A reativação da ligação ferroviária entre Beja e Funcheira (Ourique) é uma hipótese admitida pelo Governo. Fonte do Ministério das Infraestruturas e Habitação, tutelado por Pedro Nuno Santos, revela que a Infraestruturas de Portugal (IP), enquanto gestora da rede ferroviária nacional, irá “desenvolver estudos de procura de mercado e de análise custo/benefício” que permitam tomar uma decisão sobre o assunto.
Este troço de 53 quilómetro foi encerrado em 2012 e a sua reativação não consta do Plano Ferroviário Nacional, aprovado o ano passado pelo Governo, nem está incluída no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou no Programa Regional do Alentejo, no âmbito do qual serão investidos os fundos comunitários até 2030.
No entanto, a avaliar pela resposta do Ministério das Infraestruturas a uma pergunta do deputado comunista João Dias, essa hipótese não estará de todo fechada. Depois de concluído o estudo da IP, avança a mesma fonte, o Governo irá avaliar “eventuais intervenções com intuito de reforçar a rede ferroviária nacional, no âmbito das quais será avaliada a reativação do troço Beja/Ourique da Linha do Alentejo”.
Investigador da Universidade do Algarve e especialista em transportes ferroviários, Manuel Tão tem sido um dos defensores da importância da reativação deste troço.
“A Linha do Alentejo é um instrumento imprescindível em termos logísticos para o desenvolvimento e aproveitamento do potencial endógeno do Alentejo, designadamente conferindo acessibilidade fundamental à logística da produção agrícola da zona de regadio de Alqueva, articulando-a com o porto de Sines, e ainda conferindo saída às extrações de pirite de Neves-Corvo e de Aljustrel, sem ocupação de canal-horário no itinerário Lisboa-Algarve, presentemente o único em serviço”, refere Manuel Tão.
Um estudo feito pela REFER, em maio de 2015, quantifica em 77 milhões de euros o investimento necessário para a modernização deste troço de ferrovia, dos quais 51 milhões se destinam à ligação entre Beja e Castro Verde/Almodôvar, numa solução que inclui a eletrificação da linha, a “correção do seu perfil longitudinal” e a supressão de todas as passagens de nível, permitindo uma circulação a cerca de 200 quilómetros por hora.
Na resposta enviada ao grupo parlamentar do PCP, o gabinete de Pedro Nuno Santos recorda que o Programa Regional do Alentejo prevê cerca de 80,6 milhões de euros de fundos europeus para a modernização do troço entre Casa Branca e Beja, sendo que se trata igualmente de um projeto integrado no âmbito do Programa nacional de Investimentos 2030.
Não se comprometendo com datas para a sua concretização, o ministério refere apenas que no âmbito deste programa, “a realização dos estudos e projetos para a modernização” do troço, “que incluirá a eletrificação e instalação de sistemas de sinalização e telecomunicações, teve início no final de 2021 e decorrerá até 2024, incluindo o processo de avaliação de impacte ambiental”.