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História de refúgio e solidão encerra Litoral em Cena

Francisco Alvarenga texto | Victormar fotografia

Pauline regressa à casa de infância movida por uma dúvida inquietante que a acompanha há muito. Revisita os espaços que guarda na memória e reencontra sinais perturbadoramente reveladores sobre as suas origens. Eis “Une Histoire Vraie” a mais recente produção do Gato SA, espetáculo de encerramento do Litoral EmCena.

Espetáculo de teatro físico criado e dirigido por Lionel Ménard, que foi discípulo de Marcel Marceau, com quem trabalhou por vários anos, com apoio dramatúrgico de Mário Primo, em “Une Histoire Vraie” conta-nos esse regresso de Pauline a casa, depois de nos últimos anos  ter pesquisado e procurado indícios e memórias de infância, que agora se fundem agora com as constatações factuais, os relatos e os presságios.

Aos poucos, reconstitui a história da sua vida e vê confirmados os seus maiores medos, mas também descobre que, por detrás da imagem arrepiante do casal Tenardier, que a criou como filha, se esconde uma manifestação de amor comovente. “Será ela capaz de vingar a memória de seus pais e fazer a justiça que reclamam?”, interroga fonte da companhia.

Depois de ter estreado em dezembro no Auditório do Centro de Atividades Pedagógicas Alda Guerreiro com três sessões lotadas, o espetáculo volta a subir ao palco para encerrar o Litoral EmCena nos dias 02, 03 e 04 de Março em Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém e Sines.

No espetáculo, revela a GATO SA, “uma família de refugiados é ajudada por um casal de fazendeiros que acaba por a reter durante mais tempo do que o necessário”. Aqui, todas as personagens “estão perante um dilema e em luta com os seus estados de alma, revelando um lado de humanidade e outro de cobardia, que convida a reflexão sobre a vida real fora do palco, onde as histórias trágicas verdadeiras de refugiados e infortúnios alheios passam nos noticiários e ganham empatia temporária, que dura apenas alguns dias”.

O projeto Litoral EmCena, que criou uma programação regular de teatro desde 2021, chega agora ao fim. Projeto da associação Ajagato em parceria com os municípios de Santiago do Cacém e Sines, define-se como “o maior projeto de intervenção cultural” desta associação, “tanto na extensão do programa e abrangência geográfica a um território intermunicipal, como no financiamento” proporcionado pela aprovação de uma candidatura a fundos comunitários.

No âmbito do festival, em 2022, a Gato SA estreou “Malteses”, uma colagem de textos poéticos da autoria de Manuel da Fonseca, selecionados e reunidos em torno da personagem do maltês, uma figura recorrente tanto na obra poética, como na prosa do autor alentejano. A programação incluiu ainda a passagem de A Barraca pelo Alentejo Litoral, com “O Elogio da Loucura”, ou “Cruz de Giz”, pelo Teatro de Animação de Setúbal, num total de 12 espectáculos.

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