Na Câmara de Estremoz, a proposta do MiETZ para homenagear os autarcas de Abril passou “sem espinhas”, aprovada por unanimidade, com contributos do Executivo socialista e do PSD. Mas na Assembleia Municipal surgiram críticas. Luís Godinho (texto) e Hugo Francisco (fotografia)

À esquerda (CDU) e à direita (CDS), por motivos obviamente distintos, a homenagem que o Município de Estremoz se prepara para fazer aos autarcas do poder local democrático foi criticada na última reunião da Assembleia Municipal de Estremoz. O assunto integrou a ordem de trabalhos, apenas para conhecimento dos deputados municipais, mas acabou por motivar intervenções de comunistas e centristas.

Em causa está a homenagem a todos os presidentes de Câmara e da Assembleia Municipal de Estremoz eleitos desde 1976, a realizar na sessão comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril. Fazendo essa homenagem aos presidentes dos órgãos autárquicos “estamos também a reconhecer o trabalho de todos” os autarcas que os integrarem, disse o presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, acrescentando que em momento posterior serão também realizadas sessões de homenagem aos autarcas que desempenharam funções nas diversas freguesias.

“Embora possamos considerar uma justa homenagem às pessoas que fizeram esse trabalho enquanto presidentes, seria mais justa uma homenagem a todos os que fizeram parte do poder local democrático”, considerou Noel Moreira, deputado municipal da CDU, criticando o que classificou como “personalização” nos presidentes de Câmara e de Assembleia Municipal de “um trabalho que não é deles”, mas de um conjunto de autarcas que exerceram funções ao longo dos anos.

Já a deputada municipal Sara Fonseca, do CDS, defendeu o “alargamento” da homenagem a quem exerceu funções antes do 25 de Abril, pois “todos se empenharam pela nossa terra”. Não o fazer, acrescenta, traduz “uma visão muito redutora” da História, “como se até aí [ao 25 de Abril] nada tenha sido feito de bom para as pessoas”.

Outra questão igualmente levantada prende-se com o facto de a homenagem abranger também os autarcas em exercício de funções, designadamente os atuais presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal.

“Não vou entregar uma medalha a mim próprio, no entender da CDU não faz sentido”, resumiu Noel Moreira. “Esse reconhecimento fará sentido quando [os atuais autarcas] terminarem as suas funções”, considerou João Coruche (PSD). “Não faço nenhuma questão em ser homenageado”, contrapôs José Daniel Sádio. “O que é importante homenagear não sou eu, nem o presidente anterior ou o próximo, são todos aqueles autarcas que com todo o mérito e com as suas convicções fizeram o seu trabalho da melhor forma que puderam e souberam”, concluiu.