O fogo que deflagrou no passado sábado no concelho de Odemira já consumiu mais de 10 mil hectares e continua por controlar.
Além de elevados prejuízos materiais, as chamas obrigaram à retirada de 1440 pessoas dos seus locais de residência. De acordo com a Proteção Civil, 20 povoações, incluindo Delfeira, e o Parque de Campismo de São Miguel foram evacuados. Arderam extensas áreas de montado, medronheiros e de pinhal. Uma unidade de turismo rural, em Vale Juncal, foi destruída.
Citada pela agência Lusa, a proprietária desta unidade turística, Luísa Botelho, contou ter passado por momentos de desespero: “Pedi ajuda à GNR e aos bombeiros para nos socorrerem porque percebi que íamos arder (…) estava desesperada, sem noticias, fui por montes e vales e vi que a casa principal estava a arder e não havia um único bombeiro”.
“É com um enorme desgosto que vos venho contar que a nossa [unidade turística] Teima foi consumida pelas chamas. Talvez uma das casas resista. Ainda não sabemos. Não houve um bombeiro a defender-nos. Estiveram no hotel Enigma (mesmo ao lado) que até esteve mais perto do que nós e salvaram-no. De nós ninguém se lembrou, apesar dos meus insistentes telefonemas com pedidos de socorro. A nossa tristeza e revolta é incomensurável. Vamos ter de fechar por uns meses”, escreveu a proprietária da unidade na nossa página de Facebook.
Pelas 20h00 desta terça-feira o fogo estava a ser combatido por mais de mil operacionais e por 350 viaturas. O fogo mantinha duas frentes ativas, uma no Alentejo (na zona da Delfeira), a outra a sul, no Algarve.
“Os vários pontos críticos estão acompanhados de meios. No entanto, o declive acentuado com vales encaixados, a par das constantes reativações, não permite a progressão e combate no terreno com meios terrestres, agravado pela inexistência de condições propícias à progressão com máquinas de rastos no processo de consolidação”, refere fonte da Câmara de Odemira, acrescentando que as pessoas retiradas de casa foram acolhidas em Zonas de Concentração de Apoio à População (ZCAP) estabelecidas pelos Serviços Municipais de Proteção Civil, em articulação com a Segurança Social e serviços de Ação Social dos municípios afetados.
De acordo com a mesma fonte, foram assistidas pelo INEM 35 pessoas, na maioria agentes de proteção civil, sete das quais foram transportadas para unidades hospitalares.
O Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Odemira está ativado desde as 14h30 do dia 6 de agosto. Foi entretanto restabelecida a circulação rodoviária na Estrada Nacional 120, entre São Teotónio e o limite do concelho a sul. Continua interditada a circulação na Estrada Municipal 501 (acesso a Relva Grande) e no Caminho Municipal 1186 (entre São Miguel e Vale dos Alhos).
