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Aí está o Jogo da Glória para promover o património de Estremoz

Alexandre de Barahona (texto)

Jogo é lançado este sábado, dia 7, no Centro de Ciência Viva. Pedro Nunes da Silva, do Grupo Cidade, lembra que o facto de ser lúdico “não exclui o rigor” com que a cidade é mostrada.

Em tempos idos, o entretenimento e os passatempos familiares ou em sociedade, ocupavam um espaço importante na vida dos nossos pais, dos nossos avós. A televisão era menos presente, não existia internet, nem computadores ou telemóveis. Parecem tempos muito longínquos, contudo foi há algumas décadas apenas.

Hoje também assim o é, nas jovens vidas dos nossos filhos e netos, mas quase sempre ligados ao maravilhoso novo mundo digital, através desses computadores e dos telemóveis, via a internet, onde jogam entre eles, em simultâneo com o vizinho da casa do lado ou com o vizinho na casa dele de Singapura ou no Rio de Janeiro. Mudam-se os tempos, não se mudam as vontades, dir-se-ia.

Um dos pilares desses momentos de convívio familiar, era o universo dos jogos de tabuleiro, como o famoso xadrez ou as damas, mais tarde o monopólio e o trivial pursuit. Ora por entre estes, um dos mais tradicionais chama-se o Jogo da Glória, baseado na dicotomia da sorte e do azar, porque a movimentação dos piões que cada jogador tem, gira em torno do respetivo lançamento de dados.

As regras são simples: num tabuleiro repleto de casas, o jogador vai recuando ou avançando (graças aos dados), e quem primeiro alcançar a derradeira casa, a da Glória, ganha o jogo. Pelo meio, há travessuras e desventuras, porque algumas casas têm regras armadilhadas, para divertimento dos participantes.

A grande novidade do Jogo da Glória é que foi recriado e este sábado, dia 7 de outubro, vai ser divulgado ao público, no Centro de Ciência Viva, pelas 16:00 horas, tendo como tópico central, adivinhem… a cidade de Estremoz!

“No próximo sábado, vamos ensaiar o protótipo para a faixa etária a partir do 2.º Ciclo de escolaridade”, diz Pedro Nunes da Silva, coordenador do grupo Cidade – Cidadãos pela Defesa do Património de Estremoz, que está na origem deste inovado Jogo da Glória. Prosseguindo: “No tabuleiro está um desenho e um circuito pela cidade. Primeiro a zona alta, mais antiga, medieval, terminando na zona mais baixa, na Porta de Santo António”.

No entanto este jogo tem outras inovações: “Em vez de regras em folha A4 fizemos uma brochura com vários pontos do percurso do jogo e este também serve de roteiro para uma visita guiada à cidade de Estremoz”.

O grupo Cidade foi criado em 2016 em reação à venda do edifício Casa do Alcaide pelo Município estremocense a um empresário. Depois dessa ocorrência, decidiram continuar pois “as pessoas desconhecem o património que têm e quem não conhece não o pode defender”, afirma Pedro Nunes da Silva.

A sua principal preocupação era e continua a ser a defesa do património. No início fizeram-se visitas guiadas, a que se seguiram ciclos de conferências com a participação de diversas personalidades públicas, como Rui Vieira Nery, Filomena Andrade, Fernando Rosas, Filipe Nuno Barata, entre outros.

DIVULGAR O PATRIMÓNIO

Depois veio a pandemia de covid-19 e tudo parou, aqui como em todas as atividades de índole cultural e associativo. “Era importante renovar com formas de dar a conhecer o património. Quanto ao jogo, pensámos em fazer o mesmo, mas de forma mais lúdica, e construir um jogo sobre a história.”

Pedro Nunes da Silva, hoje aposentado, tem uma peculiaridade: foi o primeiro homem a ser “educadora” de infância em Portugal. “Sim ‘educadora’, tenho odiploma de 1966 e é o que lá está escrito”, diverte-se a reivindicar que era o único neste grau de ensino. “Nesta área onde há sobretudo senhoras, ainda hoje não deve haver mais de uns 50 homens a exercer profissionalmente o ofício”, conclui.

Percebe-se nele esta constante preocupação de educador. De estar junto dos mais novos e ajudá-los a crescer, a conhecerem a sua identidade. “A população escolar atual funciona na base de cliques, e um jogo destes pode ser muito interessante. Ser lúdico não exclui o rigor, com que mostramos a cidade. Tivemos muito trabalho, com toda a informação possível que poderíamos incluir”, assevera.

Esta versão destina-se aos mais novos, estando previsto que possa ser feita uma nova versão, destinada aos adultos, mais recheada com informação e questões culturais. O percurso inicia-se na Porta de Évora e vai percorrendo a cidade branca, para terminar 25 casas depois na Porta de Santo António. Ao longo desse caminho, alegremente ilustrado no tabuleiro pelo engenheiro Rui Pimentel (antigo cartonista da revista “Visão”), estão patentes as crónicas da cidade de Estremoz.

UMA HISTÓRIA DE 500 ANOS

Na Europa, a primeira referência ao Jogo da Glória data de 1617, segundo o livro de Pietro Carrera sobre jogos de mesa. Tendo sido popularizado em Florença, foi objeto de prenda real, de Francisco I a Felipe II de Espanha (que nessa época também reinava em Portugal como Filipe I). Em voga por todo o Continente, recebeu em França a designação de Jogo do Ganso, restabelecendo a ligação à possível origem grega do jogo. Trata-se, pois, de um passatempo histórico, que atravessou e ensinou gerações, através de séculos, sobre o seu património e cultura.

GLÓRIA A ESTREMOZ. LEGENDA DO JOGO.

1 – Porta de Évora; 5 – Bairro de Santiago; 9 – Bairro do Castelo; 13 – Castelo de Estremoz; 18 – Pelourinho; 22 – Antiga igreja da Misericórdia de Estremoz / Sociedade Recreativa Popular Estremocense , Sociedade Filarmónica Artística Estremocense; 27 – Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte (antigo solar dos Albergaria); 31 – Estátua de Tomás Alcaide; 33 – Largo do Gadanha; 38 – Torres da Couraça ( Convento de Nossa Senhora da Consolação; 42 – Porta do Reguengo; 46 – Praça de Touros; 51 – Porta de Santa Catarina e Convento de São João de Deus; 51E – Quinta do Carmo; 51 I – Prova de vinhos; 55 – Palácio Tocha ou dos Henriques / Museu do Azulejo; 59 – Convento de S. Francisco / Palácio Reynolds / Regimento de Cavalaria 3; 63 – Igreja de São Francisco; 67 – Teatro Bernardim Ribeiro; 72 – Antiga estação ferroviária; 76 – Convento de S. João da Penitência ou das Maltezas; 81 – Rossio Marquês de Pombal (antigo Rossio de S. João); 86 – Café Águias d’ Ouro e Café Alentejano; 90 – Convento dos Congregados / Câmara Municipal de Estremoz; 94 – Mercado de Estremoz; 98 – Porta de Santo António  

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