumem uma função didático-moralizante, transformando-se o azulejo em veículo de imagem e, por sua vez, em veículo de uma mensagem dirigida a todos os que os contemplam”, acrescenta.

Ainda de acordo com Ana Maria Borges, “considera-se que a igreja e, neste caso concreto, o seu património integrado têm um interesse cultural relevante, designadamente histórico, artístico e social e de memória, refletindo valores de antiguidade, autenticidade e originalidade”, pelo que “reúne condições” para a classificação como MIP.

“É UMA CLASSIFICAÇÃO IMPORTANTÍSSIMA”

Ouvido pela SW Portugal em maio, quando a proposta de classificação foi enviada para o gabinete do ministro da Cultura, o presidente da Câmara de Sousel, Manuel Valério, diz que a futura classificação da Igreja do Convento dos Paulistas é “importantíssima” para o concelho: “Temos o único Museus dos Cristos a nível nacional e uma rota das igrejas, pelo que se trata de uma classificação muito importante” para a valorização deste património histórico. Segundo o autarca, trata-se de uma decisão “de todo o interesse para o município, não só para quem aqui vive mas também para quem nos visita”.

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